Estamos habituados a olhar para o Japão como um dos pontas de lança da evolução tecnológica. Mas a verdade é que ainda há muitos dispositivos vistos como obsoletos que são usados de forma intensiva. Como as disquetes. Ou o fax.
O ministro japonês para Assuntos Digitais, Taro Kono, declarou uma espécie de “guerra” contra estas tecnologias retro, numa tentativa de modernizar e digitalizar o sistema administrativo do Japão.
Esta iniciativa faz parte de um esforço mais amplo para reduzir a dependência de tecnologias ultrapassadas, que ainda são amplamente utilizadas nas instituições públicas e empresas japonesas.
Apesar de terem sido desenvolvidas alternativas digitais muito mais eficientes, a administração pública e vários setores empresariais japoneses continuam a apoiar-se nestas tecnologias.
Segundo Taro Kono, a utilização destas ferramentas ultrapassadas representa uma barreira à inovação e à eficiência, algo que o país, conhecido pelo seu avanço tecnológico, deseja mudar.
Disquetes ainda largamente utilizadas
As disquetes, um meio de armazenamento desenvolvido nos anos 1970, foram largamente substituídas por dispositivos de armazenamento USB, discos rígidos e, mais recentemente, pela nuvem. No entanto, no Japão, é comum que diversos ministérios e agências governamentais ainda exijam disquetes para certos processos administrativos.
Além das disquetes, os faxes continuam a ser uma ferramenta essencial no Japão, especialmente em escritórios e instituições governamentais, onde são utilizados para enviar e receber documentos.
Taro Kono, conhecido por seu pragmatismo e desejo de modernização, defende que a digitalização é crucial para o Japão se manter competitivo e melhorar a eficiência administrativa.
O ministro assumiu o cargo com o objetivo de eliminar os procedimentos burocráticos que impedem o uso de tecnologias digitais. Para tal, anunciou a intenção de remover a necessidade de faxes e disquetes e incentivar o uso de alternativas mais modernas e eficientes, lembrando que a persistência do uso destas tecnologias representa um risco e uma ineficiência.
Segundo o governante, a dependência de disquetes e faxes resulta em processos mais lentos e com maiores probabilidades de erros. A implementação de tecnologias digitais permitirá que o governo japonês economize tempo e reduza custos operacionais.
Além disso, a mudança pode promover uma maior segurança de dados, já que os métodos tradicionais são mais vulneráveis a falhas e perda de informações.
Mudar mentalidades
Apesar do apelo à digitalização, Taro Kono enfrenta resistência de partes da sociedade japonesa, que estão habituadas ao uso de faxes e disquetes. O Japão tem uma cultura organizacional que valoriza muito a tradição e a continuidade, o que faz com que a introdução de novas tecnologias enfrente desafios significativos.
Muitos funcionários e empresas ainda olham os faxes como uma maneira segura e tangível de enviar documentos, enquanto as disquetes são vistas como métodos de armazenamento simples e confiáveis.
Além disso, a transição para métodos digitais exigirá investimentos em formação e infraestruturas, o que pode gerar resistência em um país onde a força de trabalho está envelhecida e onde as pequenas e médias empresas dominam o cenário empresarial.
A transformação digital, portanto, não será apenas uma questão de substituir hardware antigo, mas também de promover uma mudança cultural.
Nação mais digital
A eliminação das tecnologias retro é apenas o primeiro passo para transformar o Japão em uma nação verdadeiramente digital.
Embora o caminho possa ser desafiador, especialmente no que diz respeito a vencer a resistência cultural, o movimento é visto como uma necessidade para a evolução administrativa do país.
No final das contas, Taro Kono espera que esta “guerra” contra as disquetes e os faxes simbolize uma transição para uma era mais moderna, onde a eficiência, a segurança e a competitividade sejam as prioridades.