Share the post "21 delícias da gastronomia de Trás-os-Montes e Alto Douro que precisa conhecer"
A gastronomia de Trás-os-Montes e Alto Douro reflete as dificuldades vividas pelas populações locais da região. Nos enchidos, tudo se aproveita dos animais; depois, há as sopas de unto e com pão; temos, ainda, o uso extensivo de ingredientes de grande durabilidade, como a castanha e as casulas. Ou seja, tudo isto aponta para uma vida marcada pela pobreza, em que a gestão eficiente da comida era essencial à sobrevivência.
De facto, a comida é testemunho da história de um povo e, por isso, merece ser experimentada, apreciada e lembrada! Pronto para uma viagem gastronómica?
Conheça as delícias da Gastronomia de Trás-os-Montes e Alto-Douro
Petiscos
1. Trigo de Favaios
A aldeia de Favaios, no concelho de Alijó, é conhecida pela sua longa tradição de bom pão (o Trigo de Favaios) e o seu moscatel- até há um museu dedicado ao pão e ao vinho.
Se é apreciador inveterado de pão, então tem de experimentar um triguinho de Favaios.
2. Pastel de Chaves
Este pastel de massa finíssima, com recheio de carne e de formato em meia lua é uma maravilha. Aliás, por fazer as delícias de muita gente, há cada vez mais estabelecimentos esse Portugal fora que os têm nas suas montras. Mas se quer provar o pastel de Chaves, passe pelo D’Chaves, que e não se vai arrepender.
3. Alheira de Mirandela
Reza a história que a alheira foi inventada pelos judeus, para escaparem às malhas da Inquisição. Na altura, os hereges eram perseguidos, presos e torturados até à morte ou à conversão.
Para evitar este destino, os judeus fingiram comer porco (os cristão faziam-no, mas os judeus e os muçulmanos não, o que os denunciava). Como? Imitando os os enchidos ibéricos, mas em vez de usar carne e banha de porco, recorreram à carne de aves, vitela e à de coelho, envolvida em massa de pão, e em forma de ferradura. E assim nasceram as alheiras!
As mais afamadas são as da zona de Mirandela- e com razão.
4. Folar de Valpaços
Sabia que este é o único folar certificado do país? Antigamente, por ser muito caro de confecionar, só havia folar na altura da Páscoa, mas agora temos folar durante o ano inteiro, felizmente.
O gosto especial do folar de Valpaços vem do azeite e do fumeiro regionais. Portanto, se gosta de salpicão, linguiça e presunto, tem de experimentar este petisco.
Sopas
1. Sopa de castanhas piladas
A sopa de castanhas não é apenas de Trás-os-Montes, há outras variantes regionais, mas a desta região destaca-se por normalmente não levar carnes. Aqui é confecionada a partir de batatas, castanhas, cebolas, leite e margarina, e é super sabororsa!
2. Caldo de cascas
O feijão verde é seco ao sol, que depois de seco passa a “casca” ou “casula”, que é um dos ingredientes principais desta sopa. É tipicamente um caldo de inverno, e leva bastante batata, cebola e chouriço, sendo uma das sopas mais saborosas da gastronomia de Trás-os-Montes e Alto Douro.
3. Água de unto
Esta é um prato com variáveis regionais, e há quem equipare à açorda alentejana. Em Trás-os-Montes, a receita é muito simples, feita com pão de centeio, unto e água, podendo haver restaurantes que acrescentem ovo. Tradicionalmente era comida ao pequeno-almoço por agricultores e pastores, antes de um dia pesado de labuta.
4. Sopa das malhas
Outra sopa rivogorante! Com ovos, pão e unto, com um raminho de hortelã por cima, aquece qualquer um num dia de temperaturas mais agrestes.
Pratos de carne
1. Posta à mirandesa
A posta à mirandesa é o ex libris da gastronomia de Trás-os-Montes e Alto Douro. As vitelas criadas nas pastagens da região dão carne de muita qualidade, que depois é cortada num naco espesso para grelhar e comer mal-passado.
Se estiver a considerar visitar Miranda do Douro, prove a posta à mirandesa no Restaurante Residencial Gabriela, o alegado berço deste prato!
2. Javali no pote
Em tempos de caça não pode desperdiçar a oportunidade de experimentar este acepipe. O javali, ou porco-montês, é marinado em vinho, louro, cebola, colarau, alho e limão, e depois cozinha num pote de ferro, juntamente com castanhas.
É de ficar com água na boca, não é?
3. Feijoada à transmontana
Se está à procura de um prato reconfortante e saboroso, a feijoada à transmontana é uma opção a equacionar. Além do feijão vermelho, este repasto leva muita carne de porco: é pé, é focinho, orelha, presunto, salpicão, linguiça…
4. Marrã à moda de Mesão Frio
Marrã é um termo muito, muito antigo que designa “porca adulta”, mas que caiu em desuso. De todas as formas, para este prato usa-se carne da barriga com coiro, que é frita em banha e temperada com sal e pimenta, levando, no fim da cozedura, com um pouco de vinho tinto.
Se é apreciador de carne de porco, vai seguramente adorar este pitéu.
5. Cabrito assado à transmontana
Este é um prato muito representativo da gastronomia de Trás-os-Montes e Alto Douro, sem sombra de dúvidas.
O cabrito é assado com toucinho, pimenta, colorau, vinho branco, azeite, sal e louro, e vem acompanhado de batatas e castanhas assadas. É um prato muito saboroso e ótimo para uma almoçarada de outono ou início de inverno.
6. Butelo de Vinhais com Cascas
O butelo de Vinhais, para quem não conhece, é o estômago (ou bulho) do porco que é recheado com ossos tenros da costela e do espinhaço do bicho. E, como explicámos acima, as cascas são feijão verde que foi desidratado ao sol.
Ora, depois de tudo cozido, o butelo e as cascas são bem regados em azeite, levando ainda presunto, orelheira e costelas de porco. Soa delicioso, não soa?
Pratos de peixe
1. Bacalhau à bruxa de Valpaços
Já experimentou bacalhau com toucinho? Se não, está na hora de experimentar e ver se há mesmo bruxaria nesta receita!
2. Polvo à transmontana
A consoada do norte do país é passado com polvo, não com bacalhau. No Natal transmontano o polvo, depois de cozido com louro, cebola e pimenta, é escorrido e vai ao forno com alho, azeite e vinagre.
Se conseguir encontrar esta delícia nas suas viagens, aproveite!
Doçaria
1. Doce Teixeira
O doce Teixeira é uma iguaria sobretudo da região do Douro. O forte sabor a limão e a canela faz deste doce o marido perfeito de uma chávena de café ou de chá.
2. Pudim de castanha
Das melhores variações de pudim de sempre. O sabor a castanha, leite condensado e canela é uma combinação fenomenal.
Atenção: só se aconselha a pessoas com grande auto-disciplina, é quase impossível parar de comer.
3. Toucinho-do-céu de Murça
Quem nunca comeu toucinho-do-céu de Murça, está a perder imenso da gastronomia de Trás-os-Montes e Alto Douro! Com gosto a amêndoa e a doce de gila, este exemplo da doçaria conventual faz parte do cardápio de sobremesas da maioria- se é que não todos- dos restaurantes da região.
4. Papos de anjo de Mirandela
Estes bolinhos são um doce muito apreciado da gastronomia de Trás-os-Montes e Alto Douro. Normalmente em forma de queque, pode provar os papos de anjo em várias pastelarias da região. Por um dos ingredientes ser compota- não se especifica de quê-, cada papo de anjo é uma surpresa!
5. Bolos económicos
Também conhecidos como azeiteiros ou sodos, estes bolinhos são de confecção muito simples (azeite, água ardente, ovos, bicabornato de sódio e pouco mais), e, por serem secos e fofinhos, vão muito bem com uma chávena de chá.
De aperitivos e petiscos para ir picando até pratos mais robustos, esta região é paragem obrigatória em qualquer roteiro gastronómico, especialmente para quem aprecia boa carne e bonitas paisagens.
Dica extra: para ajudar a digerir estas iguarias da gastronomia de Trás-os-Montes e Alto Douro, nada melhor que um copito de moscatel de Favaios para terminar em grande!