Os gatos obesos domésticos são cada vez em maior número no mundo ocidental. Estados Unidos da América e Reino Unido são os países que apresentam maior taxa de obesidade felina, com mais de metade dos gatos como animais de estimação com excesso de peso.
Mas os gatos portugueses poderão estar a seguir o mesmo caminho. Mesmo não havendo estudos oficiais recentes, em 2011, a agência Lusa noticiava o alerta dos médicos veterinários nacionais para o facto de um terço dos gatos e quase metade dos cães portugueses serem obesos e este ser um problema em crescimento.
Apesar dos alertas de então, são os gatos domésticos que maior tendência têm para a obesidade. O simples facto dos donos de cães aceitarem os passeios de rua como parte da sua rotina diária, parece ajudar o melhor amigo do homem a compensar alguma gulodice a mais. Já para os gatos, que gostam de dormir enquanto os donos estão ativos durante o dia, esse exercício não alivia a balança.
São também eles os que mais depressa podem ficar gordos sem os donos darem por isso. O pelo grande e a sua forma mais alongada disfarçam bastante os quilos a mais e há uma tendência natural para os humanos simpatizarem com gatos gordinhos. Podemos talvez chamar-lhe o complexo de Garfield.
Mãos (ou patas) à obra
Claro que o segredo para um peso saudável, não é segredo nenhum. É tudo uma questão de equilibrar a dieta com o exercício. Mas para se ser bem sucedido neste equilíbrio, é bom saber alguns truques, especialmente quando falamos de gatos, animais com gostos e apetites especiais, bem diferentes dos humanos ou dos cães.
Aconselhamo-lo a começar já, mesmo que o seu gato esteja com uma silhueta de modelo felino. É mais fácil prevenir do que convencê-lo mais tarde a mudar de hábitos. E lembre-se, sempre que falarmos de dieta, falamos de uma dieta que tenha sido orientada pelo veterinário. Só ele conseguirá avaliar melhor as necessidades do seu gato, já que tudo vai depender do seu peso, idade, raça e hábitos.
Gatos obesos: 7 truques para o fazer emagrecer
1. Pequenas refeições escondidas pela casa
Os gatos são animais carnívoros e, mesmo habituados aos nossos sofás e edredões, ainda não se distanciaram o suficiente da sua herança genética de predadores para adaptarem o seu apetite à disponibilidade permanente de um prato cheio de comida. Haverá os que resistem, porque não são tão gulosos, mas também haverá sempre os que vão comer apenas porque está à disposição.
O segredo é dividir a quantidade de comida que dá por dia ao seu gato em 4 pequenas refeições diárias que poderá deixar acessíveis, mais ou menos escondidas, por diferentes divisões da casa. O objectivo é ele adoptar um atitude de caça e busca que o fará mexer-se mais.
Como é um animal de hábitos noturnos, o ideal é que pelos menos duas das refeições sejam de madrugada. Se os seus horários não o permitirem, arranje um alimentador automático com temporizador que trate das refeições noturnas.
2. Puzzles de alimentação gastam calorias extra
Faça o seu gato “trabalhar” pela comida que recebe. Coloque a sua alimentação, não numa tigela, mas numa bola ou noutro tipo de puzzle de alimentação.
São fáceis de encontrar nas lojas de animais, mas se não quiser gastar dinheiro, pode fazê-los com caixas de papelão ou rolos de papel higiénico furados. O objetivo é que o gato tenha de brincar com esses objetos e que descubra como é que o alimento cai de lá de dentro.
Isto vai mantê-lo ocupado e mais ativo do que a comer de uma tigela. Esses puzzles são também mais fáceis de esconder e de espalhar pela casa, sujando menos e deitando menos cheiro. Pode utilizá-los também somente nas refeições de comida seca, deixando a tradicional taça para os patés ou outra comida húmida.
3. Gatos obesos: ignorar o que pedincha
Se o seu gato não desiste e pode andar horas atrás de si a pedir comida como se estivesse faminto, comece a colocar-lhe a comida em zonas da casa menos frequentadas.
O objectivo é que ele comece a associar essas divisões à aparição de “caça”, montando guarda nesses locais quando tem mais fome.
Poderá assim estar mais descansado na cozinha ou na sala sem o ter por perto a miar. Acima de tudo, mantenha-se firme e não ceda adulterando as refeições que estão pré-determinadas pela dieta.
Mas nunca se esqueça de verificar se ele encontrou a comida que lhe deixou nos diferentes sítios, não vá o seu miado ser de verdadeira fome.
4. As guloseimas têm de ser contabilizadas na dieta
É fácil pensar que não fazem parte das refeições pré-determinadas, especialmente quando as guloseimas são restos do seu Nestum do pequeno almoço ou quando é o molho que deixa o seu gato lamber do prato antes de o lavar.
Especialmente quando falamos de restos das nossas refeições, temos de pensar que quantidades pequenas para nós, podem ser imensas para um corpo que pesa em média entre os 3 e os 5 quilos.
Há ainda a ter em consideração o facto de temperarmos a nossa comida e de a cozinharmos com alho e cebola, ambos alimentos tóxicos para os nossos felinos. A longo prazo podem criar irritações nos seu trato gastrointestinal e criar hábitos difíceis de cortar.
5. Torne a sua casa estimulante
Tem de se lembrar que a sua casa é o habitat do seu gato e que se ele não tiver nada para fazer, é muito provável que se vire para a comida como distração. Quanto mais desafios criar dentro da sua casa, ou locais que ele possa explorar e descansar à vontade, mais o seu gato vai estar entretido e sem pensar na próxima refeição.
Se o deixar ter acesso a uma varanda, ou a uma área de exterior que possa delimitar para ele não fugir, isso vai estimular a sua mobilidade e sentidos, olfactivo e auditivo, mantendo-o mais ativo.
6. A água fresca, longe da comida
Não se esqueça da água. Ela é particularmente importante para os gatos mais idosos não desenvolverem problemas nos rins. Neste caso, a comida molhada pode ajudar.
A água absorve cheiros, por isso coloque-a longe da comida e da caixa de urina do seu gato. Muitos gatos gostam de ir beber à torneira do bidé ou aos vasos. Não contrarie esses hábitos e garanta que não lhe a falta água nesses locais.
7. Evite súbitas privações de comida
Se as “dietas de fome” não são boas para os humanos, elas nada trazem de bom também para os gatos já que podem provocar uma doença chamada lipidose hepática, um excesso de acumulação de gordura do fígado que acontece em gatos que estão muito tempo sem comer, especialmente se esses gatos forem obesos.
Uma rotina de várias e pequenas refeições diárias vai evitar que o seu gato fique longos períodos em jejum.
Experimente estes truque e avalie os progressos que o seu gato faz. Lembre-se que com estas alterações a perda de peso pode ser lenta, mas muito eficaz. Alguns gramas fazem grande diferença num corpo pequeno.
Arranje uma balança de bebé para ver essas diferenças mais pequenas e saber se está no bom caminho.
Afastar o seu gatinho de doenças crónicas como o desgaste de articulações, diabetes ou doenças do coração e rins, capazes de exigir tratamento médico a longo prazo, reduzir a sua qualidade de vida ou mesmo encurtá-la, são motivação suficiente para o seu esforço. E, claro, o seu gato vai agradece-lhe o novo habitat.