Numa época em que a escola se adapta a novas realidades e em que o processo de ensino-aprendizagem se reinventa, ganha especial destaque a importância dos professores, não só na formação dos alunos, mas na vida das famílias e da sociedade em geral.
Ainda que nunca tenha deixado de ser imprescindível, a importância dos professores foi desvalorizada durante muito tempo, até que a COVID-19, o confinamento e o ensino à distância mostraram que educadores e professores têm um papel determinante não só na aprendizagem de crianças e jovens, mas também na sua motivação, criatividade, autonomia e estabilidade emocional.
Entenda a importância dos professores e o que mudou com a pandemia.
QUAL A IMPORTÂNCIA DOS PROFESSORES EM PORTUGAL?
Profissão: Professor
A profissão de professor está regulamentada no Estatuto da Carreira Docente que abrange Educadores de Infância e Professores dos Ensinos Básico e Secundário, sendo aplicado a todos os docentes, qualquer que seja o nível, ciclo de ensino, grupo de recrutamento ou área de formação, que exerçam funções nas diversas modalidades do sistema de educação e ensino não superior, e no âmbito dos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário na dependência do Ministério da Educação.
Aprendizagem contínua
Para poder ensinar da maneira mais adequada e eficiente, o professor necessita de uma aprendizagem contínua ao longo do seu percurso. Sendo uma profissão determinante na sociedade, tem, necessariamente, de se adaptar aos desenvolvimentos, nomeadamente tecnológicos, de modo a dar a melhor resposta aos desafios e exigências.
De acordo com o Artigo 15º do respetivo Estatuto, o professor e educador tem direito a formação contínua para
“assegurar a atualização, o aperfeiçoamento, a reconversão e o apoio à atividade profissional do pessoal docente, visando ainda objetivos de desenvolvimento na carreira e de mobilidade”.
A formação contínua deve ser planeada pelos agrupamentos ou por iniciativa individual, de forma a colmatar necessidades e promover o desenvolvimento de competências profissionais.
Mais do que uma profissão
Ser professor é abraçar uma missão, a missão de ajudar a construir o futuro e mudar o mundo. Pode parecer uma visão romântica, mas a verdade é que é mesmo isso que educadores e professores fazem, ou podem fazer.
Educar e formar é mais do que transmitir conhecimento ou conteúdos programáticos, é cativar, incentivar, apoiar, sensibilizar, informar, inspirar, inovar, envolver e (essencial) dar o exemplo, para construir em conjunto.
A escola é a chave para uma sociedade mais responsável, mais solidária, melhor. O professor assume o papel principal nesta missão.
PANDEMIA REFORÇA A IMPORTÂNCIA DOS PROFESSORES
Estudo nacional revela reforço da importância dos professores
Encarregados de educação atribuem 4,5 valores (numa escala de 1 a 5) aos professores. O trabalho e a dedicação dos docentes e educadores foram valorizados em contexto de pandemia e no ajuste ao ensino a distância. Um estudo nacional revelou uma mudança de perspetiva durante o confinamento.
O ensino foi um setor que teve de se readaptar, de um dia para o outro, às circunstâncias de uma pandemia. Num dia, as escolas fecharam e todos os alunos foram para casa. No outro, mudavam-se rotinas, alteravam-se procedimentos, implementava-se o modelo de ensino a distância, mas tarde a telescola.
Se antes, os pais valorizavam sobretudo o esforço dos filhos e o seu envolvimento no processo de aprendizagem, o papel dos professores destacou-se e ganhou pontos.
Assim, o contexto atípico de pandemia em que ainda vivemos veio reforçar a importância dos professores. Os pais valorizam mais o papel de quem ensina com um valor médio de 4,49 numa escala de 1 a 5.
Este é um dos resultados do estudo “O papel da escola e dos educadores”, realizado entre junho e julho de 2020, a mais de 23 mil encarregados de educação, de todo o país, incluindo ilhas.
Uma análise promovida pela Iniciativa Escola Amiga da Criança em parceria com a Porto Business School e a Faculdade de Psicologia da Universidade Católica do Porto.
Os pais consideram, com uma média de 4,05 valores, que o esforço dos professores foi adequado ao ensino em tempos de pandemia e determinante nas aprendizagens dos alunos.
Há, no entanto, uma mudança de perspetiva. Num estudo de 2019, que conduziu a este, sobre a missão da escola, o destaque era dado a pais (em 2º lugar) e filhos (em 1º lugar) como os maiores responsáveis pela aprendizagem. As atenções viram-se agora para os professores que deixam de ser vistos como os últimos (3º lugar) no processo educativo de crianças e jovens.
No confinamento, os pais tiveram a oportunidade de conhecer (e reconhecer) melhor o papel dos professores e educadores, afirmando ter conseguido contactar os docentes com mais regularidade e de forma mais contínua, numa média de 4,07 valores, ainda que no ensino a distancia iniciado em meados de março – aulas síncronas (27%), o #EstudoEmCasa TV (21%) e aulas assíncronas (19%), apenas 86% dos estudantes do pré-escolar ao 12º ano tiveram mantiveram contacto com a escola, os restantes 14% não tiveram aulas.
Neste estudo, quase metade dos inquiridos (46%) tinha filhos que frequentavam o 1.º Ciclo, seguindo-se os encarregados de educação de alunos do 2.º Ciclo (20%), do 3.º Ciclo (18%), do pré-escolar (8%) e do Secundário (7%). Nove em cada dez tinham entre 31 e 50 anos, metade entre 41 e 50.
O projeto Escola Amiga da Criança distingue escolas que concebam e concretizem ideias extraordinárias, para um desenvolvimento mais feliz da criança no espaço escolar, e partilha essas boas práticas.
É, pois, inquestionável a importância dos professores para alunos e respetivas famílias, assim como para o país e o mundo. Uma importância reforçada em contexto de pandemia.
OE2021: A EDUCAÇÃO COMO PRIORIDADE?
OE2021 e o futuro das educação em Portugal
O Orçamento do Estado 2021 para a Educação tem mais 7,1% para aplicar financeiramente, comparativamente com o ano passado, prevendo a contratação de 3 mil assistentes operacionais.
Ao todo, em 2021, serão mais de 9 mil profissionais, entre professores, assistentes, psicólogos e outros funcionários. Serão 3 300 os docentes para tarefas específicas de recuperação e consolidação das aprendizagens, 900 técnicos de intervenção, nomeadamente psicólogos, animadores, assistentes sociais, terapeutas.
Na lista estão também o rejuvenescimento do corpo docente e a estabilidade nos quadros, de modo a potenciar a conciliação entre a vida profissional e familiar. No entanto, não são apresentadas medidas específicas.
O investimento na Educação é considerada pelo Governo uma prioridade. O maior défice estrutural do país é o défice do conhecimento e qualificação dos recursos humanos.
Porém, as organizações representativas dos professores portugueses não estão totalmente satisfeitas com o Orçamento do Estado. A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) entregou quatro propostas sobre diversas matérias, como a regularização da carreira docente e horários e condições de trabalho, que quer que sejam discutidas antes da aprovação do Orçamento, cuja votação final está marcada para 26 de novembro.
A recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias de serviço prestado e não contabilizado e um regime específico de aposentação para a classe constam nas propostas da FENPROF.
Por sua vez, a Federação Nacional da Educação (FNE) fala numa aposta na educação e formação que se esgota na falta de recursos. Considera as medidas insuficientes para as necessidades e aponta o facto de não estarem definidas ações de intervenção estratégica que permitam o rejuvenescimento da classe docente, a eliminação da precariedade e tornem a profissão atrativa.
A FNE considera, ainda, os 3 300 professores e 900 técnicos insuficientes. A Educação e, de uma forma especial os professores e educadores, aguardam por melhores condições de trabalho.