A intoxicação alimentar é um problema relativamente comum e que, em certos casos, pode mesmo ser fatal. Embora seja mais frequente e letal em países em desenvolvimento, nomeadamente devido à ingestão de água imprópria para consumo, a intoxicação alimentar é um problema global.
As doenças alimentares são 300 a 350 vezes mais frequentes, atingindo 1 em cada 3 indivíduos, todos os anos. A gastroenterite é mesmo a doença com maior prevalência em todo o mundo. Perceba, por isso, em que consiste a intoxicação alimentar, como tratá-la e, se possível, como preveni-la.
Intoxicação alimentar: perceba em que consiste este problema
Na origem da intoxicação alimentar, estão organismos patogénicos presentes, por exemplo, em alimentos, os quais infetam o corpo humano, podendo causar desconforto intestinal, desidratação, diarreia com sangue, prostração e/ou alterações de consciência.
Os alimentos que são mais frequentemente portadores de bactérias e microorganismos nocivos para o nosso corpo são: os ovos e derivados; a carne; o peixe e os laticínios.
Sintomas
Normalmente, os sintomas de intoxicação alimentar manifestam-se de forma relativamente célere, pois a toxina que ataca o “organismo” está presente no próprio alimento ingerido. O tipo de sintomas, assim como a sua intensidade, irão depender da idade da pessoa, do tipo de toxina e da porção de alimento contaminado que foi ingerida.
Ainda assim, de um modo geral, quem sofre uma intoxicação alimentar pode contar com vómitos, diarreia, náuseas, dores abdominais, febre, dores de cabeça, calafrios, dores musculares, fraqueza e desconforto geral.
Causas mais frequentes
Na grande maioria das situações, na origem da intoxicação alimentar, estão microrganismos, presentes nos alimentos. E há bactérias, vírus e parasitas causadores deste problema de saúde, que são mais comuns do que outros. Fique a conhecê-los.
- Escherichia Coli: bactéria que costuma estar presente em alimentos ou água contaminada por fezes. A sua ingestão provoca diarreia, náuseas e febre.
- Salmonelose: intoxicação provocada pela bactéria Salmonella, muito presente em ovos, aves, carne e leite. Por norma, causa diarreia, vómitos, dores abdominais e febre.
- Brucelose: motivada pela bactéria Brucella, que é transmitida através de leite e/ou laticínios provenientes de animais infetados. Os principais sintomas associados são dores musculares, calafrios e febre.
- Clostridium Perfringens: bactéria presente no solo e no intestino dos animais, pode ser transmitida pelo consumo de carne contaminada. Os seus sintomas são cólicas abdominais, diarreia e náuseas.
- Listeriose: a bactéria Listeria monocytogenes afeta, essencialmente, grávidas, pessoas com baixa imunidade e recém-nascidos. Esta bactéria pode ser encontrada em alimentos crus, como carnes e vegetais e em alimentos processados, como leite não pasteurizado ou queijos. Os seus sintomas são dores no corpo, febre, náuseas, vómitos e diarreia.
- Campilobacter: esta bactéria é a principal causa da intoxicação alimentar. Ela pode ser encontrada na carne crua de aves, no leite não pasteurizado, em carnes vermelhas e em água não tratada.
Diagnóstico, tratamento e prevenção
O diagnóstico de uma intoxicação alimentar pode ser feito através da análise dos seguintes aspectos:
- história clínica e do exame médico;
- amostra de urina, fezes e/ou vómito;
- TAC ou radiografia abdominal;
- análises ao sangue.
Embora, em alguns casos, as intoxicações alimentares possam provocar sintomas mais leves e passageiros, consultar um médico é sempre importante, principalmente no caso das grávidas, dos idosos e das crianças.
O tratamento pode passar pela toma de antibióticos, dependendo do tipo de infeção bacteriana, e de antieméticos, para prevenir os vómitos. Enquanto os sintomas persistirem, deve fazer-se uma alimentação o mais leve possível (evitando comidas picantes, pesadas ou com gordura); manter-se bem hidratado, bebendo frequentemente água; e descansar ao máximo.
Para evitar a transmissão da doença a outros, devem ter-se cuidados especiais com a higiene pessoal, assim como com a desinfeção de áreas comuns, nomeadamente o WC. Para prevenir a intoxicação alimentar, devem lavar-se bem os alimentos; conservá-los a uma temperatura adequada; confecioná-los corretamente; ter em atenção a proveniência da água que bebe; enre outras precauções na conservação, manuseamento e consumo dos alimentos.
Intoxicação alimentar e verão
No verão, principalmente devido às altas temperaturas, os alimentos estão mais sujeitos a sofrerem alterações e a poderem ficar estragados mais rapidamente. Por isso, nesta estação do ano, devem ter-se cuidados redobrados no tratamento dos alimentos, conferindo sempre o seu aspeto e odor.
Também é importante ter em conta a proveniência dos alimentos e ter especial cautela com os mais suscetíveis a causar intoxicação alimentar no verão, como é o caso do marisco, dos ovos e de alimentos com cremes ou molhos.