ETF (Exchanged Trade Funds) são fundos de investimento cotados em mercado regulamentado, que, como os demais fundos de investimento, não garantem rentabilidade nem retorno do capital investido.
Sendo esta a característica que a maioria de nós quer logo saber quando pensa em investir as suas poupanças, importa ter em conta que todos os investimentos que pretendamos fazer têm de ser sempre precedidos de duas etapas:
- Definição dos nossos objetivos de investimento, riscos que estamos dispostos a assumir e rentabilidade pretendida;
- Recolha de informação fidedigna sobre o produto financeiro no qual pensamos investir, risco associado e rentabilidade esperada.
De seguida, e já devidamente informados, o passo subsequente é verificar se o produto se enquadra nos objetivos definidos, risco e rentabilidade pretendida. Só assim estamos aptos a decidir se pretendemos investir ou não no produto que nos foi sugerido ou que escolhemos.
Sendo a primeira etapa claramente pessoal, na segunda podemos tentar ajudar.
O que são ETFs?
EFTs são fundos de investimento cotados no mercado regulamentado, replicam a evolução de um índice e são transacionados (comprados e vendidos) em bolsa como se fossem ações, com possibilidade de negociação intra-diária (ou seja, comprar e vender ao longo do dia).
Existem inúmeros ETFs que se distinguem pela especificidade dos índices que lhe estão subjacentes (normalmente os ETFs mais populares replicam índices importantes como o Dax Xtra, Dow Jones, Nasdaq, S&P500, etc) e que se caracterizam por representarem essencialmente:
- Conjuntos de ações, obrigações e outras classes de ativos financeiros (como Títulos do Tesouro, por exemplo);
- Moedas (como o euro ou libra) ou commodities (como o ouro ou petróleo);
- Empresas segmentadas por setor (por exemplo setor imobiliário), país, dimensão.
De facto, existem milhares de ETFs à nossa escolha, englobando diferentes classes de ativos, áreas geográficas e setores, mas há muitos aspetos a ponderar antes de investirmos.
Tipo de investidor a que se destinam
Os ETFs dirigem-se a dois tipos de investidores não avessos ao risco:
- Investidores que pretendem investir a longo prazo;
- Investidores que pretendem fazer negociação diária sobre a valorização do índice (como poderia fazer se investisse em ações). Este tipo de negociação não é permitida nos fundos tradicionais.
Rentabilidade de um ETF
O valor de um ETF (cotação) depende da cotação dos ativos que compõem a sua carteira e como tal depende do comportamento do mercado.
Se o mercado onde o EFT aposta está em alta, o seu valor aumenta, e em caso de venda podemos obter uma mais valia, ou seja, um ganho traduzido na diferença entre o valor de venda e o valor de compra (ao qual temos de deduzir os custos associados explicados mais à frente).
Mas se a cotação dos ativos que o compõem baixar, o valor do nosso ETF também baixa e consequentemente o valor da nossa carteira.
Ou seja, com os ETFs não só o capital não é garantido como também a rentabilidade não é garantida. Depende do comportamento do mercado.
De referir que no rendimento global dos ETFs também devemos considerar eventuais distribuições de dividendos, valores estes que não são incorporados na cotação do ETF, mas sim pagos diretamente aos seus detentores (mais uma vez sujeitos a comissões cobradas pelo intermediário financeiro, explicado mais à frente).
Vantagens dos ETFs
1. Facilidade em transacionar e liquidez
Os ETFs são transacionados em bolsa como se fossem ações. Com possibilidade de negociação diária, com valores máximos e mínimos de cotação e stop loss. Os ETFs têm, por este motivo, um elevado nível de liquidez, pela possibilidade de serem alienados em qualquer momento ao longo do horário de transação no mercado onde estão cotados.
2. Diversificação e flexibilidade
Existem inúmeros ETFs que cobrem os mais variados índices, permitindo ao investidor diversificar a sua carteira de investimentos. Por outro lado, são instrumentos muito flexíveis, podendo ser utilizados pelo investidor para compor o seu portefólio de longo prazo, bem como para a realização de investimentos de muito curto prazo.
3. Redução de custos
Os custos de transação dos ETFs são normalmente inferiores aos custos de gestão e transação de fundos de investimento tradicionais, bem como aos custos de negociação em ações. Mas importa verificar os custos associados que lhe serão cobrados pelo intermediário financeiro através da qual irá dar a ordem de compra ou de venda.
4. Rendimento adicional
Por representarem conjuntos de ações, os ETFs permitem obter rendimento adicional proveniente da distribuição de dividendos (caso ocorram).
Desvantagens dos ETFs
Capital não garantido
Os ETFs por serem fundos de investimento não têm capital garantido, ou seja, na altura em que decidirmos vender poderemos não receber a totalidade do montante que investimos.
Rentabilidade não garantida
A rentabilidade de um ETF não é garantida já que depende do comportamento do mercado relativo aos ativos que o compõe.
Custos (comissões) associados aos ETF
Os ETFs têm associados um conjunto de comissões que importa ter em conta quando decidimos investir.
Entre intermediários financeiros, as comissões podem ser diferentes, pelo que é importante antes de começar a investir escolher o que tiver custos mais baixos já que as comissões podem ter impacto negativo no nosso investimento.
As comissões a ter em conta são as seguintes:
Comissão de guarda de títulos
Quando decidimos ter uma carteira de investimentos, seja em ações, obrigações ou fundos estes têm de ficar depositados numa conta de títulos aberta pelo intermediário financeiro em seu nome que nos vai cobrar uma comissão de guarda de títulos por este serviço.
Comissão de gestão
Sendo os ETFs um fundo de investimento, sobre o valor do capital investido o intermediário financeiro cobra uma comissão de gestão como remuneração do seu serviço. É uma comissão variável que corresponde a uma percentagem do capital investido.
Tendencialmente, um ETF terá uma comissão de gestão inferior a um fundo de investimento tradicional, existindo ainda diferenças entre as comissões cobradas em ETFs com gestão passiva ou activa (estes com custos superiores).
Comissão de transação
Os ETFs são comprados e vendidos através do intermediário financeiro.
Aliás, importa aqui referir que apesar de falarmos na compra e venda de ETFs, o que estamos de facto a fazer é dar ordem de compra ou venda não de um ETF, mas sim de unidades de participação no ETF que escolhemos.
Cada ETF (ou fundo de investimento) encontra-se dividido em unidades de participação que no seu todo traduzem o seu valor global. Ao comprarmos unidades de participação estamos a comprar indiretamente uma pequena parte dos ativos detidos pelo ETF e proporcional ao valor do montante aplicado.
Na compra e venda existem comissões de transação associadas, que podem ser de dois tipos: percentagem do valor negociado (cotação x quantidade) com valor mínimo ou valor fixo.
Ou seja, ao darmos ordem de compra, iremos pagar mais do que o valor de ETFs que estamos a comprar, sendo o inverso no momento de venda, isto é, iremos receber menos do que o valor do ETFs que estamos a vender. Assim, antes de dar uma ordem de compra ou venda importa saber os custos associados para apurarmos o que iremos de facto gastar/receber.
Comissão sobre dividendos
Quando existe distribuição de dividendos, o pagamento é feito através do intermediário financeiro onde os ETFs estão depositados, que por este serviço cobra uma comissão, normalmente uma percentagem sobre o montante distribuído, sujeito a um valor mínimo.
Como investir em ETFs?
Para investir em ETFs terá de ter conta num banco ou corretora que disponibilize o acesso a estes produtos. Consulte o seu gestor de conta ou veja no site do seu banco se este produto financeiro se encontra disponível.
Mas voltando à nossa questão inicial: investir em ETFs é rentável? A resposta está nos objetivos de investimento de cada um, no risco que pretende correr e na rentabilidade que pretende obter.
Se o seu objetivo for ter a certeza de recuperar o capital que investiu, então investir em ETFs não é a escolha certa; se esse não for o seu objetivo, então poderá ser uma opção a considerar.
Existem investidores que optam por alocar uma parte substancial do seu património em ativos de muito baixo risco e, em acréscimo, na proporção do seu património na qual pretendem assumir um risco superior, investem a mesma em ETFs como forma de se “exporem” a um conjunto muito diversificado de mercados (acionistas e não só), de forma simples e com custos tendencialmente inferiores.
Mas, em última análise, a decisão dependerá do seu perfil de investidor, do período disponível para investir, de eventuais necessidades de liquidez, entre outros aspetos a ponderar!
DISCLAIMER: Este conteúdo é puramente para efeitos educacionais. Não pode ser considerado como aconselhamento de investimento ou recomendação de compra ou venda.