O Lamborghini Diablo é um superdesportivo já considerado um clássico e que continua a conquistar os amantes do universo automóvel.
A Lamborghini é uma conhecida marca italiana que produz automóveis desportivos de luxo e de alta performance. Fundada em 1963, no município de Sant’Agata Bolognese, em Itália, por Ferruccio Lamborghini (1916-1993), tinha como um dos objetivos competir com a concorrente Ferrari.
Apesar do seu sucesso, nem sempre a marca viveu dias gloriosos. Em 1978, após período conturbado, faliu. Dez anos mais tarde passou a integrar o Grupo Chrysler e, em 1998, passou para as mãos do grupo alemão Volkswagen.
No entanto, a marca produziu, ao longo dos anos, 32 modelos automóveis sendo um deles o exuberante Lamborghini Diablo. Este foi buscar o nome, como já é tradição na marca, a um touro que lutou com o toureiro “El Chichorro”, em 11 de junho de 1896.
O símbolo da Lamborghini é um touro
A história do símbolo da Lamborghini está intimamente ligada a dois fatores: Ferruccio Lamborghini era do signo touro e, para além disso, era amigo do criador de touros bravos Don Rafael Miura.
Estes dois factos unidos levaram a que o símbolo da marca seja um touro em tom dourado, colocado num fundo negro. Para além disso, Don Rafael Miura também acabou por inspirar o nome de um dos mais icónicos Lamborghini de toda a história: o Miura.
Assim, o símbolo da marca é composto por vários elementos que transmitem a essência da marca. Ideias como poder, elegância e luxo, estão representadas no símbolo através do touro e dos tons dourado e negro.
Entre Countach e Murciélago está o Diablo
O Lamborghini Diablo sucede ao mítico Countach, o primeiro automóvel desportivo da marca italiana que entre 1971 e 1989 conheceu nove versões diferentes, e antecede o exuberante Murciélago.
Produzido entre 1990 e 2001, em versões coupé e roadster ambas de 2 portas, o Diablo começou a ser desenvolvido em 1985, mas só em 1990 foi apresentado na sua versão comercial. Recebia a mesma motorização do Countach: motor V12 5.7 litros que produzia 492 cv, montado entre eixos atrás do habitáculo.
A tração era traseira e a caixa de 5 velocidades. A velocidade máxima anunciada de 325 km/h tornou-o no modelo de produção mais rápido do mundo. O sprint 0-100 km/h era cumprido em 4 segundos.
Sandro Munari, piloto italiano campeão do Mundo de Ralis em 1977, contribuiu para o desenvolvimento do modelo, tornando-o num automóvel fantástico, despido de ajudas eletrónicas e de direção assistida. Diabólico, pois.
Lamborghini Diablo com design marcante
Apresentado em 21 de janeiro de 1990 em Monte Carlo, no Principado do Mónaco, o Diablo causou de imediato sensação entre os visitantes e principalmente na comunicação social, que dava conta das suas caraterísticas desportivas.
Com design a cargo de Marcello Gandini, o Diablo apresenta linhas fortes, caraterística do estilista que também é autor do Countach e de outros modelos de sucesso da casa italiana, como o Lamborghini Miura, P147 Acosta, Espada, Jarama, Urraco ou Marzal.
O elemento mais marcante do design do Diablo é o habitáculo, colocado em posição avançada, quase sobre o eixo dianteiro inspirada nos automóveis de competição do Grupo C, da altura. Este aspeto é de tal forma vincado que as portas têm o recorte que acompanha a curvatura das rodas dianteiras.
Para além disso, o para-brisas amplo segue a inclinação do pequeno capot frontal, enquanto a linha do tejadilho segue quase em linha reta até ao final da secção traseira.
Os faróis frontais escamoteáveis são acompanhados por outros quatro colocados no para-choques. A sublinhar a “ferocidade” do Diablo estão as amplas aberturas de ar laterais e atrás das pequenas janelas laterais. As portas abriam para a frente e para cima, como se fossem lâminas de tesoura.
Mordomias num superdesportivo
Fugindo à norma dos superdesportivos no que toca a acabamentos, o Diablo, mimava o seu proprietário. Isto é, se o Diablo esteticamente era apelativo, e por si só já conquistava clientes, a marca foi mais longe e reforçou a aposta nos acabamentos para tornar este automóvel ainda mais especial.
Deste modo, os bancos, que possuíam diversas regulações, podiam ser encomendados de acordo com as medidas do futuro proprietário da bella macchina. Por seu lado, os vidros eram acionados eletricamente, existia ar condicionado e os materiais utilizados eram de primeira escolha. Ou seja, eram de superior qualidade.
Para além disso, na lista de opcionais figurava o aerofólio traseiro e o relógio da marca Breguet, a colocar no tablier, a sublinhar a sofisticação e classe do superdesportivo.
O habitáculo era espaçoso e confortável para dois adultos. Curiosa era, também, a forma como o painel de instrumentos acompanhava o ajuste em altura do volante, sendo sempre visível pelo condutor.
A bagageira era simbólica, de apenas 140 litros. A nível de som o sistema disponível tinha assinatura da reputada Alpine.
As diversas versões do Lamborghini Diablo
Recorde-se que o desenvolvimento do Lamborghini Diablo teve início em junho de 1985 e tinha o nome de código Projet 132. Um dos principais objetivos era a produção de um automóvel, sucessor do Countach, que pudesse alcançar velocidade máxima de, pelo menos, 315 km/h.
A concretização de diversas versões do modelo ajudou a manter mística do superdesportivo entre os clientes da marca italiana. Assim, havia que os mimar e durante o seu “reinado” o Diablo renovou-se e surgiu em nove versões, sempre acompanhadas de potentes motores a gasolina:
- Lamborghini Diablo: 1990 – 5.707 cc, 499 cv, Coupé
- Diablo VT: 1993 – 5.707 cc, 492 cv, Coupé
- Diablo SE: 1994 – 5.707 cc, 527 cv, Coupé
- Versão Diablo SV: 1995 – 5.707 cc, 517 cv, Coupé
- Diablo SV-R: 1996 – 5.707 cc, 540 cv, Coupé
- Diablo VT Roadster: 1998 – 5.707 cc, 530 cv, Roadster
- Lamborghini Diablo GT: 1999 – 5.992 cc, 575 cv, Coupé
- Diablo GTR: 1999 – 5.992 cc, 590 cv, Coupé
- Diablo VT 6.0: 2000 – 5.992 cc, 551 cv, Coupé
No seio das nove versões figuram ainda algumas edições especiais como o Diablo Alpine Edition (1999 – 5.797 cc, 523 cv, Coupé); Diablo Milenium 2000 para assinalar a entrada do novo Milénio (2000 – 5.797 cc, 530 cv, Coupé, com base no VT Roadster); Diablo SVR, Diablo GTR ou Diablo GT.
A derradeira versão: Diablo GT de 1999
Em 1999, a Lamborghini incrementa algumas alterações ao Diablo, nomeadamente os faróis retrateis são substituídos por faróis fixos. Paralelamente, anuncia no Salão Automóvel de Genebra a derradeira versão de estrada do Diablo GT.
O modelo foi baseado no Diablo GT2, automóvel de competição desenvolvido para o Campeonato GT da FIA, mas preparado para condução na estrada. Apenas foram produzidos 80 exemplares, sendo que o último (a 80.ª unidade) pode ser visto no Museu da Lamborghini.
Com motor 6.0 litros e a debitar 575 cv, este modelo apresentava uma performance incrível, atingindo velocidade máxima de 337 km/h.
Lamborghini Diablo também nas pistas
Além da carreira comercial, o Diablo teve também pujante carreira desportiva com a primeira versão de competição – SV-R – a sair de fábrica em 1996, tendo por base a versão SV comercial.
O primeiro modelo de competição participou no torneio monomarca Diablo Supertrophy, que teve uma duração de três anos e cuja primeira etapa decorreu a par das 24 Horas de Le Mans.
Mais tarde, o SV-R deu lugar ao GTR, que recebia motor de 6.0 litros que com escape livre e sem catalisador debitava 590 cv, enquanto que a versão de rua do GT apenas debitava 575 cv.
O Diablo competiu ainda em outras provas, nomeadamente no Campeonato GT da FIA, na categoria GT1, com motorização 6.0 litros a debitar 655 cv.
E debutou também no cinema
No cinema, o modelo italiano brilhou, entre outros, em filmes como “Débi & Lóide – Dois Idiotas em Apuros” (1994), “Endiabrado” (2000), “Rede de Corrupção” (2001), “A Inveja Mata” (2004), “Red Line – Velocidade sem Limites” (2007) ou ainda no desenho animado da série Team América.
O Lamborghini Diablo marca presença, também, em videclips musicais de Jamiroquai ou de Jay Kay.
Em jeito de corolário, o Lamborghini Diablo marcou uma década. Foi um dos últimos superdesportivos à séria. Isto é, em que as ajudas eletrónicas ainda não marcavam presença, mas que, com o seu sucessor Murciélago deram início a uma nova era, com os superdesportivos a “domesticarem-se” e a serem mais amigos dos condutores.