Cada vez mais ouvimos falar em colegas ou pessoas que estão menos de um ano em cada emprego. No entanto, surgem frequentemente algumas dúvidas relacionadas com esta questão: “por que motivo acontece?”, “o que desmotiva as pessoas?” e “qual a imagem que é passada para os recrutadores?”.
A verdade é que mesmo num ambiente complicado, é necessário demonstrar alguma estabilidade e compromisso profissional antes de mudar de emprego. Contudo, esta regra pode ter sido um pouco alterada devido às enormes mudanças que ocorrem no mercado de trabalho.
Para os especialistas, os fatores que definem a regra de um ano numa empresa são atemporais. Ou seja, para o empregador, ter um colaborador que permanece na empresa pelo menos um ano é um investimento melhor do que aquele que sai antes.
Já no que diz respeito ao profissional, ficar durante 12 meses significa ter tempo para obter conhecimentos e competências que não conseguirá adquirir em 3 ou 6 meses, por vezes.
No entanto, as mudanças na forma como passamos a construir as nossas carreiras trouxeram maior flexibilidade. De facto, atualmente ter uma ou mais breves passagens por empregos anteriores não deve ser um fator negativo, desde que seja capaz de ter uma boa explicação para as suas mudanças.
Estar menos de um ano em cada emprego: por que motivo se tornou frequente?
Se este é o seu caso e se também já esteve menos de um ano em cada emprego, provavelmente irá compreender que existem vários motivos para essa escolha profissional.
No fundo, podemos dizer que se tratam de profissionais que não estão dispostos a assumirem um cargo eternamente na mesma empresa porque isso não os faz sentir felizes ou concretizados. Há até quem lhes chame de quick quitters (ou desistentes rápidos) e são cada vez mais.
E se há uns anos atrás os profissionais que mudassem de emprego rapidamente eram vistos com desconfiança pelos empregadores, atualmente o cenário está um pouco diferente. Esta prática passou a ser o novo normal, mesmo em profissionais com cargos de topo.
Segundo um estudo realizado no LinkedIn, que analisou mais de 8 milhões de mudanças de carreira, a taxa de permanência curta que mede a fração de cargos que terminam após serem mantidos por menos de um ano aumentou em todos os setores nos últimos 2 anos.
Setores como o das tecnologias, serviços financeiros e serviços profissionais estão também incluídos nesta nova tendência. Os trabalhadores têm novas prioridades pós-pandemia e por isso mesmo, não têm qualquer problema em estar menos de um ano em cada emprego.
A grande maioria está cansada e sente que não precisa de tolerar a exploração, o que faz com que os colaboradores fiquem dispostos a procurar cada vez mais condições de trabalho melhores noutras empresas.
O que desmotiva os profissionais?
A pandemia veio alterar a forma como vivemos e encaramos a vida profissional e pessoal. E se antes acreditávamos que éramos obrigados a tolerar certas condições e até exploração por parte das empresas onde trabalhávamos, atualmente o cenário está totalmente diferente.
As mudanças no mercado de trabalho trouxeram consigo novas formas de trabalhar, nosso regimes e melhores condições para muitos. Mas acima de tudo, oportunidade de escolha.
Porque, se antigamente o trabalho remoto não era quase implementado na maioria das empresas, hoje já é possível procurarmos um emprego no outro lado do mundo e trabalharmos a partir das nossas casas.
Assim, existem vários motivos que desmotivam os profissionais e que os levam a ficar menos de um ano em cada empresa:
- Flexibilidade horária;
- Regime de trabalho (presencial, híbrido ou remoto);
- Benefícios associados (como seguro de saúde, atividades de team building ou oferta de formação);
- Espaço para dar opinião e contribuir com novas ideias;
- Vontade de crescer a nível profissional e pessoal;
- Tempo para estar com a família, amigos e descansar;
- Promoção de saúde mental no trabalho;
- Oportunidade de evolução na carreira;
- Exploração;
- Salário;
- Concretização pessoal.
Qual é a imagem com que ficam o recrutadores?
Os profissionais procuram cada vez mais empresas que priorizem o bem-estar e a dedicação dos colaboradores e não se querem sentir presos a um empregador “mau” ou negativo.
Atualmente, mudar de emprego com frequência ou em menos de um ano, começa a ser menos estigmatizado do que há uns anos. De facto, a pandemia fez com que muitas pessoas largassem os seus empregos, fossem despedidos ou pedissem demissão por várias razões.
E no mercado de trabalho atual os gestores de recursos humanos são cada vez mais compreensivos sobre as lacunas nos currículos e as mudanças rápidas em geral.
Embora ainda possa existir algum estigma na mudança de emprego em menos de um ano, a verdade é que nos deparamos com uma mudança notável de poder entre os empregadores e colaboradores.
Por isso mesmo, este tipo de mudança não acarreta muitos riscos para a sua carreira, desde que consiga explicar devidamente as permanências curtas no currículo. Seja convincente ao explicar o motivo que o leva a escolher o novo emprego – este é um aspeto é crucial para conseguir ser contratado.
Seja sincero, fundamente bem as suas afirmações e converse abertamente com o recrutador. Reflita sobre os argumentos que o prendem àquela nova empresa, demonstre interesse e explique de que forma irá agregar valor ao negócio.