Miguel Pinto
Miguel Pinto
28 Fev, 2025 - 12:00

Governo cria linha de apoio a alunos vítimas de bullying

Miguel Pinto

Os alunos vítimas de bullying nas escolas vão dispor de uma linha anónima para denunciar as situações que não são reportadas.

vítimas de bullying

O Governo anunciou a criação de uma linha anónima de denúncia e apoio para alunos vítimas de bullying nas escolas públicas e privadas.

Esta iniciativa, desenvolvida pelo Ministério da Juventude e Modernização em parceria com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação, estará disponível através de uma aplicação móvel, website e telefone.

O objetivo é combater o elevado número de casos não denunciados, muitas vezes devido ao medo de represálias, desconfiança na eficácia das respostas institucionais e desconhecimento dos canais de apoio existentes.

Vítimas de bullying: as recomendações

Esta medida integra um conjunto de cinco recomendações propostas pelo Grupo de Trabalho de Combate ao Bullying nas Escolas, visando consolidar uma resposta pública mais eficaz. As recomendações incluem:

  1. Adoção de um programa nacional de prevenção e combate ao bullying e cyberbullying para harmonizar políticas e práticas escolares para prevenir e combater estas problemáticas.
  2. Criação de equipas multidisciplinares especializadas nas escolas, designadamente a expansão dos Gabinetes de Apoio ao Aluno a todas as escolas, proporcionando mediação de conflitos e apoio às vítimas.
  3. Reforço da formação de profissionais escolares, através da capacitação de docentes, psicólogos e assistentes operacionais em deteção precoce, intervenção, mediação e resposta a situações de bullying e cyberbullying.
  4. Desenvolvimento de programas de competências socioemocionais e relacionais, destinados a agressores, vítimas e testemunhas, com o intuito de prevenir práticas agressivas e violentas.
  5. Implementação da Linha Nacional de Apoio aos Alunos, com o fornecimento de um canal anónimo, acessível e especializado para apoiar vítimas e encaminhar casos para os Gabinetes de Apoio ao Aluno nos agrupamentos escolares.
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Inquérito nacional

Um inquérito nacional realizado pelo grupo de trabalho, envolvendo 31.133 alunos dos 11 aos 18 anos, revelou que 5,9% dos estudantes já foram vítimas de bullying durante o período escolar.

Os dados indicam que as raparigas são predominantemente vítimas, enquanto os rapazes tendem a ser os agressores.

Além disso, o estudo destaca que o bullying e o cyberbullying são fenómenos coletivos, onde os jovens podem assumir múltiplos papéis — vítima, agressor e testemunha — e que a incidência de cyberbullying aumenta com a idade, refletindo uma maior exposição às plataformas digitais.

Abordagem integrada

O relatório enfatiza a necessidade de uma abordagem integrada e sustentada, baseada na colaboração interministerial e numa resposta sistémica que transcenda o ambiente escolar, envolvendo famílias, comunidades e entidades digitais.

Reconhece-se que o bullying e o cyberbullying são dinâmicas de grupo enraizadas em padrões sociais e culturais que perpetuam desigualdades de poder e normalizam a violência.

Combater estas práticas é fundamental para assegurar os direitos das crianças e jovens, garantindo que nenhum aluno veja o seu bem-estar e percurso escolar comprometidos por estas formas de violência.

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