Share the post "A influência da guerra e inflação no emprego: o impacto em Portugal"
Se a influência da guerra e inflação no emprego é um assunto que lhe interessa, então, deve saber que o mercado de trabalho português está a resistir ao impacto da guerra na Ucrânia e à escalada da inflação.
Com a recuperação de postos de trabalho no turismo e nas atividades administrativas, é possível observar que o desemprego baixou e o emprego está em alta (ainda que com valores aquém dos observados antes da pandemia).
De facto, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) vêm confirmar esta evolução em linha com o crescimento da economia no primeiro trimestre. Saiba tudo.
A influência da guerra e inflação no emprego: questões fundamentais
Se o que queremos perceber é o impacto da guerra no mercado de trabalho português, existem algumas questões nas quais nos devemos focar num primeiro momento.
Taxa de desemprego desce e o número de pessoas empregadas sobe
Primeiramente, é essencial referir que a taxa de desemprego em Portugal recuou no primeiro trimestre de 2022, atingindo 5,9% – o que compara com 6,3% no último trimestre do ano passado, segundo os dados publicados pelo INE. Trata-se também de um recuo face ao mesmo período do ano passado, quando a taxa de desemprego atingiu os 7,1%.
De acordo com a nota publicada pelo gabinete de estatística, o número de desempregados atingiu os 308,4 mil pessoas – menos 6,7% do que nos trimestre anterior e menos 14,3% que no trimestre homólogo.
Redução do emprego jovem e mais igualdade no emprego
Relativamente ao desemprego jovem, isto é, entre os 16 e os 24 anos, diminuiu para 20,6% (valor inferior em 2,8 pontos percentuais) ao do trimestre anterior, mas ainda assim superior aos valores antes da pandemia.
Além disto, saiba que no 1º trimestre de 2022, o número de mulheres empregadas (2.430,4) aumentou 5% face a 2021.
Através destes dados, é possível verificar que o mercado de trabalho está a beneficiar da recuperação da economia com o aligeirar de algumas restrições e a verdade é que não parece estar ainda afetado pela inflação e pela guerra na Ucrânia.
Em relação ao número de pessoas empregadas, este subiu para 4,9 milhões – uma subida de 0,4% face ao último trimestre de 2021 e um aumento de 4,7% no período homólogo.
Além disso, o INE nota ainda que a proporção da população empregada que “trabalhou sempre ou quase sempre a partir de casa”, isto é, em teletrabalho, situou-se nos 10,4% – equivalente a 510,2 mil pessoas.
Ora, desde que este indicador começou a ser monitorizado na sequência da pandemia, este valor significa a segunda menor taxa e é apenas ultrapassado pelo valor registado no último trimestre de 2021.
Assim e de um modo geral, a população ativa manteve-se praticamente inalterada face ao trimestre anterior, mas aumentou 3,3% face a igual período em 2021, para 5.209,3 mil pessoas.
Uma vaga de crescimento no Turismo em Portugal, mas menos criação de postos de trabalho
Já neste ano e também no próximo, Portugal deverá passar por uma nova vaga de crescimento muito rápido no turismo. No entanto, a Comissão Europeia (CE) refere nas previsões económicas da primavera que a criação de emprego associada deverá ser ainda mais fraca do que no ano passado.
Também o Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou na avaliação anual ao País (artigo IV), o papel deste setor na retoma. Além disto, espera ainda que o turismo recupere totalmente da pandemia já em 2023.
Segundo a CE, os “Estados-membros com uma exposição significativa ao turismo registaram uma tendência ascendente na balança de serviços em 2021 que se prevê que continue em 2022 e 2023”.
Assim, e pelas contas de Bruxelas, “os maiores aumentos projetados do excedente de serviços entre 2021 e 2023” devem acontecer na Grécia, em Espanha e Portugal.
Face aos seus pares europeus, Portugal aparece bem posicionado nas novas previsões e para a Comissão “após o forte início do ano, o PIB de Portugal deverá aumentar 5,8% em 2022, uma vez que o setor dos serviços, particularmente o turismo estrangeiro, deverá recuperar fortemente a partir de uma base baixa”.
Contudo, e apesar das expectativas para o setor, a verdade é que a CE diz que não vai haver um reflexo dessa magnitude no emprego e que o desemprego continuará a baixar, mas cada vez mais devagar.
Um sentimento agridoce relativamente às previsões para o mercado de trabalho
Como todos sabemos, estas não são questões com respostas diretas e totalmente assertivas. Afinal, a economia europeia pode mesmo vir a sofrer um abrandamento ou até mesmo uma forte estagnação.
No entanto, é importante não esquecer que independentemente de tudo, Portugal é o Estado-membro da União Europeia que regista um maior crescimento económico e que apresenta neste momento a mais baixa inflação. Mas mesmo assim, é essencial estarmos alerta para uma subida de preços quase inevitável e diminuição da criação de novos postos de trabalho.
Relativamente às condições do mercado de trabalho, estas deverão continuar a melhorar. Afinal, a previsão é que o emprego cresça 1,2% este ano na União Europeia, embora esta taxa seja estimulada pelo forte dinamismo registado no segundo semestre do ano passado.
As pessoas que têm fugido da guerra na Ucrânia deverão entrar gradualmente os mercados de trabalho em toda a UE, mas a verdade é que os efeitos concretos daí derivados só serão visíveis a partir do próximo ano.
Efetivamente, o que se prevê é que na União Europeia, as taxas de desemprego continuem e descer, passando para 6,7% este ano e 6,5% em 2023.