A Festa do Bodo celebra-se todos os anos na Aldeia do Xisto de Janeiro de Cima, localizada no concelho do Fundão, distrito de Castelo Branco. Os habitantes reúnem-se para agradecer a proteção de S. Sebastião, padroeiro das fomes, pestes e guerras.
As Aldeias do Xisto convidam-no, assim, para uma visita a Janeiro de Cima, não só para assistir às festividades, mas também para provar o pão cozido no forno a lenha e o vinho da região, que simbolicamente oferecem ao santo. Haverá ainda uma missa para homenagear S. Sebastião. É já no dia 20 de janeiro.
Festa do Bodo: a lenda de S. Sebastião
Reza a lenda que, em meados do século XVIII, a população de Janeiro de Cima foi assolada por uma grave epidemia que causou inúmeras vítimas.
Assustados e desesperados, os habitantes pediram emprestada a imagem de S. Sebastião – advogado das fomes, pestes e guerras – à Aldeia do Xisto de Janeiro de Baixo. Os moradores desta aldeia, com receio de contágio, não permitiram a aproximação dos habitantes de Janeiro de Cima, mas na madrugada do dia seguinte atravessaram a imagem do seu santo numa barca e depositaram-na na outra margem do Zêzere, regressando rapidamente à sua aldeia.
Como o santo terá ouvido as preces e afastado a epidemia, Janeiro de Cima cumpriu a sua promessa edificando-lhe uma capela com imagem. Este agradecimento perpetua-se, anualmente, com a Festa do Bodo, sempre a 20 de janeiro.
Na celebração, os mordomos contribuem para um bodo, de pão e vinho, que após ter simbolicamente percorrido em procissão as ruas da aldeia e subido ao monte da capela do santo, é servido a toda a comunidade.
Janeiro de Cima: roteiro para um fim-de-semana diferente
Janeiro de Cima é uma das Aldeias do Xisto da região do Zêzere, juntamente com as aldeias de Álvaro, Barroca, Janeiro de Baixo, Mosteiro e Pedrógão Pequeno.
Está situada na margem esquerda do rio Zêzere, numa zona quase plana, rodeada por uma extensa manta de terrenos agrícolas. As casinhas típicas em xisto são inconfundíveis, pois têm a particularidade de incluir seixos brancos provenientes do leito do rio.
O núcleo central da aldeia, onde foram construídas as primeiras casas, situa-se em redor da Igreja Velha e é dali que saem um conjunto de ruas estreitas que se articulam com becos e ruelas, pátios e quelhas, numa estrutura medieval de grande valor patrimonial.
O que visitar?
Igreja Nova: templo moderno (séc. XX) edificado na então área periférica da povoação, quando a Igreja Velha já se evidenciava sem capacidade para receber todos quantos pretendiam assistir às cerimónias de culto;
Capela do Divino Espírito Santo: templo com provável fundação no séc. XVI;
Casa das Tecedeiras: espaço cultural e pedagógico, onde se reinventa a tradição do linho apostando em peças de design moderno;
Capela de São Sebastião: edificada em honra do Mártir que salvou os habitantes da aldeia. É aqui que se celebra a Festa do Bodo, que reúne a comunidade e atrai muitos visitantes à aldeia;
Roda de Janeiro: evoca tradições antigas de rega. É o testemunho da criativa engenharia popular, mostrando como os habitantes da aldeia souberam aproveitar o movimento do rio, retirando do seu leito as águas para regar os terrenos de cultivo mais próximos;
Tear Gigante: construção recente e simbólica, que presta homenagem à tradicional atividade de tecelagem;
A Barca: esta é uma tradição da aldeia que ainda perdura. Uma pequena embarcação que faz a passagem de pessoas, animais e mercadorias de uma margem do Zêzere para a outra;
Balcões: na aldeia existe um número significativo de balcões, que testemunham uma primitiva utilização habitacional do piso superior, enquanto o piso inferior serviria para alojar animais e alfaias.
Onde ficar?
Situada na aldeia, a Casa da Pedra Rolada disponibiliza dois quartos duplos e uma suite para os seus hóspedes. Com cozinha e casa de banho totalmente equipadas, a casa tem um ambiente muito confortável e acolhedor. É alugada em regime de exclusividade para 6 hóspedes por cerca de 160€/noite.
Situada no coração da aldeia de Janeiro de Cima, junto ao Rio Zêzere, esta casa tem todas as comodidades de que precisa para relaxar. Um quarto para duas pessoas, com acesso a todos os espaços comuns, ronda os 60€/noite.
Onde comer?
Um dos ex-libris da aldeia e da região, este restaurante tem uma ementa indulgente e deliciosa. Aconselhamos a provar o bacalhau, o cabrito estonado, as chanfanas, os maranhos e a famosa tigelada.
Localizado na Sertã, este restaurante de ambiente requintado é conhecido pela sua sopa de peixe do rio, pelos maranhos à moda da Sertã, os cartuchos de amêndoa à moda de Cernache e a tigelada beirã.
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