A estatística indica que a Perturbação da Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) afeta 3% a 7% das crianças. É habitualmente diagnosticada em idade escolar, podendo manifestar-se antes, nomeadamente a partir dos 4 anos de idade.
A hiperatividade é mais frequente nos rapazes, havendo 3 casos para 1 em raparigas, sendo que no género feminino o subtipo mais prevalente é o do défice de atenção. Esta é uma perturbação crónica, que se prolonga na adolescência e na vida adulta, sendo que os sintomas se vão atenuando com o passar do tempo. Saiba mais.
Hiperatividade, défice de atenção e impulsividade
Fique atento aos sinais.
O que é?
A hiperatividade diz respeito a uma perturbação neurocomportamental que se manifesta de três formas essenciais: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esta perturbação não desaparece com a passagem do tempo, havendo sim uma alteração dos seus sintomas. Mesmo entre as crianças, os seus sinais podem variar.
Existem três subtipos principais de hiperatividade: o défice de atenção, a impulsividade, e, ainda, uma fusão dos dois, ou seja, manifestações de défice de atenção com impulsividade.
Causas
Ainda não se conhece qual a origem exata da hiperatividade. Contudo, há alguns fatores que lhe são associados, nomeadamente:
- fatores biológicos/genéticos (o pai ou a mãe terem PHDA, por exemplo);
- ambientais/sociais/familiares (viver em ambiente agressivos e conflituosos, por exemplo);
- problemas durante a gravidez ou parto (consumo de tabaco e/ou álcool durante a gravidez, por exemplo);
- dieta alimentar pobre em nutrientes, proteínas, vitaminas, ácidos gordos e açúcar;
- problemas de ansiedade, depressão, etc.
Sintomas
Como dissemos, há três subtipos de hiperatividade e diferentes sintomas que lhes são associados e que podem variar de criança para criança.
Défice de atenção
Neste caso, as principais manifestações são: ter dificuldade em manter-se concentrado e focado; rejeitar tarefas que exijam concentração; fazer interrupções constantes; ser desorganizado.
Sinais de alerta
- Distrair-se facilmente;
- Ser desobediente;
- Ser esquecido;
- Perder coisas facilmente.
Hiperatividade
Nesta situação, há uma atividade motora excessiva e constante, manifestando-se numa grande dificuldade em ficar sentado, sossegado ou calado.
Sinais de alerta
- Falar muito
- Ter dificuldade em permanecer quieto e em silêncio
- Estar sempre agitado e enérgico
Impulsividade
Neste caso, existe uma grande dificuldade em controlar os impulsos; em esperar pela sua vez; em antever as consequências das suas ações.
Sinais de alerta
- Ser impaciente
- Interromper frequentemente as conversas
- Agir sem refletir
- Ter uma reduzida noção de perigo
Diagnóstico e tratamento
Diagnóstico
O diagnóstico desta perturbação pode não ser fácil, nem imediato. Para isso, é importante consultar profissionais aptos para avaliar estes casos, os quais irão fazer questionários, observação direta do comportamento, análise do historial clínico do doente e do seu ambiente familiar, avaliação neuropsicológica, entre outro exames complementares.
Tratamento
O controlo destas perturbações passa por fazer tratamentos farmacológicos (metilfenidato), psicoterapêuticos e psicossociais. Além disso, pode ser importante ter aconselhamento psiquiátrico e mudar alguns aspetos do estilo de vida.
O apoio psicológico educacional e/ou comportamental e a terapia ocupacional ou psicopedagógica são essenciais para controlar a impulsividade e melhorar a atenção da criança, sobretudo em contexto escolar.
Como ajudar uma criança hiperativa
Lidar com uma criança hiperativa pode ser um desafio para pais, educadores, professores e demais adultos que se relacionam com o jovem. Por isso, é importante aprender alguns truques e dicas.
- Sempre que falar com a criança hiperativa, tente que ela a olhe nos olhos e esteja totalmente focada em si.
- Comunique com frase simples, breves e objetivas e peça à criança para as repetir, de modo a entender se ela interiorizou a mensagem corretamente.
- Defina horários para acordar, comer, brincar, jogar, fazer os trabalhos de casa, ver televisão e ir para a cama. Quando houver alterações na rotina, deve explicá-las a criança e explicitar que é algo excecional.
- Quando a criança não cumprir uma tarefa, pode impôr-lhe um castigo, mas que seja curto e objetivo.
- Tente ter uma abordagem positiva com a criança, explicando-lhe com calma o que ela deve ou não fazer.
- Encontre um local fixo e adequado para a criança estudar, permitindo que ela faça intervalos curtos. Além disso, é importante ajudar a criança na organização do estudo e definir recompensas pelos objetivos atingidos.