Em pleno pico do inverno, o frio sente-se até nos ossos. Já lá vão muitos dias a vivermos encolhidos pelas temperaturas baixas, sob um céu cinzento e pesado. As obrigações do quotidiano não dão tréguas e, por vezes, parece não haver “espaço” para expandirmos o que vive preso em nós. Sentimo-nos densos, abatidos e com pouca vontade.
Bate aquele vazio, uma tristeza surda, uma falta de ânimo e uma tentação em trocar o “ir” pelo “ficar”. Ficar em casa, ficar na cama, ficar sozinho, ficar a ver televisão… Não ir, simplesmente. Isso sem falar na ansiedade, que nos acelera o coração naqueles momentos exigentes, que vem e nos asfixia lentamente. O stress e ansiedade tomam de assalto os nossos dias e roubam literalmente a nossa energia – afinal, as reservas não são infinitas.
Viver com a alma enrugada, muitas vezes, dá direito a um diagnóstico comum nos tempos de hoje: a depressão. Porém, este artigo não nos vem falar sobre esta doença, vem antes dar-nos a conhecer uma alternativa natural, medicinal para controlarmos e molharmos o humor: a infusão da boa disposição.
Qual é a composição da infusão da boa disposição?
Podemos chamar-lhe o chá do otimismo e deve ser tomado em duas ou três chávenas por dia. A um litro de água a ferver, adiciona-se meia colher de sopa de cada um dos ingredientes, deixando, de seguida, ferver durante 3 minutos. Depois de repousar por 5 minutos e coar, junte o mel e uma gota de limão.
Hipericão (Hypericum perforatum L.)
Também conhecida como Erva-de-são-joão, cresce espontaneamente em Portugal, nos campos, sebes, prados. Não deve ser confundida com o Hipericão do Gerês (hypericum androseum), o qual tem efeitos terapêuticos digestivos, mas sem ação antidepressiva.
A sua indicação na ansiedade, depressão e agitação deve-se à atividade dos seus constituintes, hipericinas e hiperforina, que ajudam a inibir a ação da monoamioxidase e a recaptação da seretonina, noradrenalina e dopamina. O efeito calmante do hipericão tem tido uma ampla aplicação terapêutica nos quadros de irritabilidade, stress, insónias, terrores noturnos e ataques de ansiedade.
É um ótimo coadjuvante nas alterações de humor comuns da menopausa, na regulação de sono nos idosos e no controlo de apetite na obesidade associada a quadro depressivo.
Passilora (Passiflora incarnata L.)
Também conhecida como Flor-da-paixão, esta é a planta do maracujá, cuja flor tem propriedades sedativas e ansiolíticas. É muito indicada nos casos de transtornos nervosos, especialmente nos jovens – como ansiedade, irritabilidade, taquicardia, palpitações, insónia e agitação de origem nervosa.
A passiflora promove o sono sem interrupções, mais tranquilo, contínuo e reparador. A sua associação ao hipericão potencia o seu efeito antidepressivo.
Valeriana (Valeriana officinalis L.)
Planta abundante na Europa e muito conhecida dos portugueses. São utilizadas para as infusões os rizomas e raízes da valeriana, também chamada Erva-dos-gatos.
Vários estudos clínicos têm demonstrado o efeito sedativo da raiz da valeriana. Os seus constituintes possuem uma ação tranquilizante, hipnótica, relaxante muscular e anticonvulsiva. Tem uma importante indicação em casos de broncoespasmos, espasmos e cólicas intestinais de origem nervosa e colites devido ao stress.
Melhora a qualidade do sono. Quando associado ao hipericão e à passiflora diminui a ansiedade e melhora o humor.
Erva-cidreira (Melissa officinalis L.)
Uma planta muito popular em Portugal, disseminada em lugares sombrios e húmidos, nas zonas quentes e temperadas. Para além dos efeitos digestivos e cicatrizantes no tratamento de problemas como gases, colites, enfartamento e cólicas gastrointestinais, a erva-cidreira tem uma ação poderosa ao nível do sistema nervoso central.
É um excelente tónico cerebral com ótimos resultados na ansiedade, inquietação e irritabilidade. Associada ao hipericão e à passiflora, a erva-cidreira tem uma ação antidepressiva, melhorando significativamente o humor.
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