Share the post "Gravidez de gémeos: sintomas, cuidados e parto. O que esperar?"
Cada vez mais, acontecem gestações múltiplas. E a razão é simples de explicar: um dos motivos responsáveis pelo crescimento do número de gravidezes de dois ou mais bebés é a medicina de tratamento contra a infertilidade. Outro motivo importante e que é preciso destacar é o aumento de gestações de mulheres com mais de 35 anos. Já imaginou ter uma gravidez de gémeos? A verdade é que, ainda que este seja um desafio para muitos pais, a felicidade chega a dobrar – no mínimo.
Sabia que o país com maior taxa de gestação gemelar é a Nigéria? Em último lugar na lista, com o menor número de gestações múltiplas, está o Japão. A Europa, e Portugal em especial, tem visto aumentar os números e estima-se que, hoje, a cada 8 gravidezes uma é múltipla. Vamos descobrir mais sobre o assunto?
Gravidez de gémeos: tudo o que precisa saber sobre este tema está aqui
A gravidez de gémeos é de risco?
Sim, a verdade é que uma gravidez gemelar é considerada uma gestação de risco, uma vez que aumentam as chances de a grávida desenvolver complicações como anemia, pré-eclâmpsia e diabetes. Já para os bebés, o risco é de parto prematuro e baixo crescimento. Por isso mesmo, o acompanhamento de uma gravidez de gémeos ou de múltiplos é diferenciado, sendo as consultas e exames mais regulares.
A gravidez múltipla: quando ocorre
À exceção dos casos que ocorrem devido aos estímulos dos tratamentos para a infertilidade, a verdade é que casos de gravidezes múltiplas são mais frequentes do que podemos imaginar. Geralmente, uma em cada 80 gestações será de gémeos, sendo a maior parte dos casos uma gravidez dupla.
A gravidez de trigémeos – ou seja, de 3 bebés – é bastante mais rara de acontecer, sendo estimado que ocorra uma à cada 80 mil casos. Quadrigémeos ocorrem numa gravidez a cada 750 mil, enquanto uma gestação quíntupla, de cinco bebés gémeos, acontece apenas a cada 65 milhões de gravidezes.
Sintomas de uma gravidez múltipla
Muitas mulheres, mesmo no início da gestação, desconfiam que estão grávidas de gémeos. Mas, será que a dúvida tem razão de existir? Há mesmo sintomas de uma gravidez gemelar? É isso que vamos desvendar para as futuras mamãs.
Sim, uma gravidez de gémeos pode mesmo significar ter sintomas em dobro, especialmente durante a primeira parte da gestação – o primeiro trimestre. Enjoos, cansaço e azia podem aparecer com maior intensidade e levar a mulher a desconfiar de uma gravidez múltipla. Ainda assim, é importante salientar que, até hoje, a única forma de confirmar uma gravidez de gémeos é um exame de ecografia.
Mais tarde, com o avançar da gestação, é comum ainda que problemas como dores nas costas, fadiga e hemorróidas apareçam com mais intensidade. A razão é simples de explicar: o peso da barriga é consideravelmente (e naturalmente) maior. Para as grávidas de gémeos, há ainda maior risco de hipertensão (tensão arterial elevada).
É, também, provável que a grávida de múltiplos necessite de repouso antecipado, lá pela 26ª semana. Em casos pontuais, onde há risco de parto prematuro, o repouso pode ser obrigatório mais cedo, a partir das 20 semanas.
Por estarem a alimentar mais bebés, é natural que essas gestantes sofram de anemia, por isso, pode ser aconselhada a toma de suplementos – nomeadamente, de ferro. Se é o seu caso agora, converse com o seu médico de família ou com o médico especialista sobre o assunto.
Determinar quantas placentas há é importante
Sim, além de determinar quantos bebés há no interior do útero da mulher, também se faz necessário confirmar o número de placentas existentes. Na maior parte dos casos, a gravidez de gémeos apresenta placentas distintas (sendo sinónimo de gémeos dicoreónicos/fraternos, mais conhecidos como “falsos”). Apenas em 20% das gestações uma única placenta é compartilhada pelos bebés, dando origem aos gémeos monocoriónicos/idênticos. Alem de mais rara, esta gravidez é mais complicada e vai exigir maior vigilância da gestante e dos médicos.
Controlo de riscos da gravidez
Em qualquer gestação, seja uma gravidez comum ou uma gravidez gemelar, existe a necessidade de controlo através de ecografias. Estes exames servem, sobretudo, para identificar em que estado se encontra a evoluir a gestação e despistar qualquer malformação, como o síndroma de Down (na ecografia que acontece entre a 11ª e a 14ª semanas). Uma vez que a gestação de múltiplos é considerada pela medicina como de risco, existe a sua associação a outros problemas, como a espinha bífida, em decorrência de deficiências do tubo neural, e até a doenças cardíacas congénitas.
Estima-se que este tipo de situação afete 25% dos gémeos “falsos” e 50% dos gémeos “verdadeiros”. Em regras gerais, o acompanhamento dos bebés pressupõe uma ecografia a cada 4 semanas, para verificar o ritmo de crescimento e qualquer possível malformação.
Os gémeos verdadeiros e o síndrome de transfusão feto-fetal
Nos casos dos gémeos monocoriónicos/verdadeiros, um dos maiores riscos conhecidos é o síndrome de transfusão feto-fetal, que afeta cerca de 15% dos bebés que compartilham da mesma placenta. Isso quer dizer que, ao partilharem da placenta, um dos bebés corre maior risco de receber menos (ou mais) sangue do que o outro. Tratar esta anomalia pode significar ter de corrigir a distribuição dos vasos através de uma cirurgia laser, ter de remover um possível excesso do líquido amniótico (através de uma amniocentese). Se os pulmões dos bebés já estiverem formados, pode acontecer um parto prematuro para evitar maiores complicações para os bebés.
O diagnóstico desta situação é sempre realizado através de uma ecografia. Fique atenta aos sinais:
- diferença (acentuada) no tamanho dos fetos de um mesmo sexo;
- diferença considerável no tamanho dos sacos amnióticos;
- diferença no comprimento dos cordões umbilicais;
- ausência de mais placentas (uma placenta partilhada);
- acúmulo de fluido na pele de um dos bebés;
- diagnóstico de insuficiência cardíaca no feto recetor;
- líquido amniótico em excesso no gémeo recetor (polidrâmnio);
- diminuição do volume de líquido amniótico no gémeo dador (oligohidrâmnio)
Parto prematuro na gravidez de gémeos
Os números mostram que as situações de partos prematuros em gestações múltiplas é mais comum do que gostaríamos – em média, uma gravidez de gémeos dura cerca de 36 semanas, enquanto a gestação de trigémeos dura 34. Por esta razão, se a gestante notar qualquer sinal de início de parto ou contrações, deve telefonar para o seu médico ou dirigir-se ao hospital. Se a cervix da grávida for mais curta, é mais provável que aconteça um parto prematuro.
Em situações de nascimento prematuro, é normal que os gémeos nasçam com peso inferior, quando comparado ao peso de um recém-nascido de uma gestação simples. Em média, os gémeos pesam cerca de 2,5 kg quando chegam ao mundo.
Gravidez de gémeos: dicas finais
Quer esteja grávida de um, dois ou mais bebés, o nosso conselho (e o conselho dos especialistas) é: desfrute da gestação ao máximo. Partilhe das novidades, mudanças, dúvidas e anseios com o seu médico, com o parceiro, com a família e, também, com outras mulheres que já passaram pelo mesmo. No caso de uma gravidez de gémeos, conversar com outras mamãs que já viveram o mesmo poderá ajudar a acalmar os ânimos. Peça dicas sem medos.
Se o risco deste tipo de gestação é capaz de gerar alguma ansiedade, lembre-se que as possíveis complicações são razões a mais para que se mantenha positiva.
Faça pequenas refeições ao longo do dia para manter bons níveis de energia e escolha alimentos saudáveis, como cereais integrais. Evite os açúcares refinados e qualquer tipo de alimento que forneça energia por um curto espaço de tempo.
Coma bem, de forma saudável, controle o peso e descanse bastante. De resto, aproveita a felicidade a dobrar!
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