É verdade. O fim do diesel está próximo. Com a consensualização global das políticas ditas verdes, o fim destes veículos, pelo menos dos citadinos e dos utilitários, começam a ver o seu espaço reduzido nas faixas de rodagem.
Não obstante as guerras e a consequente crise energética que o mundo atravessa, os responsáveis europeus continuam a ter como meta banir as viaturas que utilizam combustíveis fósseis a curto prazo.
Além disso, já é do conhecimento geral que a partir de 2025 muitas cidades europeias vão banir os diesel permanentemente.
As novas normas ambientais, que visam diminuir a emissão de gases poluentes, tornaram-se demasiado exigentes para os fabricantes dos veículos diesel, nomeadamente para os de pequena capacidade, citadinos e utilitários.
O fim do diesel: as emissões de CO2
Este era um tema já muitas vezes debatido pela comissão europeia, no que diz respeito às políticas ambientais e mobilidade citadina.
Com a força das novas alternativas de locomoção, existiu sempre a pressão das entidades reguladoras para as cidades e os países assumirem a energia elétrica e as soluções hibridas, como um caminho a seguir.
Primeiro, devido às emissões de C02. Estava em cima da mesa da Comissão Europeia uma redução de 15% nas emissões de automóveis até 2025 e uma redução de 55% até 2030.
Isto porque, embora não seja um poluente, favorece o chamado efeito de estufa. Daí que o compromisso de descarbonização envolva a redução das emissões de C02 de todos os veículos e meios de transporte.
A este propósito, em 2018, a União Europeia foi clara: os automóveis a diesel estão condenados e vão desaparecer por completo das estradas em poucos anos. “É uma tecnologia ultrapassada”, referiu, numa entrevista à Bloomberg, uma alta responsável europeia..
A União Europeia teve o seu “momento de viragem” depois do caso Dieselgate, em 2015, no qual a Volkswagen admitiu ter instalado software nos motores a diesel que manipulava a informação relativa à emissão de gases poluentes. Isso “afetou profundamente os sentimentos da sociedade em relação às emissões e aos carros limpos”, sublinhou.
Fim do diesel: custos de fabrico
Por outro lado, a conjugação de tecnologia, custos e normas ambientais, não ajuda no que diz respeito aos custos de fabricação. Isto porque, para cumprirem as normas, as marcas fariam disparar os preços para o consumidor. À luz da tendência atual, em que há alternativas mais ecológicas no mercado (híbridos e elétricos), os fabricantes entendem que o investimento não iria ter o retorno desejado.
Como foi referido, o caso Dieselgate acabou por expor as lacunas dos testes de homologação e os níveis de NOx demasiado permissivos.
Ainda assim, a indústria automóvel sabia que era uma questão de tempo até serem introduzidas as novas normas ambientais: emissões médias (95 g/km CO2), normas de emissões (Euro 6c) e os rigorosos testes de homologação WLTP (Teste Mundial Harmonizado de Veículos Ligeiros) e RDE (Real Driving Emissions).
As normas mais apertadas obrigam a avultados investimentos no desenvolvimento de tecnologias para controlar as emissões. isto implica, obviamente, uma fatura mais alta no momento da aquisição do automóvel por parte dos consumidores.
No caso dos Diesel, os sistemas de tratamento dos gases de escape implicaram a adoção generalizada de filtro de partículas e, mais recentemente, sistemas SCR (selective catalytic reduction). Tudo isto para reduzir expressivamente as emissões NOx.
O diesel tem mesmo os dias contados
Assim, por muito que custe aos amantes dos motores diesel, da sua força a baixo regime e da sua eficiência em termo de consumos, o seu futuro é deveras incerto. As principais vantagens do motor a diesel – ou motor de ignição por compressão, que é um motor de combustão interna – são conhecidas de todos:
- São mais económicos do ponto de vista dos consumos: com motores mais eficientes
- Permitem uma condução mais dinâmica, embora os modelos atuais a gasolina consigam prestações equivalentes
- Face aos elétricos, têm grande vantagem de autonomia
Porém, no contexto atual, os aspetos negativos sobrepõem-se a todos os fatores que fizeram milhares de milhões de pessoas adquirirem um veículo a diesel, a saber:
- Preço mais elevado na compra face aos carros a gasolina
- Mais poluentes, o que já está a provocar restrições de circulação em cidades por todo o mundo
- Preço elevado das manutenções e peças de desgaste mais rápido
- Fiscalidade mais penalizadora
- Desaconselhados para quem faz percursos pequenos e citadinos
Antes de terminarmos, refira-se que não é só o fim do diesel que está em cima da mesa. O fim da gasolina também está próximo. Em junho de 2022, o Parlamento Europeu aprovou uma proposta da Comissão que proíbe a venda de novos veículos com motor de combustão (gasolina e gasóleo) a partir de 2035. Na prática, só será permitida a venda de veículos novos elétricos.
Mas como os custos de viaturas elétricas é ainda proibitivo para a maior parte das carteiras, espera-se que surjam medidas de incentivo para as alternativas de mobilidade. Sejam estas elétricas ou híbridas.