Miguel Pinto
Miguel Pinto
02 Set, 2024 - 19:00

Corvo: a pequena ilha dos Açores com uma paisagem gigante

Miguel Pinto

A ilha do Corvo, nos Açores, é pequena em tamanho, mas grande em beleza. Saiba o que pode encontrar neste paraíso.

Caldeirão na ilha do Corvo

Durante muito tempo dizia-se, por piada, que uma das piores coisas que podia acontecer na ilha do Corvo era que o único multibanco existente apresentasse a mensagem “dirija-se ao multibanco mais próximo”.

O isolamento da mais pequena ilha do arquipélago dos Açores é uma realidade há muito tempo interiorizada pelos seus cerca de 400 habitantes. Nada que as ligações aéreas ou marítimas não resolvam.

Não obstante ser uma ilha pequena, a alma dos açorianos que ali resistem é do tamanho do mundo. Recebem sempre com amabilidade todos os turistas que, em determinadas alturas do ano, fazem com que o Corvo apresente um dinamismo demográfico assinalável.

E depois há, claro está, as formidáveis belezas naturais da ilha, uma escultura vulcânica no meio do Atlântico, cheia de cantos e recantos que é obrigatório conhecer.

Corvo: uma história centenária

A ilha tem origem numa única montanha vulcânica extinta, o Monte Gordo, sendo todo o seu litoral alto e escarpado, com a única exceção de uma fajã, na zona sul, onde acabou por se desenvolver a Vila do Corvo, o único aglomerado populacional existente.

Atrair gente para o local nem sempre foi uma tarefa fácil. Há, inclusivamente, registos históricos de algumas tentativas falhadas para estabelecer a presença humana em definitivo por aquelas paragens.

É que o Grupo Ocidental dos Açores foi descoberto em 1452, altura em que a denominação do Corvo era Santa Iria. No entanto, só em 1548 há notícias do povoamento da ilha, quando o capitão donatário da região, Gonçalo de Sousa, encaminhou para a ilha um grupo de escravos para trabalharem na agricultura e na criação de gado.

A partir de 1580, com a chegada de colonos da vizinha ilha das Flores, o Corvo torna-se habitado em permanência, sendo também alvo dos apetites de piratas e corsários que cruzavam os mares.

No entanto, só em 1938 a ilha teve, pela primeira vez, um médico residente e, a partir de 1983, ligação aérea direta com as restantes ilhas, através de um novo aeródromo.

O que visitar na ilha do Corvo

Logo à chegada, o primeiro passo é dirigir-se ao Centro de Interpretação Ambiental e Cultural do Corvo. É aqui que são prestadas todas as informações sobre a ilha e onde pode ficar a saber quais os locais que não deve perder na sua visita.

Pode ainda marcar visitas guiadas e visitar a Atafona da Canada, a última existente. Depois é avançar pelos 17 quilómetros quadrados do Corvo e maravilhar-se com a sua beleza.

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Caldeirão

Aspeto do caldeirão no Corvo
O Caldeirão é o testemunho da origem vulcânica da ilha

É o grande cartão de visita da ilha e um locais mais procurados e fotografados no Corvo. Com um diâmetro total de 2,3 quilómetros, e uma profundidade de 320 metros, é formado por uma magnífica lagoa e 12 cones secundários, chamados cones de escória.

A lagoa foi formada no interior da cratera do vulcão que deu origem à ilha, constituindo uma área muito rica em termos de biodiversidade. Absolutamente obrigatório.

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Praia da Areia

Praia nos açores
A única praia de areia da ilha fica na zona sul

Chama-se Praia da Areia ou Portinho da Areia. Situada na costa sul, é a única praia com areia, onde se enrolam as águas limpas e transparentes do Oceano Atlântico.

São um pouco frias, é verdade, mas um banho ali é absolutamente retemperador. O areal é composto por pequenos grãos originários da decomposição das rochas vulcânicas.

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Vila do Corvo

Vista aérea da vila do Corvo
A Vila do Corvo é onde vive toda a população da ilha

O único aglomerado habitacional da ilha abriga os perto 400 habitantes numa interessante cascata de pequenas casas. Para além do porto, e do aeródromo, um dos grandes pontos de interesse é a Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, que remonta ao século XVIII.

Pode ainda sentar-se numa esplanada, ou numa rocha, e admirar ao fundo o recorte da ilha das Flores.

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Moinhos de Vento

Moinhos do Corvo
Os moinhos de ventos são um ex-libris da ilha

Os três moinhos construídos nos séculos XIX e XX ficam no Caminho dos Moinhos e são já considerados património histórico.

Para além de um importante testemunho de artes e saberes de antanho, tornaram-se agora num ponto de atração da ilha. O Festival dos Moinhos, que se realiza anualmente, já arrasta para o Corvo um número considerável de turistas e curiosos.

Estando pela ilha, pode ainda visitar espaços como o Ecomuseu ou o Império do Divino Espírito Santo, local de convívio, festas e procissões. Há de facto muito para ver.

O facto de ser uma ilha muito pequena, não retira nenhum encanto ao Corvo. Tem aquela beleza selvagem dos Açores e é um testemunho da força dos elementos. Uma viagem que deve mesmo colocar na sua agenda.

Como ir

A melhor forma de chegar ao Corvo é de barco, a partir da ilha das Flores. A viagem é rápida, mas vale muito a pena. Há vários voos da Sata entre Lisboa e as Flores. Por isso, é só escolher a melhor altura.

Onde ficar

Como já dissemos a ilha do Corvo é pequena, o que faz com que não abundem os alojamentos. Ainda assim, é possível recomendar o Hotel Comodoro ou a Joe & Vera’s Vintage Place.

Onde comer

A escolha não é particularmente vasta, mas garantimos que é plena de sabor. Para uma refeição requintada e inesquecível, nada como o fabuloso restaurante “O Caldeirão”.

Deve ainda passar pelo café/bar “Irmãos Metralha” ( com boa comida regional) e terminar a sua volta pela ilha no “BBC Café & Lounge”.

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