Share the post "Como usar o PPR pagar a prestação da casa e ainda ganhar dinheiro com isso"
Estas oportunidades não surgem todos os dias, nem todos os anos. Como sabe, quando faz um PPR, pode deduzir 20% do valor que subscreveu no IRS a pagar no ano seguinte, se tiver retenções na fonte.
Ou seja, se colocou 1.000 euros num PPR em 2022, quando entregar o seu IRS em 2023 (referente ao ano anterior) vai receber mais 200 euros de reembolso ou pagar menos 200 euros de imposto, se tiver de pagar (400 euros é o limite máximo, mesmo que faça um PPR com 10 mil euros).
Resgatar o PPR e ganhar dinheiro com isso
Mas há uma condição: não pode resgatar esse PPR fora das condições previstas por lei. Tem vários artigos que explicam quais são essas condições, mas vamos concentrar-nos naquela que nos interessa para esta dica. Legalmente – passados 5 anos – poderia usar o dinheiro que colocou nesse PPR para pagar as prestações do crédito à habitação (atenção que não é amortizar).
A grande novidade é que este ano de 2023 há uma exceção prevista no Orçamento do Estado que lhe permite resgatar esse dinheiro para pagar a prestação da casa mesmo que o PPR ainda não tenha feito os 5 anos.
Por outras palavras, se fez um PPR no ano passado (2022 ou antes), pode pagar já as próximas prestações com esse montante, e com o dinheiro que fica na sua conta voltar a subscrever o mesmo PPR ou outro e assim voltar a deduzir os 20% no IRS que entregar em 2024 (referente a 2023).
Feitas as contas, pode fazer duas vezes 400 euros com o mesmo dinheiro. Se um casal tiver subscrito 2000 euros cada um (com idade até aos 35 anos), pode “fazer” em 2 anos 1600 (800+800) euros “de graça” em deduções no IRS.
Claro que já comecei a receber críticas de algumas pessoas dizendo que o espírito do PPR é guardar o dinheiro para a reforma, etc, e que fazer isto é desvirtuar a lei. O que lhe pretendo mostrar é que, durante uma das maiores crises financeiras das últimas décadas, com as prestações do crédito à habitação a praticamente duplicar e com a maior inflação dos últimos 30 anos, devemos aproveitar todas as oportunidade que o Estado nos dá para mitigar as dificuldades financeiras dos cidadãos.
Não se trata de nenhuma ilegalidade
Está a fazer tudo dentro da lei. Caso o legislador não pretendesse que isto acontecesse teria dito isso expressamente. Não acredito que não saibam o que estão a fazer. Assim que li a lei, percebi que isto era possível em menos de 5 segundos e que não havia nenhuma limitação. Está lá preto no branco.
Outra das críticas que surgiram é que são poucos os portugueses que podem fazer um PPR para usufruir dos benefícios fiscais. Sim, é verdade que há muitas famílias que vivem com o dinheiro contado ao cêntimo. Não é para essas que estou a dar esta dica.
O alerta que quero partilhar é que quando passamos a ter inteligência financeira e passamos a gerir o nosso dinheiro de uma forma racional e não emocional e impulsiva começamos a fazer escolhas que acabam por nos render dinheiro no futuro.
Eu posso sempre escolher entre comprar um telemóvel novo caríssimo ou mudar de carro de 2 em 2 anos, ou adiar a compra de um carro novo e colocar o valor da prestação de 150 ou 200 euros mensalmente num PPR. Ao fazer isso, em vez de ter uma despesa, passo a ter uma receita. São escolhas. Se até hoje nunca fez um PPR, pondere fazer um este ano. Pode ser o princípio da sua nova vida financeira.