Saber se temos peças valiosas em casa não é uma tarefa simples. Digamos que é uma competência que vamos adquirindo através da experiência, ou seja, através da pesquisa, da leitura, do contacto com colecionadores em feiras/leilões de antiguidades ou mesmo com outros apaixonados por peças de autor.
Descobrimos o mercado de antiguidades há bem pouco tempo. Antes disso, e no decorrer daquelas limpezas gerais da casa – que também são bastante terapêuticas -, limitávamo-nos a guardar em caixas ou a armazenar na garagem as peças que destoavam da decoração ou do nosso estado de humor.
Hoje, mais maduros, o processo de redescoberta destas peças tornou-se uma paixão. Por alguma razão, estamos mais sensíveis à autenticidade das peças antigas ou mesmo das peças que se destacam por alguma particularidade artesanal. Deve ser porque contrastam com a frugalidade dos tempos que correm.
Muitas das peças que hoje possuímos foram herdadas, carregam o peso de gerações e, com certeza, não testemunharam apenas a nossa história familiar. Estiveram sempre lá, apesar de não lhes darmos qualquer atenção e não fazermos ideia do valor que tinham – para lá do emocional.
No nosso caso, era o aparador que servia de suporte ao gira-discos, a cadeira vintage preferida do pai, as porcelanas, pratas e marfins da mãe que decoravam os armários louceiros repletos de rococós, para não falar dos relógios de caixa alta – mais do que assustadores. E, claro, os paninhos e colchas de renda bordados pelas avós que proliferavam por toda a parte. Quem diria que hoje são peças únicas, raras e com muita procura no mercado!
Pela tal paixão e pela experiência que fomos adquirindo no meio, somos procurados esporadicamente pelos amigos, sobretudo para ajudá-los a perceber melhor qual o valor das peças que têm em casa, algumas delas muito semelhantes às que descrevemos. Por essa razão, decidimos escrever este artigo e partilhar algumas dicas sobre como saber se tem peças valiosas em casa.
Guia para saber se tem peças valiosas em casa
1. A peça intriga-o e não sabe porquê?
Antes de fazer qualquer juízo de valor sobre as peças que tem em casa, convém enquadrá-las em categorias. A título de exemplo, apontamos as seguintes:
- Vintage;
- Peças indo-portuguesas, arte sacra e marfim;
- Livros, discos de vinil;
- Objectos de decoração e candeeiros;
- Pintura, escultura, serigrafia, gravura, fotografia;
- Porcelanas, faianças e cristais;
- Prata, ourivesaria e relógios;
- Mobiliário, entre outros.
Depois deste passo, e aparte as questões afectivas, é importante analisar cuidadosamente a peça. Esta pode intrigar-nos por várias razões, como sejam – o facto do seu design ser muito sóbrio, de linhas modernistas, ou que se adapta a qualquer proposta decorativa; ser uma peça feita à mão ou decorada de forma artesanal; parecer possuir metais preciosos ou outros que não consegue identificar; ter padrões sui generis ou têxteis de alta qualidade; os seus trabalhados serem altamente delicados ou com motivos que fazem referência a algum acontecimento ou narrativa histórica.
2. Investigue sobre o passado ou origem da peça
Se for uma peça herdada ou que está na família há vários anos, tente saber a data da sua aquisição e o valor da mesma. Peças com 10, 50 ou 100 anos têm valores comerciais muito distintos. Por norma, quanto mais antigas, mais valiosas.
3. Procure por marcas, carimbos, selos ou características muito específicas
Se for uma peça de mobiliário verifique não só a qualidade dos materiais que constituem a peça, mas, neste caso, o tipo de entalhes. Há peças cuja montagem não pressupõe um único parafuso. Esta é uma boa indicação da qualidade artesanal da peça. No caso de serem peças de joalharia/ourivesaria verifique as marcas de contrastaria. Se forem porcelanas ou faianças verifique o carimbo na base das peças ou ainda os selos que acompanham as peças de cristal.
Nunca cometa o erro de tirar estes selos para lavar os cristais. Já o fizemos tantas vezes e nunca nos perdoaremos por isso. Estas marcas, carimbos e selos comprovam a sua autenticidade, fabricante, qualidade dos materiais e, consequentemente, o preço.
4. Faça uma pesquisa de mercado sobre peças semelhantes
Depois de cumprir os passos anteriores já tem informações suficientes para fazer uma pesquisa aprofundada sobre a peça. Fique a conhecer peças semelhantes existentes no mercado e, claro, o seu valor. A partir daqui tem uma base de comparação a nível de características e de preços. Não descure a raridade da peça, pois este é um factor muito bem pago neste mercado.
5. Conheça melhor os materiais e os modos de concepção da peça
Conseguir identificar os materiais e as suas caraterísticas é um passo fundamental para aferir o verdadeiro valor da peça em questão. Se não os consegue identificar, procure amigos entendidos no assunto ou um especialista na área.
6. Avalie o estado de conservação da peça
Este é um factor importantíssimo e que temos tendência a descuidar. Se as peças tiverem muitos sinais de uso, mazelas e um mau estado de conservação, menos valor terão.
7. Registe-se em fóruns de antiguidades
Este é um passo que nos permite estar a par dos processos de avaliação de peças antigas, de autor, vintage ou com características artesanais. O diálogo e a troca de impressões com outros interessados neste tipo de peças é fundamental para começar a adquirir um conhecimento mais aprofundado das peças e do meio.
8. Procure o conselho de um profissional
Se é uma daquelas pessoas que não pode perder muito tempo a cumprir todos estes passos, aconselhamos que procure um especialista na área. Para aqueles que consideram cumprir este guia, continuamos a aconselhar que procure um ou mais especialistas, pois é sempre importante ouvir uma segunda opinião e comparar estimativas de valor.
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