Elsa Santos
Elsa Santos
24 Abr, 2020 - 09:50

O impacto da pandemia nos estágios profissionais em Portugal

Elsa Santos

Muitos viram a experiência comprometida, outros ficaram em regime de teletrabalho e alguns não notaram alterações. Conheça o impacto da pandemia nos estágios profissionais.

impacto da pandemia nos estágios: jovem a trabalhar ao computador e ao telefone em casa

A COVID-19 gerou muitas mudanças e adaptações no mundo do trabalho, mas qual o impacto da pandemia nos estágios profissionais em Portugal?

Para centenas de jovens recém-formados que se encontravam em estágio ou se preparavam para iniciar a experiência, viram os planos interrompidos ou adiados devido às medidas decretadas pelo Estado de Emergência Nacional.

O isolamento social, o encerramento e readaptação de alguns setores de atividade, geraram mudanças, maiores ou menores, para várias centenas de estágios profissionais nacionais e internacionais.

Se uns esbarraram em dificuldades, outros encontraram uma oportunidade de fazer algo diferente.

Perceba melhor qual foi o impacto da pandemia nos estágios profissionais em Portugal.

qual o impacto da pandemia nos estágios?

impacto da pandemia nos estágios: jovem a trabalhar de casa

Estágios profissionais do IEFP

Os estágios profissionais financiados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), realizados por centenas de jovens recém-licenciados (sobretudo, mas não só), todos os anos, sofreram com o impacto da pandemia.

Logo à partida, todos os que estavam integrados em empresas que suspenderam a sua atividade, entraram am regime de layoff total ou parcial. Da mesma forma, todos os que estagiavam em áreas cuja natureza não permite o teletrabalho.

Estas foram algumas das circunstâncias que levaram algumas empresas a pedir a suspensão, adiamento ou cancelamento de estágios profissionais. Atualmente, um número muito considerável de estagiários está inativo.

Em alternativa, o IEFP propõe que, nos casos em que seja possível, as empresas optem pela transição para regime de teletrabalho em vez de os terminar. Sempre que tal não seja possível, a entidade promotora do programa de formação prática em contexto de trabalho, sugere ainda o reagendamento do “calendário de estágio” para um novo período, assim que essa solução seja viável.

Considerando o impacto provocado pelo surto da COVID-19 no contexto de formação nas empresas, o IEFP preparou um guia de Ajustamentos introduzidos nas medidas ativas de emprego, onde se incluem os estágios profissionais, divulgado recentemente.

Um dos pontos abordados diz respeito à ausência justificada do estagiário em entidade promotora sem interrupção de atividade, a qual pode acontecer devido, nomeadamente, a doença crónica considerada de risco, acompanhamento de filho ou outro dependente menor de 12 anos.

A ausência justificada corresponde a um período de suspensão que adia o termo do contrato, retomando-se a atividade por prazo idêntico após a cessação da situação.

Consulte o documento e conheça todos os ajustes.

Estágios Internacionais

A primeira restrição imposta às duas centenas de jovens, da edição 2020, do programa de estágios internacionais INOV Contacto, da Aicep, foi a exclusão da China ou de qualquer outro país asiático da lista de destinos.

Ainda longe de ser declarada a pandemia, o coronavírus já era um problema conhecido e esta foi considerada uma medida de segurança. Ainda assim, foram colocados estagiários em mais de 80 países, incluindo Itália, Espanha, Bélgica, Reino Unido, Moçambique, Irão, Quénia, Brasil ou Argentina.

Depois da China, a Europa assume o epicentro do surto, com países como Itália e Espanha entre os mais afetados, e é declarada a pandemia da COVID-19. Perante a crise, são tomadas medidas. Impõe-se o isolamento social, restrições às viagens, que resultam na suspensão de voos um pouco por todo o mundo, ou mesmo o encerramento de fronteiras.

Perante o cenário de incerteza, os estagiários INOV tiveram de fazer escolhas em tempo recorde: continuar em estágio nos países de acolhimento, a trabalhar a partir de casa (no caso de existir essa possibilidade) ou regressar a Portugal. Uma decisão apoiada pela entidade responsável pelo programa.

Os que escolheram continuar o estágio, ficaram em isolamento e regime de teletrabalho, incluindo em Itália. Alguns ficaram a aguardar decisão relativamente à possibilidade de continuar a experiência remotamente, a partir de Portugal, enquanto que outros (poucos) desistiram.

Regressar aos países que escolheram e terminar a experiência lá, em condições normais, é uma incógnita, considerando a excecionalidade do virus.

Os estagiários que permanecem no estrangeiro recebem ajudas para suportar a estadia, através do subsídio de permanência no exterior, enquanto que quem regressou a casa não tem direito a essa componente.

O programa de estágios internacionais INOV Contacto, organizado pela Aicep, é co-financiado pelo POISE – Programa Operacional de Integração Social e Emprego, do Portugal 2020, integrando a Iniciativa Emprego Jovem ao abrigo do Fundo Social Europeu, da União Europeia.

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estágios profissionais em tempo de covid-19

Estágios virtuais

Há setores de atividade que se mantêm à distância. Áreas com uma base digital, como Design gráfico, programação ou outras, dão continuidade ao seu trabalho sem grandes alterações ou dificuldades.

Apesar de todos os constrangimentos causados pela pandemia, o mercado de trabalho está a reagir, a adaptar-se e a recrutar novos estagiários e profissionais, sem ser preciso sair de casa.

A Simply Hired, por exemplo, está a divulgar 10 ofertas de estágios em empresas portuguesas que podem funcionar remotamente.

A nível internacional, o tema ganha outra dimensão. De acordo com o jornal Financial Times, alguns dos bancos de investimento de Wall Street como a JP Morgan Chase e o Citigroup estão a adiar o início dos estágios e querem transformá-los em experiências totalmente digitais.

Existem ainda, porém, algumas reservas quanto à sua viabilidade relacionadas com eventuais problemas de conectividade. Por sua vez, os estagiários revelam preocupação quanto ao facto de os “estágios virtuais” poderem não lhes permitir obter a formação adequada para as funções, segundo dados de um inquérito da Ivy Research Council.

De acordo com o estudo, 18% dos bancos consideram os estágios profissionais “totalmente virtuais” a alternativa mais adequada nas circunstâncias atuais.

Num total de 22 bancos inquiridos, 5% manifesta a intenção de reduzir o tempo de estágio, 36% pretende dar início a estágios profissionais virtuais, 36% preferia esperar pelo fim da crise e ter estágios presenciais e, os restantes 5%, pretende adiar os estágios para outros programas no futuro.

Dentro ou além fronteiras, em áreas profissionais distintas, as ofertas de estágio ou de trabalho continuam a existir, com requisitos à medida da atualidade. Afinal, à distância também é possível aprender, trabalhar e construir o futuro.

Tempo de oportunidades

Com comunidades ligadas em rede, mais do que nunca, estabelecem-se novos contactos, mostra-se trabalho, angariam-se contactos e abrem-se portas, oportunidades. Esta é, para muitos, uma boa altura para limar arestas aos conhecimentos e competências adquiridas ou a melhorar.

Preparam currículos e portfólios, preparam candidaturas. Um estágio profissional é para aqueles que terminaram há pouco ou estão prestes a terminar a sua formação a rampa de lançamento para o mercado.

Para quem tem a oportunidade de começar agora, provavelmente, terá uma predisposição maior para os desafios, comparativamente àqueles que há muito se habituaram (ou acomodaram) às rotinas.

Esta pode ser uma oportunidade para preparar profissionais ainda mais capazes de responder a um mercado/mundo em mudança.

O impacto da pandemia nos estágios profissionais pode ser, pois, positiva.

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