Share the post "Long Covid: sequelas a longo prazo para quem esteve infetado"
A COVID-19, doença que nos colocou numa pandemia global, apesar de já não ser novidade, ainda permanece desconhecida em muitos aspetos. Um deles prende-se com os efeitos ou sequelas a longo prazo que esta patologia pode provocar, um quadro chamado de long covid.
Um estudo recente concluiu que aproximadamente três quartos dos doentes com COVID-19 vivem com sequelas da doença, mesmo três meses depois de terem sido infetados pelo novo coronavírus. Algumas dessas sequelas relatadas assentam na incapacidade de executar tarefas básicas diárias, como lavar-se, vestir-se ou ir para o trabalho. Perceba o que já se sabe sobre a long covid.
Long covid: o que é e o que dizem os estudos?
Long covid não é um termo médico, mas é a expressão usada pelo cidadão comum para se referir às pessoas que ainda estão a sofrer com sintomas da COVID-19, meses após a infeção pelo novo coronavírus.
Alguns dos sintomas descritos são: fadiga, falta de ar, dores musculares, dores nas articulações, confusão mental, perda de memória, baixa concentração e depressão.
O jornal inglês Independent reuniu algumas das investigações já levadas a cabo. Um estudo inglês concluiu que 81 dos 110 pacientes com COVID-19 que tiveram alta, revelaram sintomas como falta de ar, fadiga excessiva e dores musculares, 12 semanas após terem saído do hospital.
A Covid Symptom Study app, da responsabilidade do Kings College, foi descarregada 3,000,000 vezes. A partir dela foi possível concluir que 1 em cada 20 pessoas com COVID-19 descreve a longo prazo sintomas da doença.
Outro estudo, desenvolvido pela também britânica app de saúde ZOE concluiu que 1 em cada 10 pacientes com COVID-19 podem estar doentes por mais de 3 semanas, sendo que algumas dessas pessoas podem registar sintomas durante meses.
No Journal of the American Medical Association, um grupo de investigadores italianos relatou que 87% dos pacientes com COVID-19 que teve alta médica de um hospital de Roma sentiu pelo menos um sintoma da doença, 60 dias após terem saído do hospital.
Long covid: infeção pode afectar vários órgãos
O CDC tem estado a trabalhar no sentido de perceber quais os efeitos a longo prazo associados à COVID-19. Para já, parece claro que a infeção pode afetar de várias formas a saúde, assim como diversos órgãos, além dos pulmões.
Um desses efeitos que a CDC tem estado a analisar é a relação entre a COVID-19 e os problemas cardíacos, como a pericardite ou a miocardite. Estas sequelas podem ser mais comuns em pessoas mais velhas ou com outras doenças associadas. Além disso, estes danos podem estar relacionados com outros sintomas como dificuldade respiratória, dor no peito e palpitações.
Long covid: o que diz a OMS
De acordo com a estatística, a OMS indica que, geralmente, os pacientes com COVID-19 recuperam da doença, 2 a 6 semanas após a infeção pelo novo coronavírus.
Contudo, a OMS reconhece que, em algumas pessoas, certos sintomas podem prolongar-se por semanas ou meses, mesmo quando já não estão infetadas.
Alguns pacientes podem mesmo desenvolver problemas de saúde com efeitos a longo prazo, como complicações a nível cardíaco, pulmonar, neurológico, mental e músculo-esquelético.
Tendo por base um estudo realizado nos Estados Unidos da América, a OMS enumera como mais persistentes os seguintes sintomas: fadiga; tosse ou dificuldade respiratória; perda do paladar ou do olfato; dores de cabeça ou no corpo; diarreia e náusea; dor no peito ou no abdómen; confusão.
A OMS reconhece ainda que há fatores de risco para a long covid, nomeadamente: pressão alta, obesidade e doenças mentais.
E qual será a razão para este fenómeno?
Ainda são poucas as respostas para esta pergunta. De acordo com o Kings College, a long covid pode estar relacionada com o nível de gravidade da infeção pelo novo coronavírus, embora também se possa manifestar em doentes com sintomas leves a moderados.
Outra explicação possível pode ser uma resposta imunitária prolongada e inapropriada à infeção pelo novo coronavírus.
Alguns estudos apontam ainda a predisposição biológica como outra justificação possível para esta condição da long covid e, sobretudo, para a manifestação de uma fadiga crónica a longo prazo.