As fraudes via telemóvel crescem à medida que crescem os utilizadores de smartphones ligados à Internet. Mais utilizadores e mais smartphones a circular por todo o lado e a toda a hora significam mais oportunidades e os locais para os infratores entrarem em acção.
A Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica da PJ prevê que, até final de 2018, sejam cometidas 6.536 burlas informáticas e 1.340 burlas comuns praticadas com recurso a tecnologias de informação. Uma subida significativa face aos 335 casos apontados em 2017, de acordo com a Visão.
Não é novidade que se deva desconfiar sempre que algum desconhecido nos pede dinheiro por telefone, mas os esquemas montados disfarçam muito bem este pedido directo e é preciso estar atento.
Fizemos uma compilação das fraudes mais comuns que já aconteceram e que ainda acontecem um pouco por todo o mundo, para que possa estar alerta e se consiga proteger caso o seu smartphone seja um dos visados.
Fraudes via telemóvel: comércio electrónico falso
Fazer compras e negócios online é a actividade que maior risco representa para os utilizadores de smartphones e de computadores em geral. São inúmeros os sites de vendas que prometem negócios brilhantes a quem os visita.
Corre o risco de ficar sem o dinheiro que pagou, sem o produto que comprou e de comprometer a segurança dos seus dados e códigos pessoais, como números de cartão de crédito, moradas e contactos privados. Existem “regras de ouro” que deve cumprir para prevenir fraudes via telemóvel e para que as suas compras online tenham um final feliz.
1. Comprar em sites de confiança
Se tem dúvidas, confirme com pessoas que já os utilizaram ou pesquise na Internet informação ou queixas sobre os mesmos antes de fazer a compra. Verifique se o site é seguro antes de fazer a transferência de valores.
Confirme a existência do símbolo do cadeado na barra URL. Quando um site é seguro e certificado irá aparecer um cadeado verde e o HTTPS no endereço do browser.
2. Não dê dados se não vai comprar
Confirme todos os encargos finais da encomenda antes do pagamento para evitar surpresas e não dê dados nenhuns se não estiver a efectuar uma compra.
Se estiver a contratar um serviço com pagamento continuado, como uma assinatura de um revista, por exemplo, confirme como pode interromper o pagamento antes de o activar.
3. Não envie dados sem ser encriptados
Se alguma empresa, mesmo fidedigna, lhe pede uma cópia de dados de cartão de crédito por mensagem, nunca a envie sem ser por mensagem encriptada. Existem inúmeras aplicações disponíveis online para fazer essa encriptação e uma das principais focos de fraudes via telemóvel.
Email e SMS falsos de empresas conhecidas
Bancos, seguradoras ou mesmo lojas com os quais costuma comunicar, podem ser utilizados pelos piratas para o convencer de que está a falar com a entidade verdadeira.
Procure traços na mensagem que lhe pareçam esquisitos, como formato do texto com demasiadas maiúsculas, palavras com gralhas, um pedido de confirmação de dados que nunca lhe chegou por esta via ou um pedido para clicar num link ou para instalar uma nova aplicação.
Em caso de dúvida, desconfie sempre e entre em contacto com a entidade pelas vias normais para confirmar se aquele email ou mensagem são verdadeiros.
Muitos deste emails apenas pretendem entrar no seu sistema para obter passwords de acesso a bancos ou outros dados pessoais. Trata-se de um recolha de informação fraudulenta e que deve ser sempre reportada à entidade cujo nome é utilizado no esquema e também à Polícia Judiciária.
Wap billing: contratar serviços através de um click
Um click sem querer num anúncio, num vídeo ou numa fotografia pode fazê-lo pagar por um serviço que nunca quis. Este tipo de fraude, embora cada vez mais reduzida, ainda é frequente. São as chamadas subscrições involuntárias que recorrem ao mecanismo de wap billing que faz cobrança directa na fatura ou no saldo do telemóvel.
As empresas que vendem jogos, vídeos e outros conteúdos como toques ou imagens cobrados por wap billing afirmam que o problema é cada vez mais reduzido e que têm vindo a adicionar sistemas de dupla confirmação para a subscrição. Mas o que é certo é que os casos ainda existem e não apenas em sites duvidosos de apostas ou sites para adultos.
Como as operadoras partilham as receitas destes serviços que surgem na factura como “serviços adicionais”, todo o cuidado é pouco e já existem petições a circular para pressionar o parlamento no sentido de criar legislação mais especifica nesta matéria.
Até lá, se lhe acontecer e quando detectar, peça de imediato o cancelamento junto da operadora. Se for rápido a cancelar mostra que não quer o serviço e muitas operadoras devolvem os valores cobrados.
Wangari: a burla da chamada internacional
Se o seu telemóvel recebeu uma chamada internacional com apenas 1 ou 2 toques, nem sequer lhe dar tempo para atender, não devolva o telefonema, nem que tenha alguém no estrangeiro de quem está à espera de uma chamada. Espere um novo contacto ou procure falar com essa pessoa através de email ou Skype.
É que este esquema já fez pessoas perderem muito dinheiro em chamadas internacionais e, apesar de ter tido o seu auge o ano passado, não quer dizer que não volte.
O obectivo é conseguir que o utilizador ligue de volta para o número desconhecido. Ao fazê-lo está, normalmente, a ligar para um número de valor acrescentado que lhe será cobrado com o acréscimo do valor de uma chamada internacional para o destino que está a ligar.
Já aconteceu até pedirem para aguardar em linha por uma mensagem urgente de um familiar ou amigo. Se o seu saldo for pré-pago, percebe logo o gasto, mas se não for, poderá ter um desagradável surpresa quando receber a sua factura.
Este esquema, designado pela palavra japonesa de wangari, tem por objectivo gerar tráfego aleatório e recorre a programas que fazem chamadas automáticas para percorrer as listas de números telefónicos de cada país. Ganham os serviços que cobram valor acrescentado e também os negócios que precisam de números grandes em chamadas para conseguir outro tipo de benefícios.
As operadoras estão alerta para esta situação e tentam proteger os seus clientes instalando tecnologia que barra os números identificados como fraudulentos, mas como estão sempre novos números a surgir, o melhor é nunca devolver a chamada.
Nunca responda “Sim” a um número desconhecido
Esta era uma fraude muito comum há uns meses atrás e que passou um pouco por todo o mundo. O visado atende uma chamada de número desconhecido e responde sim a perguntas como “consegue ouvir-me?”, “é o dono da casa?” ou “sou da sua operadora x, por favor confirme o seu nome ou os seus dados dizendo sim ou não”. Qualquer pergunta cuja resposta possa ser positiva serve para o efeito.
O que acontece é que as respostas de confirmação do interlocutor são gravadas e posteriormente utilizadas para subscrever serviços dos quais a pessoa nunca ouviu falar. Se questionar e disser que não contratou o serviço, é-lhe apresentada uma gravação em que concorda com as condições que lhe são apresentadas. Claro que essa gravação é uma montagem, mas a sua voz estará lá e para avançar com uma queixa pode ser complicado e oneroso.
O conselho é nunca responder positivamente se achar a chamada estranha. Identifique-se ou repita o que lhe perguntam. Pergunte em vez de responder, ou melhor: desligue a chamada à primeira pergunta.
Falsos avisos de vírus
Muito frequentes, estes avisos parecem fazer parte do próprio sistema de vigilância do seu telemóvel e normalmente pedem para instalar aplicações de limpeza. Ao fazê-lo, estará a instalar ficheiros maliciosos cujo o objectivo é acederem aos seus dados e comunicações.
A melhor defesa é a prevenção. Instale um antivírus de uma fonte fidedigna que o deverá manter protegido deste tipo de alertas. Mas mesmo assim, se passar algum, não confie e regresse ao seu antivírus original para fazer um scan ao telemóvel ou para o atualizar para uma versão mais recente.
Ligações de Wi-Fi, Bluetooth e NFC inseguras
Com a chegada da Internet das Coisas e as comunicações sem fios espalhadas um pouco por todo o lado, ainda que cada vez mais os protocolos de comunicação garantam encriptação e códigos de confirmação de acesso, todo o cuidado é pouco. Um das regras de ouro da utilização destes sistemas é mantê-los desligados se não estiver a usar. Estará protegido e poupa a sua bateria.
Se não tiver acesso a uma rede de Wi-fi segura, prefira a utilização dos dados nas transações ou compras que possa fazer no seu telemóvel e nunca, mas mesmo nunca, utilize uma rede de Wi-Fi pública para fazer transações financeiras ou aceder ao homebanking. Estas redes estão muito sujeitas à intercepção dos hackers.
E já sabe, como as burlas e fraudes estão sempre a evoluir, se tiver o azar e lhe calhe a si, apresente sempre queixa junto da PJ e avise o seu banco para alterar códigos e cartões atempadamente. Com sorte, se se queixar, pode conseguir o reembolso das quantias em que foi lesado.