A infeção por HPV está presente em todos os cancros do colo do útero e nas lesões pré-neoplásicas. De acordo com os dados fornecidos pela Liga Portuguesa contra o Cancro, são diagnosticados todos os anos cerca de mil novos casos de cancro do colo do útero em Portugal.
O HPV é o segundo carcinogéneo mais importante, logo a seguir ao tabaco. É responsável por 5% dos cancros, no geral, e 10% dos cancros, no género feminino. Perceba melhor o que é o HPV e como evitá-lo.
HPV: como diagnosticar e prevenir
A infeção por HPV é considerada uma das infeções sexualmente transmissíveis mais comuns em todo o mundo. É mais comum nos jovens e nos primeiros anos de atividade sexual. Estima-se que 50% a 80% da população sexualmente ativa adquira infeção por HPV em alguma fase da vida, embora geralmente ela não evolua para doença sintomática.
Este vírus é responsável pela formação de papilomas, isto é, lesões que podem ser benignas (como as verrugas, as lesões benignas da orofaringe e os condilomas). Contudo, em situações mais graves, pode evoluir para cancro, nomeadamente cancro do colo do útero, cancro vaginal (70%), cancro anal (84%), cancro da vulva (40%), cancro orofaríngeo e cancro peniano (47%).
Importa ainda dizer que existem diferentes tipos de HPV:
- alguns tipos de HPV afetam áreas como os pés ou as mãos, originando verrugas ou os chamados “cravos” (os tipos 6 e 11 do HPV são os mais frequentes);
- já outros tipos de HPV podem infetar a área anogenital. Este tipo de vírus pode transmitir-se durante o ato sexual ou, até, durante o contacto íntimo com a pele ou a mucosa de alguém que esteja infetado. Há cerca de 12 tipos de HPV de alto risco, entre os quais, os tipos 16 e 18 do HPV.
As lesões provocadas pelo HPV podem ser várias e nem todas são iguais. Tal facto deve-se ao elevado número de genótipos do vírus. Atualmente, conhecem-se cerca de 200 genótipos de HPV e todos eles correspondem a diferentes níveis de perigo para a saúde e para o bem-estar da pessoa.
Portanto, enquanto alguns vírus provocam infeções totalmente benignas e com a possibilidade de regressão espontânea em 1 a 2 anos, outros podem evoluir e provocar lesões cancerígenas. O período de incubação é de 3 semanas a 8 meses, em casos de baixo risco, ou anos, em situações de alto risco.
Sintomas de infeção
A infeção por HPV é na maioria dos casos assintomática, isto é, a maioria das pessoas infetadas pelo vírus não apresenta quaisquer tipo de sintomas de infeção.
Muitas vezes, as lesões causadas pelo vírus, como as verrugas, estão presentes em locais do corpo pouco acessíveis aos nossos olhos e, por isso, passam despercebidas. No que diz respeito às verrugas anogenitais ou condilomas, estas podem apresentar-se como pequenas lesões elevadas (tipo couve-flor) ou como lesões totalmente planas.
É ainda importante salientar que, nas mulheres, as verrugas podem aparecer em zonas como a vulva, coxas, uretra, reto, ânus e colo do útero. Já nos homens, as lesões localizam-se no pénis, uretra, ânus e zonas perigenitais.
Em caso de gravidez, em situações extremamente raras, o HPV pode ficar alojado na orofaringe do bebé, durante o parto. Neste tipo de casos, é necessário monitorizar os sintomas, como o aumento do tamanho e do número de verrugas (as quais, normalmente, diminuem logo a seguir ao parto).
Como é diagnosticada a infeção
Muitos homens ainda pensam que a infeção por HPV só afeta o género feminino. No entanto, este pensamento está totalmente errado. A infeção por HPV pode ocorrer tanto em mulheres, como em homens.
Por isso, nunca é demais enfatizar a importância do uso de preservativo durante as relações sexuais. Já nas mulheres, a realização da colpocitologia (teste papanicolau) pode ajudar a identificar algumas alterações precoces nas células do colo do útero associadas à infeção por HPV, a quais podem evoluir para cancro do colo do útero.
Este exame pode, assim, permitir o diagnóstico e o tratamento precoce do cancro do colo, o que melhora o seu prognóstico. Apesar de nos dizer se a mulher está ou não infetada com o HPV, este exame não é capaz de nos dar informação sobre o tipo de vírus em causa. Para isso, utiliza-se o HPV-DNA para identificação do vírus e da estirpe viral.
Nos homens, o diagnóstico é feito pela observação direta das lesões, por parte do médico.
Tratamento da infeção por HPV
O tipo de tratamento para a infeção por HPV é indicado pelo médico e pode variar de pessoa para pessoa. Há tratamentos que podem ser feitos em casa e outros que só podem ser realizados pelo próprio médico.
O tratamento associado à infeção passa pela aplicação de um produto nas lesões. Além disso, podem ser utilizados outros métodos como:
- Crioterapia;
- Eletrocoagulação;
- Laser;
- Excisão cirúrgica (muito raramente).
Importa ainda referir que, muitas vezes, depois do tratamento, as verrugas podem voltar a aparecer. Nesses casos, deve ser feito novo tratamento.
Prevenção do HPV
Existem algumas formas de prevenir este tipo de infeção. A melhor maneira e a mais eficaz é o uso de preservativo durante as relações sexuais. Perceba melhor como evitar o HPV:
- Preservativo: o uso de preservativo está indicado na prevenção de todos os tipos de doenças sexualmente transmissíveis, por isso também é uma forma de evitar o HPV. No entanto, importa relembrar que as zonas periféricas da área genital continuam desprotegidas.
- Comportamentos adequados: É extremamente importante que esteja devidamente informado sobre o tema e que realize os exames ginecológicos de rotina de forma atempada (exame ginecológico, colpocitologia (teste papanicolau) e/ou teste de HPV-DNA, se recomendado). Além disso, é importante que converse abertamente com o seu parceiro acerca desta e de outras doenças sexualmente transmissíveis.
- Vacinação: a vacinação é uma medida de prevenção de extrema importância. De acordo com o Plano Nacional de Vacinação, são recomendadas duas doses da vacina contra infeções pelo vírus do Papiloma humano de 9 genótipos (HPV9) a raparigas e a vacina HPV para todos os rapazes nascidos depois de 01 de janeiro de 2009.