Share the post "Tabu: existe idade para vestir isto ou aquilo? Entenda o etarismo"
O que têm em comum desfiles de moda e campanhas publicitárias? A grande maioria apresenta grupos de modelos e atores da mesma faixa etária, com poucos cabelos brancos ou rugas. Já ouviu falar em etarismo?
O Etarismo descreve a discriminação associada à idade, e tem vindo a revolucionar o paradigma da moda e beleza.
Este conceito refere-se a qualquer tipo de discriminação etária, envolvendo estereótipos e preconceitos contra pessoas mais velhas e não só. Adultos, adolescentes e até crianças, podem também sofrer de etarismo.
Comum a diferentes indústrias, afeta particularmente a indústria da moda e da beleza, ao deixarem de fora pessoas a partir de uma certa idade. Nos últimos tempos, esta indústria tem vindo a redirecionar o seu trabalho para uma pequena minoria de beleza.
Desde defenderem maioritariamente a delgadeza, a preferirem modelos jovens e atraentes, a moda e a beleza defendem sobretudo um legado mais virado para a juventude.
As faixas etárias que não pertencem a este grupo, vêm-se muitas vezes diminuídas, e acabam por sofrer consequências negativas, desde doenças mentais ao isolamento.
Mas será que os tempos estão a mudar?
A luta contra o etarismo
A beleza e a idade
Um estudo feito pela AARP, antigamente conhecida como Associação Americana de Pessoas Reformadas, revelou que mulheres com mais de 50 anos contribuem com cerca de 22 bilhões de dólares em vendas anuais para a indústria da beleza. Este mesmo estudo mostrou também que as mulheres procuram ver mais realismo nos anúncios, incluindo o envelhecimento.
Numa indústria que promove a eterna juventude, e em que o público mais velho fica muitas vezes para segundo plano, como explicar estes números?
Sim, a indústria está lentamente a mudar e já há um pequeno, mas poderoso, grupo de marcas de beleza que está a trabalhar para quebrar as barreiras etárias.
A noção de ser eternamente jovem tornou-se obsoleta para os consumidores e algumas marcas hoje já defendem que os clientes devem celebrar a sua própria pele, quer seja envelhecendo, quer tendo características únicas.
A grande L‘Oréal fez em 2019 uma parceria com a revista Vogue com a criação de uma edição dedicada exclusivamente a mulheres acima dos 50 anos. A revista apresentava Jane Fonda na capa, e incentivada cada mulher a celebrar a sua idade. Juntamente com Helen Mirren, Andie Macdowell e Céline Dion, a marca criou uma linha de maquilhagem The Age Perfect, a partir de fórmulas hidratantes para peles mais velhas.
A idade é apenas um número e a matemática nunca foi o meu forte.
Helen Mirren, campanha L‘Oréal
Moda para todas as idades, sem etarismo
A diversidade no que toca a cor de pele, género e biotipo é uma luta constante na nossa atualidade, e a idade não é exceção.
Há uma notória inclusão e diversidade resultou em vários desfiles de moda que apresentam mulheres de cor, diferentes corpos e modelos de todas as idades.
Hoje, é possível ver um movimento inovador na indústria, que deixou só de apresentar rostos recém-saídos da adolescência. Cabelos brancos, linhas de expressão e sinais de idade marcaram presença nos desfiles de grandes marcas.
Já são várias as marcas de luxo que procuraram modelos que fizeram furor noutras épocas. A modelo Christy Turlington, que marcou a década de 90, voltou às passarelas após 25 anos afastada. Naomi Campbell, com 51 anos, desfilou para a Burberry e Michael Kors e Helena Christensen, de 52, deu a cara pela Off-White.
Daphne Selfe, modelo de 87 anos, liderou recentemente um desfile na London Fashion Week.
É um privilégio envelhecer com saúde, e a idade não deve determinar aquilo que vestimos. A população mundial segue esta tendência de envelhecimento, e desta forma a moda e a beleza terão de se adaptar e acompanhar.
O importante é que se sinta bem consigo mesmo, confiante e feliz acima de tudo. Mantenha a sua personalidade e essência, e deixe os padrões de lado!