A gota é uma doença reumática inflamatória, comum e altamente incapacitante, quer pela dor provocada quer pelas deformidades associadas à progressiva destruição articular.
É mais prevalente em homens, a partir dos 40 anos, sendo muito rara em mulheres antes da menopausa. Na criança está muitas vezes associada a alterações genéticas.
Quando os níveis de ácido úrico estão acima do seu limite de solubilidade no sangue, este deposita-se sob a forma de cristais de monourato de sódio, habitualmente nas zonas mais frias do organismo.
Como se manifesta a Gota
A gota evolui inicialmente em períodos de crise de inflamação articular, intermitentes e intercalados com períodos sem sintomas. Começa por afetar apenas uma articulação, tipicamente o dedo grande do pé, tornozelos e joelhos. Mais rara e tardiamente pode atingir as mãos, punhos e cotovelos.
As crises caracterizam-se pelo início rápido, em poucas horas, de sinais inflamatórios exuberantes, como a dor, calor, vermelhidão e inchaço, na articulação envolvida. Cerca de 2/3 dos doentes consideram ter sido a pior dor que tiveram na vida. Mesmo sem tratamento, as crises de gota desaparecem ao fim 1 a 2 semanas.
Com a progressão da doença, as crises tendem a atingir mais articulações, por vezes em simultâneo, e a ser mais frequentes e prolongadas, com períodos livres de sintomas cada vez mais curtos. Nesta fase, a que se chama gota tofácea ou artrite gotosa crónica, as articulações estão permanentemente inflamadas, resultando na destruição da sua normal estrutura e incapacidade.
Os níveis prolongadamente elevados de ácido úrico no sangue predispõem ainda à formação de cálculos renais (“pedras nos rins”). Vários estudos apontam para uma maior incidência de doença coronária e enfarte do miocárdio em doentes com gota.
Quais são as causas da gota?
O excesso de ácido úrico tanto pode resultar de produção exagerada de ácido úrico como da incapacidade dos rins o removerem. A grande maioria dos casos de gota não tem causa determinada e são consequência de uma combinação de factores, entre os quais podemos identificar:
- idade avançada;
- sexo masculino;
- história familiar;
- obesidade;
- medicamentos como aspirina, diuréticos e imunossupressores;
- alimentos como carnes vermelhas, vísceras, marisco, salmão, truta e sardinhas;
- bebidas alcoólicas, em particular cerveja e bebidas brancas.
Como se trata?
Uma vez que os sintomas de artrite gotosa são idênticos aos de várias outras doenças, um diagnóstico correcto é fundamental. Depois, o tratamento da gota divide-se em duas fases distintas. Se o tratamento for adequado, o prognóstico é muito favorável, sem sequelas.
Durante as crises são utilizados fármacos que permitam reduzir a inflamação e aliviar a dor, como os anti-inflamatórios não esteróides, colchicina, corticóides e infiltrações locais de corticóides. Após o desaparecimento da crise de artrite aguda, o objectivo é baixar o ácido úrico para prevenir futuras crises e evitar a destruição articular.
A prevenção faz-se essencialmente através da melhoria dos hábitos alimentares, adoptando uma dieta equilibrada, evitando o consumo exagerado de carnes jovens, marisco e bebidas alcoólicas (sobretudo cerveja). Perder peso ajuda também a diminuir os níveis de ácido úrico.