“Somos uma empresa pequena na Europa. Precisávamos de arriscar e inovar”. Foi com estas palavras que o presidente e diretor da Honda Motor Europe LTD, Katshui Inoe, explicou uma decisão tão ambiciosa, durante a apresentação da visão electrificada para a Europa em Amesterdão, no dia 23 de outubro.
As expectativas para este evento eram grandes: ver a versão estática do tão badalado Honda E, o primeiro carro elétrico da marca a ser vendido na Europa, e, além disso, a apresentação internacional do novo Honda Jazz.
O objetivo da marca é bastante claro: apostar na eletrificação. E foi sobretudo esta visão elétrica para a Europa que a Honda quis promover neste evento por terras holandesas em que o Ekonomista Motores foi convidado a assistir.
Tudo começou com a presença de John Kingston, General Manager da Honda Europe no palco.
Uma visão eletrificada para a Europa
“O mundo automóvel está a mudar a uma velocidade nunca antes vista. Questões como a eletrificação, tecnologia, a autonomia do carro e até a conectividade com os telemóveis começam a ser, cada vez mais, o mais importante para o consumidor, levantando a difícil questão: que tecnologias havemos de apostar?”, começou por anunciar Kingston, passando rapidamente a palavra para Katshui Inoe, presidente e diretor da Honda Motor Europe LTD.
Após uma breve descrição de objetivos antigos já anunciados: a marca japonesa já tinha informado que pretendia que ⅔ das vendas globais fossem eletrificadas até 2030 e que, na Europa procurava-se eletrificar todas as vendas até 2025, o presidente e diretor da Honda Motor Europe LTD lançou a bomba:
“Podemos anunciar um novo objetivo, ainda mais ambicioso. Queremos agora que todos os modelos vendidos pela Honda em 2022 já sejam eletrificados”, salientou, antecipando a meta em três anos.
Porém, as surpresas não ficariam por aí. Subiu, então, ao palco Tom Gardner, vice-presidente da Honda Motor Europe LTD para explicar mais detalhes.
“A visão eletrificada da Europa começou com o Honda CR-V e dá uma grande passo com o Honda E e o Honda Jazz (que só terá motores híbridos). Mas, não queremos ficar por aqui. Até 2022 vamos lançar ainda mais quatro modelos, dois em 2021 e outro dois em 2022”.
Assim, com o lançamento do Honda Jazz, previsto para meados de 2020 (provavelmente abril) e do Honda E para finais do próximo ano, depreende-se que a marca japonesa tenha então seis modelos, todos ele eletrificados, já em 2022.
Além disso, o vice-presidente da Honda Motor Europe LTD também anunciou que, entre os restantes quatro novos modelos, estarão incluídos mais uma viatura totalmente elétrica e uma gama de modelos equipados com sistema e:HEV (Hybrid Electric Vehicle), iniciado com o novo Honda Jazz e que até 2022 terá também um SUV de aspeto estilizado.
Porém, há já uma certeza. A 4ª geração do Honda Jazz terá não só uma versão mais dedicada à mobilidade urbana, à semelhança do que acontece com o modelo atual, mas também uma outra versão, com maior distância em relação ao solo, tejadilhos na parte superior do veículo e proteções inferiores em plástico conferindo um ar mais robusto, assemelhando-se a um SUV – o Honda Jazz Crosstar.
Carregamentos mais fáceis e baratos
As preocupações atuais para os condutores de veículos eletrificados residem em três pontos fulcrais: gestão de energia, acesso a sistemas de carregamento e o preço.
Nesse sentido, a Honda já anteriormente havia anunciado acordos com: a Ubitricity, empresa de carregamento de automóveis inglesa; a Moixa, produtora britânica de baterias solares; e a EVTEC, marca suíça tecnológica, conhecida pelo desenvolvimento de sistema de fast charge (carregamento rápido)
Porém, a grande novidade divulgada em Amesterdão foi a parceria com a Vattenfall, fornecedor sueco de energia com enorme presença na Europa. Segundo divulgado pelos dirigente da marca japonesa, esta colaboração permitirá que a Honda forneça o primeiro acordo flexível de energia, focado em facilitar a vida dos proprietários de viaturas elétricas na Europa.
Resumidamente, o acordo assinado no dia 23 de outubro de 2019, permitirá custos inferiores no carregamento de viatura elétricas, graças ao uso de eletricidade gerada por fontes renováveis, como centrais hidroelétricas e parques eólicos.
O objetivo passa por aumentar as soluções de recarga urbana, destacando-se carregadores domésticos e a tecnologia V2G incorporada nos veículos, que permite que a energia armazenada seja disponibilizada na rede nacional de eletricidade para ajudar a fornecer energia nos momentos de maior procura, evitando o constante recurso às horas de madrugada, conhecidas como “horas de vazio”.
Este projeto iniciar-se-á já em 2020, na Alemanha e Reino Unido, prosseguindo depois para o resto da Europa.
Juntando tudo, os dirigentes da Honda não tiveram pudor em afirmarem-se como “a marca mais preparada para a gestão de energia”.
Apresentação do Honda-e E Honda Jazz híbrido
Referindo-nos ao Honda E, destaca-se um design futurista num automóvel citadino de segmento B, fácil de manobrar e com o centro gravitacional a 50 cm de distância ao solo, assim como uma motorização equivalente a 136 ou 154 cv (dependendo do motor que optar).
Outra estreia é a incorporação de câmaras no lugar dos retrovisores. O vídeo é replicado de forma imediata para visores colocados no interior do carro. A transmissão será automática, sem caixa de velocidades.
Já sobre o renovado Honda Jazz, sabe-se desde já que terá duas motorizações diferentes, ambas híbridas, assim como um sistema de travagem automática para mitigação de colisões (CMBS) aperfeiçoado, que, entre outras coisas, será adaptado para reconhecer com maior facilidade peões à noite.
O interior de ambos os automóveis não foram esquecidos. Apesar do tamanho, são extremamente confortáveis, sendo que o Honda Jazz manterá os bancos mágicos, desenhados especialmente para a resistência à fadiga.
Em termos tecnológicos, tanto um como o outro terão incorporados ecrãs centrais de grandes dimensões com aplicações integradas e conexão com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay sem fios.
Quanto à possível eletrificação daquela que é a principal imagem da marca – o Honda Civic Type R – a Honda informou que tal já foi analisado, procurando não revelar, desde já, mais informações. Levanta-se, portanto a questão se abrirão exceção a este modelo, de forma a não prejudicar um dos motores mais queridos da atualidade.
A Honda afirmou ainda que “todos os passos da eletrificação estão a ser estudados há 20 anos. A marca está habituada a cumprir com os objetivos e, obviamente, procurará sempre soluções novas e inovadores para conquistar os consumidores”.