Já não é novidade para ninguém que adicionar um membro canino à sua família implica um conhecimento prévio dos diversos problemas que poderá enfrentar – incluindo no que se refere à saúde. Aquilo que pode não saber é que até o sexo do animal deve ser tido em consideração, uma vez que certas doenças são exclusivas de um determinado género. É o caso da gravidez psicológica na cadela, que, obviamente, afeta apenas os cães do sexo feminino.
Com uma influência direta no comportamento e no normal funcionamento do organismo da sua companheira de quatro patas, esta falsa gestação é um cenário mais comum nas cadelas do que possa imaginar. De facto, mesmo em carnívoros não domésticos se verifica o fenómeno: em espécies como lobos ou coyotes nem todas as fêmeas se reproduzem, pelo que muitas passam por estes episódios e ficam até responsáveis por cuidar das ninhadas alheias (geralmente de exemplares mais dominantes).
Gravidez psicológica na cadela: tudo o que precisa de saber
Com certeza já ouviu falar de gravidez psicológica antes, uma vez que é um problema que afeta várias mulheres. O peso aumento, a barriga cresce, as náuseas não dão descanso e até a menstruação desaparece – no fundo, a mente engana o corpo. Curiosamente, este não é um problema exclusivo dos seres humanos, afetando também os caninos.
Também conhecida como pseudogestação, a gravidez psicológica na cadela caracteriza-se pelo surgimento de sinais físicos e comportamentais associados a uma gestação normal com a agravante de não existir de facto um feto. Isto significa que a cadela não está grávida mas o seu organismo funciona como se estivesse, apresentando todos os sintomas típicos.
Este problema tem na sua origem uma desregulação hormonal que ocorre cerca de 2 meses após o período do cio – mesmo que o animal não tenha tido relações sexuais. Nestes casos, a prolactina, uma hormona associada à gravidez e ao parto de uma cadela gestante, atinge níveis superiores àquilo que seria normal tendo em conta a ausência de um feto.
Resultado? A mente da cadela emite, erradamente, a informação de que ela está grávida e as alterações começam a ocorrer naturalmente. Curiosamente, este é um fenómeno mais comum do que pode imaginar: cerca de 50% a 75% das fêmeas não castradas passam por este problema, que, de formal geral, não está associado a qualquer outro obstáculo reprodutivo.
Sintomas
Os sintomas de pseudogestação são facilmente identificáveis, mas também confundidos com uma gravidez real. As cadelas passam a ter comportamentos maternais e indicativos da chegada de uma ninhada, ao mesmo tempo que o seu corpo sofre alterações que simulam a gestação. Isto significa que é crucial fazer o despiste e ter a certeza da inexistência de uma gravidez – o melhor será consultar um veterinário.
Fique então a conhecer os sinais a que deve estar atento:
- comportamento maternal;
- fazer o ninho;
- lamber o abdómen;
- “adotar” objetos e protegê-los (como um brinquedo, por exemplo);
- diminuição da energia;
- aumento de peso;
- lactação;
- falta de apetite;
- aumento da glândula mamária;
- vómitos;
- distensão abdominal.
No caso da adoção de objetos importa referir o facto de praticamente qualquer coisa poder atrair esse desejo no animal. As cadelas podem adotar desde pedaços de tecido, como uma manta, até brinquedos ou, imagine-se, um comando da televisão. Problema? A cadela pode passar a ser agressiva com qualquer pessoa que tente aproximar-se da sua “cria” ou do seu ninho: rosnar e morder são comportamentos habituais nestes casos.
A intensidade de todos os sintomas referidos, contudo, é bastante variável e depende do animal em causa. Isto porque está relacionada com a sensibilidade da cadela e com a libertação da hormona prolactina. Felizmente, na maior parte dos casos, as fêmeas retomam ao seu estado físico e comportamental normal após cerca de 2 semanas de falsa gravidez.
Tratamento e prevenção
Embora não seja um método com eficácia 100% garantida, especialmente nos primeiros meses, a castração é a única medida preventiva para este problema, já que evita a produção das hormonas associadas à gestação na fêmea. No entanto, não deve ser realizada aquando da gravidez psicológica, mas sim no período de pausa do ciclo reprodutivo do animal.
No que se refere ao tratamento desta condição, não existe nenhuma cura. Trata-se de um problema que, à partida, desaparece espontaneamente ao fim de cerca de 2 semanas, pelo que não será necessário agir com fármacos ou outro tipo de intervenções.
Porém, em qualquer caso deve consultar o veterinário, uma vez que existem alguns passos que podem tornar o processo menos incómodo para o animal. Vestir uma t-shirt à cadela, para evitar que lamba o abdómen e estimule a produção de leite, ou a utilização de compressas quentes e frias são apenas algumas das táticas frequentemente utilizadas.