O Lancia Stratos, que foi o primeiro carro construído especificamente para o grupo B do campeonato do mundo de ralis, ganhou esse mesmo campeonato em 1974, 1975 e 1976.
O percurso da Lancia nos ralis deve muito ao Delta Integrale e ao Stratos, mas este último teve o condão de ser o primeiro automóvel da marca italiana a dar cartas no campeonato do mundo de ralis.
Lancia Stratos: Exclusivo desde sempre
Foram produzidas apenas 492 unidades do modelo, o que contribui ainda mais para que este seja um dos carros mais marcantes de sempre.
Há uma reinterpretação contemporânea do Stratos. Foi apresentada no Salão Automóvel de Genebra de 2019 pela Manifattura Automobili Torino. Terá apenas 25 unidades.
A origem
O protótipo Stratos Zero foi apresentado por Bertone no Salão do Automóvel de Turim em 1970.
Esse conceito futurista do fabricante de carroçarias Nuccio Bertone ajudou o então gerente da equipa da Lancia, Cesare Fiorio, a convencer a administração da marca a investir no projeto de um sucessor de corrida para o Fulvia HF.
Assim nasceu o lendário Lancia Stratos, com o único propósito de vencer ralis.
O desenvolvimento
A mecânica era derivada do Fulvia 1.6 HF, mas o Stratos era um coupé muito baixo e elegante com motor traseiro, tração traseira e sem portas laterais, apenas um pára-brisas com dobradiças para permitir o acesso ao compartimento de passageiros.
Mas precisava de um motor potente. As hipóteses mais próximas foram descartadas, do motor boxer da Flavia ao V6 do 130. Por fim, o motor do Ferrari Dino 246 foi escolhido. É um V6 de 2,5 litros com 280 a 320 cv.
O design
O projeto, da Bertone, é totalmente voltado para os ralis, começando pelo capô e bagageira de grande abertura, que possibilitaram um fácil acesso à mecânica e configuração.
A forma de cunha futurística do protótipo Bertone também foi mantida no Stratos definitivo, que se tornou uma marca das proezas desportivas da Lancia.
O habitáculo tem apenas dois assentos e pouco espaço para qualquer outra coisa. No entanto, tem duas caixas de armazenamento em ambas as portas que acomodam os capacetes de piloto e navegador.
A Pirelli deu um grande contributo ao criar os pneus P7 de baixo perfil. Isto permitiu aos pilotos transferir a considerável potência do carro para o solo e “domar” o extremamente ágil Stratos.
Deste casamento italiano Lancia-Pirelli nasceu um mito que dominaria os ralis.
As vitórias
Antes mesmo de receber a homologação do Grupo 4, no dia 1 de outubro de 1974, o Lancia Stratos já tinha participado em várias provas que serviram, principalmente, para testar e afinar o carro. A sua primeira vitória aconteceu no Firestone Rally em abril de 1973.
Foram produzidas cerca de 500 unidades Stratos, tendo 26 sido utilizadas pela equipa oficial de fábrica, equipada inicialmente com cabeça do cilindro de 12 válvulas e posteriormente com 24 válvulas.
O Lancia Stratos acumulou um número extraordinário de vitórias e conquistou a reputação de “arma definitiva” dos ralis. Ganhou três Ralis de Monte Carlo consecutivos, três Campeonatos Mundiais de Ralis (1974 a 1976) e outros tantos títulos de europeus de rallycross de pilotos. Para além disso, conquistou a taça do mundo FIA para pilotos de rally em 1977, com Sandro Munari, conhecido como Il Drago ( o Dragão).
O Lancia Stratos acabou por ser substituído pelo Fiat 131 Abarth numa transição gradual. Em 1978, algumas corridas foram escolhidas especificamente para o Stratos. Outras especificamente para o 131 Abarth. Este último disputou (e venceu) o campeonato do mundo. Já o Lancia Stratos venceu o europeu de ralis.
Espécie de “herdeiro” em produção
Uma nova geração Stratos é visto pelos apaixonados por automóveis quase como o regresso de D. Sebastião para os portugueses do fim do século XVI.
A diferença é que neste caso surgiram mesmo projetos e com algumas (poucas) vendas. Em 2018, a Manifattura Automobili Torino (MAT), a mesma empresa que antes havia recriado o Lancia Delta Integrale, anunciou iria produzir 25 exemplares do novo Stratos, com base no Ferrari 430 Scuderia (mas no “reformado” Lancia com caixa de velocidades manual sequencial de seis velocidades).
Os interessados teriam de ter ou comprar, no mercado de usados, um Ferrari 430 Scuderia, o qual seria depois entregue à MAT para ser transformado num novo Lancia Stratos.
Quanto a preços, ao custo de um Ferrari usado (entre 120 mil e 150 mil euros) há a juntar 500 mil euros, o valor que a empresa cobra pela transformação do modelo num novo Stratos.