A fuga de informação sobre a prova de português coloca em causa a prestação de milhares de alunos que já deram o arranque para os exames nacionais de 2017. O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) já confirmou a abertura de um inquérito e garante que o caso “vai ser averiguado pelas autoridades”. Recorde-se que uma gravação feita por uma aluna não identificada revelou antecipadamente os conteúdos que seriam abordados no teste.
Para entender o caso
Numa gravação que circulou no WhatsApp, dias antes da prova de português, é possível ouvir uma aluna – que não se identifica – a revelar as matérias que seriam abordadas na prova de português dos exames nacionais. No áudio, a estudante garante que os colegas devem estudar Alberto Caeiro e, dias mais tarde, confirmaram-se as previsões. O caso já foi alvo de uma denúncia pública feita ao Ministério da Educação.
De acordo com o Diário de Notícias, Hélder Sousa, presidente do IAVE – órgão responsável pelos exames nacionais -, já confirmou que a fuga de informação “vai ser averiguada pelas autoridades”.
A fuga de informação
O jornal Expresso avançou com a notícia de que, no áudio que deu origem ao inquérito, ouve-se a estudante não identificada a contar que uma amiga, “cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna”, revelou que a referida profissional terá dito para estudar contos e poesias do século XX, e apenas Alberto Caeiro. Segundo a aluno ouvida no áudio do WhatsApp, a explicadora “pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória”.
Para Miguel Bagorro, um professor da Escola Secundária Luísa de Gusmão, em Lisboa, a precisão das informações foi motivo de susto. Miguel conta que soube da gravação dias antes do exame, mas não pensou que fossem acertar nas previsões. “Na altura não liguei, até porque todos os anos há boatos a circular sobre o que vai sair nos exames. Mas na segunda-feira, quando vi o que saiu na prova, fiquei estupefacto. O que foi dito na gravação foi exatamente o que saiu”, disse o professor.
O que acontece à prova de português dos exames nacionais?
O IAVE já remeteu para a IGEC (Inspeção-Geral de Educação e Ciência) e para o Ministério Público todas as informações que dispõe sobre o caso de fuga de informação sobre a prova de português. A notícia foi dada através de uma nota oficial enviada à imprensa pelo Instituto regulador dos exames nacionais.
No documento, enviado nesta quarta-feira, o IAVE avisa aos meios de comunicação que está prestes a remeter “para a IGEC e para o Ministério Público todas as informações de que dispõe sobre o caso para efeitos de averiguação disciplinar e criminal”.
Depois da investigação, e comprovar-se a fuga de informação, pode mesmo acontecer a anulação da prova de português.
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