O Governo anunciou a criação de uma linha anónima de denúncia e apoio para alunos vítimas de bullying nas escolas públicas e privadas.
Esta iniciativa, desenvolvida pelo Ministério da Juventude e Modernização em parceria com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação, estará disponível através de uma aplicação móvel, website e telefone.
O objetivo é combater o elevado número de casos não denunciados, muitas vezes devido ao medo de represálias, desconfiança na eficácia das respostas institucionais e desconhecimento dos canais de apoio existentes.
Vítimas de bullying: as recomendações
Esta medida integra um conjunto de cinco recomendações propostas pelo Grupo de Trabalho de Combate ao Bullying nas Escolas, visando consolidar uma resposta pública mais eficaz. As recomendações incluem:
- Adoção de um programa nacional de prevenção e combate ao bullying e cyberbullying para harmonizar políticas e práticas escolares para prevenir e combater estas problemáticas.
- Criação de equipas multidisciplinares especializadas nas escolas, designadamente a expansão dos Gabinetes de Apoio ao Aluno a todas as escolas, proporcionando mediação de conflitos e apoio às vítimas.
- Reforço da formação de profissionais escolares, através da capacitação de docentes, psicólogos e assistentes operacionais em deteção precoce, intervenção, mediação e resposta a situações de bullying e cyberbullying.
- Desenvolvimento de programas de competências socioemocionais e relacionais, destinados a agressores, vítimas e testemunhas, com o intuito de prevenir práticas agressivas e violentas.
- Implementação da Linha Nacional de Apoio aos Alunos, com o fornecimento de um canal anónimo, acessível e especializado para apoiar vítimas e encaminhar casos para os Gabinetes de Apoio ao Aluno nos agrupamentos escolares.
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Inquérito nacional
Um inquérito nacional realizado pelo grupo de trabalho, envolvendo 31.133 alunos dos 11 aos 18 anos, revelou que 5,9% dos estudantes já foram vítimas de bullying durante o período escolar.
Os dados indicam que as raparigas são predominantemente vítimas, enquanto os rapazes tendem a ser os agressores.
Além disso, o estudo destaca que o bullying e o cyberbullying são fenómenos coletivos, onde os jovens podem assumir múltiplos papéis — vítima, agressor e testemunha — e que a incidência de cyberbullying aumenta com a idade, refletindo uma maior exposição às plataformas digitais.
Abordagem integrada
O relatório enfatiza a necessidade de uma abordagem integrada e sustentada, baseada na colaboração interministerial e numa resposta sistémica que transcenda o ambiente escolar, envolvendo famílias, comunidades e entidades digitais.
Reconhece-se que o bullying e o cyberbullying são dinâmicas de grupo enraizadas em padrões sociais e culturais que perpetuam desigualdades de poder e normalizam a violência.
Combater estas práticas é fundamental para assegurar os direitos das crianças e jovens, garantindo que nenhum aluno veja o seu bem-estar e percurso escolar comprometidos por estas formas de violência.