Viviane Soares
Viviane Soares
13 Dez, 2016 - 09:00

6 factos curiosos que despoletaram estilos artísticos

Viviane Soares

Nada na Arte acontece por acaso. Mas, como em qualquer outra área do saber, há sempre exceções à regra. Os factos na origem destes estilos artísticos vão surpreendê-lo.

6 factos curiosos que despoletaram estilos artísticos

São factos bizarros, insólitos e, alguns deles, de inconformismo puro. O que é certo é que estão na origem de alguns dos estilos artísticos mais famosos de sempre, nomeadamente do Impressionismo, Surrealismo, Arte Conceptual ou Bio Arte.

Factos curiosos que despoletaram estilos artísticos

1. As cataratas de Claude Monet

“Impression, Sunrise” (1872), obra da autoria de Claude Monet (1840-1926), faz parte da História como sendo decisiva para o desenvolvimento do Impressionismo, um dos estilos artísticos do final do século XIX. Há a possibilidade de a catarata ocular de que sofria Monet ter tido uma influência significativa na forma como o artista pintava, nomeadamente a sua ‘falta’ de sensibilidade à luz, às cores e ao contraste.

Tratando-se do Impressionismo até parece irónica esta possibilidade, mas estudos comprovam que os tons lamacentos de grande parte da obra de Monet são um forte indício dessa condição.

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2. O caso de daltonismo de Vincent Van Gogh

Por falar em ironia, este é provavelmente o caso mais bizarro. Vincent Van Gogh (1853-1890), artista holandês cuja obra é sinónimo de expressão e de cores vibrantes, alegadamente sofria de daltonismo. Tinha a incapacidade de distinguir tons vermelhos.

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3. O inconformismo de Marcel Duchamp

Talvez o nome mais sonante no desenvolvimento da Arte Contemporânea, Marcel Duchamp é o responsável pela ruptura com uma das características da produção artística clássica: a perícia técnica do artista como condição para a realização da obra de arte.

Os ready-mades duchampianos dissociam o valor ontológico da obra da sua produção técnica. Um dos exemplos bem conhecidos é a famosa “Fontaine” (1917), um urinol de porcelana apresentado ao contrário e no qual inscreveu a assinatura R. Mutt.

Apesar de, no início da sua carreira, ter desenvolvido grande parte da sua obra no âmbito do Cubismo, o inconformismo de Duchamp – e, dizem, a necessidade de criar para si um nome tão grande como o de Picasso -, conduziram-no a questionar os critérios que determinavam uma obra como sendo de arte. Então, em 1917, enviou, anonimamente, para o Salão de Artistas Americanos Independentes (Nova Iorque), a “Fontaine” para ser exposta.

Sendo um dos organizadores desta exposição, e sabendo que uma das regras da exposição era a recusa de qualquer seleção prévia das obras, tentou a sua sorte, mas sem sucesso. A obra, contrariando os tais critérios, foi excluída. Mas esta recusa não derrotou o artista. Continuou a produzir ready-mades, a apropriar-se de objectos do quotidiano e a pôr em evidência que a identidade da obra de arte não depende exclusivamente da sua dimensão formal. A determinação intelectual desta tese foi decisiva para advento da Arte Conceptual no decorrer da década de 60 do século XX e, por que não dizer, de toda a Arte que lhe é posterior.

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4. A influência da psicanálise no Surrealismo

O Surrealismo reporta-se  à psicanálise de Sigmund Freud, aliás deve-lhe a sua razão de ser. A noção de inconsciente, os sonhos, os sintomas neuróticos, os impulsos sexuais – tudo o que não é controlado ou censurado pela razão -, estão na origem de um dos estilos artísticos mais originais do início do século XX. Depois da I Guerra Mundial – que representa a derrota da razão (e da racionalidade técnica), os artistas deste movimento começam a explorar a vida psíquica do indivíduo para superar as consequências da tragédia e para perseguir a liberdade (individual e social).

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5. A obsessão pelas máquinas de Stelarc

A partir dos anos 90 houve um interesse crescente pelos cyborgs e pelas possibilidades de relação entre o corpo e a máquina. Stelarc, um artista cipriota, residente na Austrália, que trabalha na área da performance, levou esta condição a um outro nível. Começou a pensar o corpo como interface, como hospedeiro de próteses e exoesqueletos cuja performance pudesse igualar a das máquinas.

“Ear on Arm” (2007) é um bom exemplo dessa possibilidade. O artista implantou uma orelha no próprio antebraço recorrendo a cirurgias plásticas e na qual foi instalado um microfone. Através de um software especialmente desenhado para esta obra e com uma ligação à internet, a orelha ouve e transmite sons. Ou seja, alguém em qualquer parte do mundo pode ouvir o que o artista ouve e vice-versa. Não sabemos se podemos estabelecer uma relação direta entre o trabalho de Stelarc e a Bio Art, mas, a partir daqui, todos os organismos vivos começaram a ser pensados como lugares de experimentação, para além de questionar a nossa relação com o meio.

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6. O coelho fluorescente de Eduardo Kac.

“GFP Bunny” (2002) ou o coelho Alba de Eduardo Kac, artista brasileiro que cunhou o termo Bio Arte explora, digamos assim, a relação de poder entre o humano e a natureza. Em laboratório e através da manipulação genética, o artista criou um coelho com pelos fluorescentes de cor verde. A Bio Art é sobretudo um território de discussão crítica que permite o debate sobre a revolução genética.

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