Elsa Santos
Elsa Santos
30 Abr, 2024 - 12:00

Geração Z: porque desafiam o mercado de trabalho?

Elsa Santos

Nasceram entre 1995 e 2010 e não vivem sem ter tecnologia no bolso. Que impacto tem a geração Z nas empresas?

De acordo com o relatório Tendências do Talento , elaborado pela LLYC em colaboração com a DCH, a Organização Internacional de Gestores de Capital Humano, 2023 é um ano de desafios e mudanças no que respeita à gestão de talento. Na base de tudo está o perfil da geração Z.

Mas o que caracteriza a geração Z? Que impacto têm esses profissionais nas empresas? Qual postura adotam no mercado de trabalho? Porque são considerados como desafiantes? Nós respondemos.

Geração Z: conheça melhor os nascidos entre 1995 e 2010

Quem são?

São jovens e a tecnologia é-lhes inata, mas há muito mais para dizer de quem nasceu a partir da segunda metade dos anos 1990 – uma das mais importantes é que não imaginam o mundo sem Internet e smartphones.

É quase certo que já tenha ouvido falar da geração Z, mas será que sabe mesmo quem são, o que fazem, o que procuram e como trabalham?

Também chamados de “centennials”, os nascidos em plena mudança de século são verdadeiros nativos digitais e profundamente marcados pela Internet. A “grande rede” faz parte do seu ADN, da sua educação, da maneira de estar em casa, de socializar, de ver o mundo e, claro, de viver e de trabalhar.

Com um conhecimento profundo das tecnologias, são pessoas que gostam de resultados imediatos – consequência do mundo digital em que vivem, estando sempre ligados às redes sociais e aos seus protagonistas.

São jovens que se habituaram ao facto de que, quando precisam saber de algo, basta aceder ao smartphone e pesquisar no google, tirando quaisquer dúvidas. Assim, não dependem dos mais velhos para aprender algo de novo. Na verdade, o Youtube está repleto de vídeos que explicam praticamente tudo e a geração Z está consciente disso.

São mais práticos e com os pés mais assentes no chão do que a geração anterior. Não nos esqueçamos de que nasceram num mundo que já se encontrava em crise e violento, em que as dificuldades já não eram vistas como uma realidade algo distante.

Estes jovens, cheios de iniciativa, são empreendedores que lutam por objetivos concretos e que abraçam o mundo como uma aldeia global – são, por isso, muito mais abertos à diversidade.

Uma das características mais fortes desta geração, no contexto profissional e não só, é que são multitarefa – ainda que não se concentrem muito tempo numa mesma tarefa ou num único assunto. E, como são consumidores exigentes, é provável que, no futuro, vão ocupar cargos profissionais que ainda não existem.

Entenda o princípio Z nas empresas

A geração Z, pós-millenial, prepara-se para assumir o comando no mercado de trabalho. Mas não promete que tudo seja como até agora vimos.

Segundo o relatório Tendências do Talento 2023, elaborado pela LLYC em colaboração com a DCH, a Organização Internacional de Gestores de Capital Humano, em 2030 a geração Z deverá representar um terço dos quadros de pessoal nas empresas. Isso exige, inevitavelmente, mudanças na gestão de talento, com novas exigências – como a flexibilidade.

No futuro próximo, como já se começa a desenhar, o mercado de trabalho será marcado pela força do efeito Z, que está já a impor a sua cultura de trabalho aos empregadores. Na realidade, em 2023 estamos mesmo diante de um ano cheio de desafios para as empresas.

O que querem do mercado de trabalho?

A geração Z exige condições mais flexíveis, mais ética e transparência, e defendem o onboarding (mecanismo de integração ou socialização organizacional) para cimentar a sua relação com a entidade.

São profissionais que acreditam ser fundamental ter uma experiência laboral que une tecnologia, bem-estar, conciliação e tendências de futuro – como a inteligência artificial.

Querem alcançar a digitalização de processos e, em simultâneo, conseguir a humanização do trabalho. Esta é a realidade do mercado de trabalho que a geração Z procura e que prepara a partir de agora.

Como o mercado de trabalho responde à geração Z?

O mundo do trabalho não responde à geração Z, mas sim ajusta-se aquilo que lhe é exigido. Esta é já uma realidade para a qual as empresas estão voltadas.

E esta é uma tendência que chega para ficar. Em comunicado, María Obispo, Diretora de Talent Engagement da LLYC destacou que, daqui para a frente, os Recursos Humanos vão continuar a adaptar-se à nova realidade Z, reciclando o conceito da relação talento-empresa.

Para a especialista, agora como nunca, o poder permanece nas mãos dos profissionais – que são cada vez mais exigentes. María Obispo destaca que já não são as empresas que escolhem as pessoas, mas o inverso.

Mas há mais tendências que estão a marcar processos de recrutamento de talentos e de contratação em 2023. Vejamos de seguida quais são.

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9 tendências de 2023 no mercado de trabalho

Efeito Z

Os seus hábitos, exigências, prioridades e formas de pensar sobre o trabalho estão a revolucionar o mercado de trabalho. Especial destaque para a ética e sustentabilidade, bem como para a flexibilidade de horário e regime, de modo a facilitar a conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal.

O trabalho continua a ser importante para os profissionais da geração Z, mas já não é o centro da vida. São profissionais que querem encontrar uma forma de promover a saúde mental e o bem-estar, a par da carreira.

Metaverso

Abre-se uma nova realidade. O metaverso é visto como uma parte fundamental para mostrar e conhecer a experiência de trabalhar numa organização sem ter de pertencer à empresa, nomeadamente aos potenciais colaboradores.

Inteligência Artificial (IA)

A inteligência artificial (IA) está na ordem do dia e prevê-se que o seu mercado cresça mais de 20% até 2029, a nível global.

No mercado de trabalho, a IA contribui para melhorar os processos de recrutamento com a automatização do processo de triagem dos currículos, bem como o recurso a chatbots para esclarecem dúvidas dos candidatos.

Para além de facilitar o recrutamento, o IA permite monitorizar outros aspetos como a produtividade, a satisfação, bem como os comportamentos e necessidades dos trabalhadores.

Data-Office

Com o estabelecer do teletrabalho e do modelo híbrido, o uso de plataformas online para reunir tornou-se algo comum, o que permite obter dados sobre questões de utilização dos espaços e ferramentas, os quais por sua vez podem servir para ajudar os colaboradores a tomarem melhores decisões.

Onboarding

O onboarding permite criar uma experiência positiva de integração do trabalhador na cultura da empresa, permitindo reforçar a relação entre as duas partes.

As equipas de Recursos Humanos aplicam, para isso, técnicas de marketing associadas ao customer onboarding para estabelecerem laços com os seus novos colaboradores. Assim, conseguem reter, mais facilmente, o talento, o que para o perfil da geração Z é sempre algo difícil.

Código-fonte aberto

As empresas vivem perante constantes mudanças de processos e atualizações tecnológicas. Para enfrentar melhor tais mudanças, a melhor solução pelo envolvimento dos colaboradores através de processos colaborativos e participativos. Trata-se, pois, de passar de um modelo em pirâmide para um modelo colaborativo, através de estratégias de mudança de código-fonte aberto.

Rotatividade

Mais rotatividade pode ser significar a capacidade de uma empresa incorporar profissionais mais seniores na equipa. Por outro lado, a mesma poderá exigir a reformulação das políticas de mobilidade interna e afetará os planos de carreira.

Transparência

A transparência é uma das grandes exigências da geração Z. Os novos profissionais estão mais atentos, mais informados sobre as próprias empresas e sobre os seus direitos e prioridades. Uma política de transparência de parte a parte é fundamental.

Fulfillment

O Fulfillment é um estado de total sintonia entre os trabalhadores e empresas. A pessoa está no centro, sendo depois identificadas quatro alavancas: equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, comunidade e pertença, crescimento e propósito.

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