Eu sei que só pensa nisto lá muito ao longe, mas convém começar a preparar-se para a subida da Euribor ainda este ano. A taxa Euribor a 1 ano já está quase a chegar a zero, coisa que se previa acontecer só lá para o fim do ano. Portanto, isto está a acontecer mais depressa do que os especialistas previam.
O importante é perceber que não é uma questão de “se”, mas uma questão de “quando”.
Aumento da Euribor de 1% pode ser um desespero para muitas famílias
A DECO fez as contas e se a Euribor passasse dos valores atuais, de cerca de -0,5% para 1% – tendo em conta o número de contratos existentes, o saldo médio em dívida do crédito à habitação e os prazos médios – todos os meses as famílias, em Portugal, pagariam mais 61 milhões de euros pelas prestações dos créditos à habitação.
Por exemplo, um cliente com um crédito à habitação no valor de 150 mil euros a 30 anos, indexado à Euribor a seis meses e com um spread de 1%, paga por mês cerca de 445 euros (tendo em conta as Euribor atuais, em terreno negativo). Mas se a Euribor subir um ponto percentual passaria a pagar 514 euros. E se a subida for de dois pontos percentuais a prestação passaria para quase 590 euros. Conseguiria suportar esse aumento com alguma paz financeira ou seria um sufoco para si? Previna-se. Corte despesas supérfluas e reserve dinheiro para quando estes dias chegarem.
Devo mudar para taxa fixa?
Em Portugal, a maioria dos créditos à habitação está indexada às taxas Euribor, pelo que a subida ou descida destas taxas tem grande impacto no valor pago mensalmente pelos clientes.
Desde 2015, as taxas Euribor estão em terreno negativo, o que fez baixar de forma significativa as prestações pagas ao banco, mas acredito que a maior parte das pessoas nem percebeu que estão a pagar menos do que deveriam numa situação normal. Só se queixam quando estão a pagar muito.
Com a subida da Euribor, um crédito com uma prestação de 300 euros por mês pode passar facilmente para 450 euros ou uma prestação de 500 euros passar a custar 750 euros.
Alguns especialistas aconselham a passar para taxa fixa, se conseguir 1,5 ou 2% de juro fixo até ao fim do prazo. Aquela proposta de ter taxa fixa só durante 5 ou 10 anos normalmente só compensa para os bancos e não para o cliente. Porque o critério é ter descanso e saber que vai pagar sempre o mesmo, mesmo sabendo que pode estar a pagar mais do que na média da taxa variável. Se aceitar 5 anos de taxa fixa, só vai estar a “comprar” descanso durante 5 anos e depois volta tudo ao mesmo. Avalie o que quer realmente.
Em conclusão, historicamente sempre compensou ter taxa variável, mas tem de aceitar picos que podem ser muito altos de Euribor. Mas também aproveitou – e bem – de 7 anos de descontos brutais desde 2015.
Se preferir dormir absolutamente descansado e saber sempre quanto vai pagar todos os meses, opte pela taxa fixa se conseguir uma taxa até 2%. Mais do que isso, já pode não ser um bom negócio para si (para os bancos é).
Também pode aproveitar para mudar de banco, transferindo o seu crédito à habitação para um que faça mais barato e aproveite para renegociar também o seu seguro de vida.
Se fizer alguma destas coisas, vai estar a preparar-se para o aumento da Euribor.