A adolescência é caraterizada pelas mudanças físicas, psicológicas e sociais do indivíduo, seja ele rapaz, ou rapariga. Mais conturbada para uns, mais tranquila para outros, esta fase traz muitas dúvidas e questões e, por isso, é normalmente uma boa altura para falar sobre sexo aos filhos.
O período da adolescência começa com a primeira menstruação ou com a primeira ejaculação, sendo que o início da puberdade ocorre 3 a 4 anos antes desse momento. Todas estas alterações hormonais e emocionais levam à maturidade reprodutiva e a um crescente interesse pela sexualidade. É nesse momento que falar sobre sexo aos filhos é imperativo.
Aprenda a falar sobre sexo aos filhos
Até à adolescência, são principalmente a família e os amigos a influenciar os mais novos. Porém, na fase inicial da adolescência (11-15 anos), os pares do mesmo sexo começam a ser os principais elementos de influência. Depois, na fase final da adolescência (15-18 anos), inicia-se uma nova etapa, com a identificação dos jovens com os pares do sexo oposto.
Este percurso acarreta dúvidas, angústias e muita curiosidade em relação ao que se passa consigo, com o seu corpo e com as relações com os outros. A maturação do sistema sexual, sobretudo na fase final da adolescência, vai frequente conduzir às primeiras relações amorosas e primeiras experiências sexuais. (Segundo os dados do Global Sex Survey (2005), em Portugal, a vida sexual inicia-se, em média, cerca dos 16,9 anos.
O papel dos pais
Antes de focar a questão essencial: “como falar sobre sexo aos filhos”; importa expôr os vários aspetos que interferem na vivência da sexualidade e que são:
- biológica (o corpo);
- relacional (comunicação);
- ética e sociocultural (escolhas e responsabilidades);
- psicológica (emoções e sentimentos).
A importância do papel dos pais relaciona-se, logo, com a capacidade que eles têm de prevenir um início precoce da sexualidade, além de promoverem uma sexualidade mais informada e feliz.
Um começo prematuro da atividade sexual pode causar traumas para a vida e é muitas vezes causado pela(s):
- falta de comunicação e diálogo com os pais;
- pressão do grupo;
- mensagens veiculadas pelos media;
- baixa autoestima, entre outras razões.
Muitas vezes, os pais sentem falta de à vontade para falar sobre sexo aos filhos não só por não estarem devidamente informados ou esclarecidos, como também por serem, frequentemente, obrigados a confrontar-se com a sua própria sexualidade e com algumas sensações ou impulsos que tenham reprimidos.
Além disso, e ao contrário do que se possa pensar, a banalização da sexualidade através dos media dificulta uma correta e adequada educação sexual, em que o sexo surja associado a afeto, responsabilidade e promoção da saúde.
O que deve dizer ao seu filho ou filha?
É importante ter em conta que falar sobre sexo aos filhos é algo que deve fazer, independentemente de ter um filho ou uma filha. Ambos os géneros carecem de esclarecimentos.
A conversa não deve ser forçada, devendo ocorrer num lugar e momento confortável para todos. O ideal é que o ambiente seja descontraído, o discurso seja próximo e se dêem “os nomes às coisa”, sem que haja tabus.
Nauralmente que a abordagem deve ser adequada à faixa etária dos seus filhos. É aconselhável que, ao longo do crescimento da criança e adolescente consiga falar sobre sexo aos filhos várias vezes. Isso ajudará a que ele vá percebendo algumas das informações que o rodeiam e vá construindo o seu entendimento da sexualidade.
Finalmente, quando perceber que a “hora” chegou, deve focar alguns dos seguintes aspetos. Diga ao seu filho ou filha que ele ou ela deve:
- respeitar-se a si e à sua dignidade;
- respeitar o outro, sem pressionar, nem discriminar ninguém pela sua orientação sexual, por exemplo;
- saber dizer, independentemente das pressões. (A vida sexual só deve ser iniciada quando o jovem se sentir pronto);
- ser responsável;
- ter espírito crítico sobre o tema, as suas escolhas e opções.
Outros tópicos de conversa importantes prendem-se com:
- métodos anticoncecionais;
- doenças sexualmente transmissíveis;
- ida ao médico de família ou ginecologista (no caso das raparigas);
- esclarecer, sem preconceitos e de forma objetiva e natural, todas as dúvidas que o seu filho ou filha coloque.