Share the post "Hemocromatose: quando o excesso de ferro se torna um problema"
A hemocromatose é uma doença hereditária caracterizada por uma absorção exagerada de ferro. Numa situação normal, o nosso corpo tem mecanismos próprios que regulam a acumulação deste nutriente – que é obtido através da alimentação -, diminuindo, quando já não precisamos mais de ferro porque temos o suficiente em depósito, a sua absorção que é feita pelo intestino.
Nesta patologia, este mecanismo está alterado. O ferro continua a ser absorvido independentemente da quantidade já armazenada, levando a uma sobrecarga.
O que está na origem da hemocromatose?
Esta doença surge devido à herança de duas cópias do gene mutante HFE. Este defeito genético afeta 1 em cada 500 pessoas.
Segundo o que alerta a Associação Portuguesa de Hemocromatose (APH), quando não há diagnóstico precoce, o ferro em excesso espalha-se pelo sangue e por diferentes partes do nosso corpo. Quando isto acontece, numa situação mais avançada, podem surgir perturbações diversas em órgãos como:
- Fígado: cirrose;
- Coração: insuficiência cardíaca;
- Pâncreas: diabetes;
- Articulações: artrite;
- Hipófise: impotência sexual.
Quais os sintomas a que devemos ter em atenção?
Para evitar estas consequências, é preciso ter atenção a vários sinais relacionados, não só mas também, com os órgãos afetados pela doença. Os principais sintomas são:
- Fadiga crónica ou anormal;
- Dores articulares;
- Distúrbios sexuais;
- Pigmentação na pele;
- Dor abdominal;
- Perda de peso.
Como se diagnostica e trata a hemocromatose?
Quando há uma suspeita, o médico solicita uma análise sanguínea. Esta vai medir a taxa de saturação de transferrina, ou seja, a quantidade de ferro que circula no sangue. Se for elevada, será feito um teste genético para confirmação da existência desta doença.
Quanto ao tratamento, este é feito através de um processo que se chama sangria ou flebotomia, no qual é retirado sangue ao paciente. De cada vez que é feita uma sangria, a medula óssea vai recuperar a mesma quantidade de sangue, precisando para isso de ferro, removendo-o dos sítios onde este estava depositado.
Se se fizer este método de forma continuada, fazendo um tratamento intensivo que pode chegar a uma sangria por semana, é possível remover a quantidade acumulada em excesso deste nutriente. Passada esta fase intensiva, existem tratamentos de manutenção, podendo haver necessidade de fazer sangrias de 3 em 3 meses para evitar que o ferro se volte a acumular.
Outros conselhos
Fazer um diagnóstico precoce e seguir o tratamento são ações que permitem uma vida normal para quem tem hemocromatose. A APH deixa também alguns conselhos:
- Não tomar medicamentos com ferro;
- Não tomar vitamina C, pois promove a absorção deste nutriente;
- Não consumir álcool ou fazê-lo de forma moderada.
Se tratada precocemente, esta doença cura, permitindo a reversibilidade dos sintomas iniciais. A esperança de vida fica igual à da população saudável.
O importante é evitar que o excesso de ferro acumulado no sangue se espalhe ao longo de todo o corpo, afetando os vários órgãos, o que pode mesmo vir a ser fatal numa situação mais avançada desta patologia.
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