Ekonomista
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13 Jul, 2020 - 10:20

Híbridos Diesel: por que razão vemos tão poucos?

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Aliar baixos consumos a baixas emissões e maior autonomia parece ser aposta ganha. Mas por que motivo não temos mais híbridos diesel nas estradas?

Mercedes E300de

Com as vantagens evidentes na junção de motores elétricos a motores de combustão interna, os carros híbridos diesel são, à partida, uma boa aposta. É um raciocínio válido e muito comum.

Mas então, porque razão as marcas insistem nos carros híbridos com motores a gasolina e não oferecem mais híbridos com motores a gasóleo? Os híbridos diesel juntam o melhor de dois mundos, que é a ambição de muitos condutores.

Um motor elétrico tem a clara vantagem de não libertar gases para a atmosfera, ao contrário do que acontece num motor convencional. E com as soluções de baterias em constante desenvolvimento, estes componentes vão aumentando a capacidade de acumulação energética e de fornecer energia ao motor elétrico durante mais tempo.

É outra vantagem, pois permite ao carro híbrido mais tempo de funcionamento em modo elétrico, logo, menos consumo de gasolina ou gasóleo, resultando em menos emissões poluentes. Portanto, um motor elétrico junto a um motor diesel proporciona a um automóvel a vantagem de poluir menos.

Diesel: tecnologia para dar e vender

mangueira de gasolina

Motores a gasóleo mais poluentes que os motores a gasolina é assunto que está a deixar de fazer sentido.

Apesar da guerra anti-diesel iniciada por instituições e alguns governos, que incluem a proibição de carros a gasóleo em algumas cidades europeias, existem construtores que ainda não desistiram dos diesel, como das “três grandes” europeias, o Grupo PSA e o Grupo Renault, por exemplo.

Não só não desistiram, como afirmam que os motores a gasóleo ainda têm muito potencial.

Estes construtores afirmam que existe tecnologia capaz de ombrear com os motores a gasolina no que respeita a emissões poluentes. Além disso, e não é opinião apenas dos defensores do diesel, a passagem para os carros elétricos nos curtos períodos impostos pelos governos europeus é, por diversos motivos, impossível de concretizar.

Para o Grupo PSA não faz sentido abrir mão de tecnologia já existente e que pode marcar a diferença no imediato.

Híbridos Diesel são mais caros

poupar na compra de carro

Esta é uma das razões apontada para a baixa existência dos híbridos diesel. Os baixos valores de emissão de gases poluentes (pelo menos quando comparados com os Diesel de até há poucos anos) não justificam adicionar motores elétricos e respetivos sistemas de funcionamento.

Os ganhos em termos de redução de gases não compensam os elevados custos de implementação dos sistemas.

Os baixos valores de emissões poluentes dos motores a gasóleo já se aproximam o suficiente ao que se ganharia com um sistema híbrido, defendem muitos. E esta é outra razão apontada para a pouca existência de híbridos diesel.

O dinheiro investido em montagem de sistemas híbridos, com motores, baterias, cablagens e eletrónica, por exemplo, não compensa as (poucas) vantagens face às emissões de um motor diesel em “estado puro”. E claro, toda esta tecnologia é refletida no preço final, elevando o custo de aquisição do automóvel.

Híbridos Diesel: mais peso e redundância

Além de motivos económicos, que são os mais importantes e que ditam quase sempre o avanço da tecnologia, o peso é outro motivo apontado por quem defende que diminuir gases nos diesel não passa pela “hibridização”.

Mais peso implica alterações no comportamento dinâmico, segurança e, nalguns casos, conforto. E, claro, mais peso implica também mais gastos de combustível, consequentemente, mais emissões poluentes.

Mas existem mais razões para o facto de não vermos mais carros híbridos Diesel nas estradas. Há engenheiros que defendem que, do ponto de vista técnico, o motor elétrico não é o melhor complemento para o motor a gasóleo.

Pela própria natureza do seu funcionamento, a mecânica Diesel tem sempre boas doses de binário disponível a baixas rotações, mais que os motores a gasolina.

A força disponível desde o arranque é outra das grandes vantagens dos motores elétricos, pelo que esta característica nos dois motores em simultâneo (ou quase) não é encarada como uma vantagem pelos técnicos (sobretudo, e mais uma vez, tendo em conta a relação custos/benefícios).

O motor elétrico é um excelente complemento aos motores a gasolina – por disponibilizar em baixos regimes a força que o motor a gasolina só oferece nas faixas mais elevadas – mas não nos Diesel, onde acaba por ser redundante e (novamente) não justificar o investimento.

A Mercedes-Benz é neste momento a única marca ativa no que respeita ao casamento entre motores elétricos e motores a gasóleo, e já tivemos oportunidade de ensaiar o Mercedes E300de, que associa um motor diesel de 194cv a um elétrico de 122cv, tendo uma potência combinada superior a 300cv e 700Nm de binário.

O grupo PSA também ofereceu algumas soluções neste âmbito, como a geração anterior do Peugeot 3008 ou no DS5, mas entretanto esta proposta de motorização foi descontinuada.

Para fazer face às exigências em matéria de consumos e emissões, algumas marcas adotam um meio termo no híbrido diesel.

É o caso da Renault, por exemplo, com o Grand Scenic, embora não se possa considerar um verdadeiro híbrido, uma vez que o motor elétrico serve para auxiliar o motor a gasóleo, sobretudo nos arranques e recuperações.

Por esta razão é apelidado de sistema “mild hybrid”, pois o pequeno motor elétrico nunca assume controlo como elemento locomotor mas sempre como auxílio do propulsor principal.

Esta é uma solução que ajuda nas performances e dá o contributo na redução de consumos e emissões. E os custos não são tão elevados como num verdadeiro híbrido diesel.

O fator financeiro é, na maioria dos casos, o que decide o avanço ou não para uma tecnologia. Assim é com os carros híbridos diesel.

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