Apesar dos indicadores da crise terem apresentado algumas melhorias e de já se falar numa possível recuperação económica, a verdade é que as famílias portuguesas ainda continuam com a corda na garganta e com inúmeras dificuldades em fazer face às suas despesas.
Dados divulgados pelo Banco de Portugal revelam que nos primeiros seis meses deste ano, foram quase nove mil as famílias que não conseguiram cumprir com todas as despesas e deixaram de pagar o crédito à habitação. Este indicador assusta, de certa forma, uma vez que pressupõe-se que a prestação da casa é sempre uma das últimas coisas com a qual o agregado familiar falha. Natália Nunes, responsável pelo Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco, assume que “sabemos por experiência, e porque a história assim o dita, que o crédito à habitação é a última despesa que uma família deixa de pagar. O crédito à habitação é um indicador poderoso e diz-nos que a situação financeira das famílias não está a melhorar, pelo contrário, continua a piorar”.
Já no primeiro trimestre deste ano, os dados publicados pelo Banco de Portugal revelavam que pelo menos 4000 famílias tinham deixado de pagar crédito à habitação. “A estas juntaram-se mais 1.767 famílias no segundo trimestre, para um novo máximo histórico de mais de 151 mil famílias que não conseguem pagar o crédito da casa. O montante em causa é também um recorde, com mais de 2,9 mil milhões de euros vencidos só na habitação”, lê-se em notícia.
De ressalvar que desde que a troika entrou em Portugal, mais de 12 mil famílias deixaram de pagar o crédito à habitação, valor esse que veio a diminuir em 2012 e 2013 e voltou a aumentar este ano.
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