A partir de 2025, muitas cidades europeias vão banir os diesel permanentemente. As novas normas ambientais, que visam diminuir a emissão de gases poluentes, tornaram-se demasiado exigentes para os fabricantes dos veículos diesel, nomeadamente para os de pequena capacidade – citadinos e utilitários.
Isto porque a tecnologia necessária para equipar estes veículos – para, assim, cumprirem as normas -, faria disparar os preços para o consumidor. À luz da tendência atual, em que há alternativas mais ecológicas no mercado (híbridos e elétricos), os fabricantes entendem que o investimento não iria ter o retorno desejado.
A este propósito, recentemente, a comissária europeia com as pastas do mercado interno, indústria, empreendedorismo e PME, Elzbieta Bienkowska, foi tácita nas palavras: “Os automóveis a diesel estão condenados e vão desaparecer por completo das estradas em poucos anos. É uma tecnologia ultrapassada”, referiu, numa entrevista à Bloomberg.
Segundo a responsável polaca, a União Europeia teve o seu “momento de viragem” depois do caso Dieselgate, em 2015, no qual a Volkswagen admitiu ter instalado software nos motores a diesel que manipulava a informação relativa à emissão de gases poluentes. Isso “afetou profundamente os sentimentos da sociedade em relação às emissões e aos carros limpos”, sublinhou.
Porque é que o custo da tecnologia Diesel subiu tanto?
A principal razão do aumento dos custos é, sem sombra de dúvida, o ambiente regulatório vigente e futuro. O Dieselgate acabou por expor as lacunas dos testes de homologação e os níveis de NOx demasiado permissivos.
Ainda assim, a indústria automóvel sabia que era uma questão de tempo até serem introduzidas as novas normas ambientais: emissões médias (95 g/km CO2), normas de emissões (Euro 6c) e os rigorosos testes de homologação WLTP (Teste Mundial Harmonizado de Veículos Ligeiros) e RDE (Real Driving Emissions).
A pressão é tanta sobre os fabricantes que, depois do escândalo com a Volkswagen, sabe-se, agora, que também a Mazda, a Suzuki e a Yamaha manipularam os testes às emissões de gases poluentes. O Dieselgate apenas colocou pressão nas instâncias europeias para avançar para este novo quadro regulatório mais rapidamente.
Do lado das marcas, as normas mais apertadas obrigam a avultados investimentos no desenvolvimento de tecnologias para controlar as emissões. Do lado dos consumidores traduz-se numa fatura mais alta no momento da aquisição do automóvel.
No caso dos Diesel, os sistemas de tratamento dos gases de escape implicaram a adopção generalizada de filtro de partículas e, mais recentemente, sistemas SCR (selective catalytic reduction). Tudo isto para reduzir de forma expressiva as emissões NOx.
Saiba quanto vale o seu diesel atualmente e conheça as condições para adquirir um híbrido >>
Diesel com os dias contados
Por muito que custe aos amantes dos motores diesel, da sua força a baixo regime e da sua eficiência em termo de consumos, o seu futuro é deveras incerto. As principais vantagens do motor a diesel – ou motor de ignição por compressão, que é um motor de combustão interna – são conhecidas de todos:
- São mais económicos do ponto de vista dos consumos: com motores mais eficientes
- O preço do gasóleo é mais baixo que o da gasolina (para já)
- Permitem uma condução mais dinâmica, embora os modelos atuais a gasolina consigam prestações equivalentes
- Face aos elétricos, têm grande vantagem de autonomia
Porém, no contexto atual, os aspetos negativos sobrepõem-se a todos os factores que fizeram milhares de milhões de pessoas adquirirem um veículo a diesel, a saber:
- Preço mais elevado na compra face aos carros a gasolina
- Mais poluentes, o que já está a provocar restrições de circulação em cidades por todo o mundo
- Preço elevado das manutenções e peças de desgaste mais rápido
- Fiscalidade mais penalizadora
- Desaconselhados para quem faz percursos pequenos e citadinos
Para retomarmos o discurso da comissária europeia, a realidade passa agora por incentivar a produção dos híbridos e criar medidas de financiamento para estimular o desenvolvimento de baterias para automóveis elétricos. “Queremos ter as primeiras baterias produzidas na Europa, mas também toda a cadeia de valor. É o tipo de projeto que um Estado membro não consegue financiar sozinho”, rematou.
Veja também: