Share the post "Luis Sepúlveda: 6 livros a ler e que vão ficar para sempre"
Luis Sepúlveda é um dos mais acarinhados autores latino-americanos em Portugal. Morreu, vítima da COVID-19, num hospital das Astúrias, mas deixa atrás de si uma vasta obra literária, muito ligada a uma vida de intensa resistência e luta pela liberdade.
O escritor chileno tornou-se conhecido em Portugal não só pelos seus livros, mas também pelas crónicas que durante muito tempo assinou em jornais nacionais. Profundamente inquieto, Luis Sepúlveda calcorreou as sete partidas do mundo e escreveu sobre elas. Foi um apaixonado apoiante de Salvador Allende e um feroz adversário de Augusto Pinochet. Conheceu a tortura nas prisões políticas chilenas e o exílio na Alemanha, em Hamburgo.
Lembro-me do primeiro livro que li de Luis Sepúlveda. Chamava-se Patagónia Express e contava uma série de historias só possíveis de sair da cabeça de quem lá tinha estado de facto. Tal como Bruce Chatwin, Sepúlveda tinha uma paixão enorme pela Patagónia e pelos seus personagens, escrevendo amiúde sobre uma realidade até então estranha, principalmente aos europeus.
Em 1997, encontrou finalmente a paz aqui perto, em Gijon, onde vivia juntamente com a sua companheira Carmén, também ela uma antiga lutadora contra a ditadura de Pinochet. Ali recebia os amigos para umas churrascadas ou um copo de vinho. A última viagem que fez foi a Portugal, mais concretamente à Póvoa de Varzim. Perdeu a batalha contra a COVID-19, mas a sua obra perdurará muito para além do homem.
Luis Sepúlveda: 6 obras que não deve deixar de ler
Patagónia Express
Homenagem a um comboio que já não existe, mas que continua a viajar na memória dos homens e mulheres da Patagónia, estes «apontamentos de viagem» – como lhes chamou Luis Sepúlveda – tornaram-se um dos livros de referência do grande autor chileno.
Desde os seus primeiros passos na militância política, que o levaram à prisão e depois ao exílio em diferentes países da América do Sul, até ao reencontro feliz, anos depois, com a Patagónia e a Terra do Fogo, é uma longa viagem aquela que o autor a nos propõe neste seu livro, repleta de personagens inesquecíveis.
Diário de um Killer Sentimental
Um killer profissional prepara-se para cumprir mais um «contrato», mas a sua missão é sucessivamente comprometida com a entrada em cena de uma femme fatale… Dany Contreras, agente da polícia agora inspetor de uma companhia de seguros, ao investigar a morte de um importante cliente, vai perceber que um dardo letal disparado do Pantanal amazónico pode chegar a qualquer parte do mundo.
Entretanto, George Washington Caucamán, um detetive oriundo da Patagónia transferido para Santiago do Chile, vai deparar-se com um enigmático cliente de uma hotline.
A sombra do que fomos
Num velho armazém de um bairro popular de Santiago do Chile, três sexagenários esperam impacientes pela chegada de um quarto homem. Cacho Salinas, Lolo Garmendia e Lucho Arencibia, antigos militantes de esquerda derrotados pelo golpe de estado de Pinochet e condenados ao exílio, voltam a reunir-se trinta e cinco anos depois, convocados por Pedro Nolasco, um antigo camarada sob cujas ordens vão executar uma arrojada ação revolucionária.
Mas quando Nolasco se dirige para o local do encontro é vítima de um golpe cego do destino e morre atingido por um gira-discos que insolitamente é lançado por uma janela, na sequência de uma desavença conjugal.
Nome de Toureiro
Durante os anos sombrios do nazismo, desaparece da prisão de Spandau um valiosíssimo conjunto de moedas de ouro. Quase cinquenta anos depois, caído o muro de Berlim, dois personagens obscuros mas poderosos, com um passado político duvidoso, contratam, cada um por seu lado, dois «antigos combatentes», desempregados profissional e ideologicamente, para que partam em busca do tesouro roubado.
Um, Belmonte, o que tem nome de toureiro, aceita o encargo por amor a Verónica; o outro, Frank Galinsky, aceita-o por um velho hábito de obediência militante cujo ideal é agora o de enriquecer «como todos os outros».
História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar
Uma das mais famosas obras de Luis Sepúlveda conta a história de Zorbas, um gato grande, preto e gordo. Um dia, uma formosa gaivota apanhada por uma maré negra de petróleo deixa ao cuidado dele, momentos antes de morrer, o ovo que acabara de pôr.
Zorbas, que é um gato de palavra, cumprirá as duas promessas que nesse momento dramático lhe é obrigado a fazer: não só criará a pequena gaivota, como também a ensinará a voar.
Tudo isto com a ajuda dos seus amigos Secretário, Sabetudo, Barlavento e Colonello, dado que, como se verá, a tarefa não é fácil, sobretudo para um bando de gatos mais habituados a fazer frente à vida dura de um porto como o de Hamburgo do que a fazer de pais de uma cria de gaivota
O Velho que lia romances de amor
Nenhuma listagem sobre Luis Sepúlveda poderia deixar este livro de fora, talvez a sua obra mais famosa e mais vendida em todo o mundo. É a história de Antonio José Bolívar Proaño vive em El Idilio, um lugar remoto na região amazónica dos índios shuar, com quem aprendeu a conhecer a selva e as suas leis, a respeitar os animais que a povoam, mas também a caçar e descobrir os trilhos mais indecifráveis.
Um certo dia resolve começar a ler, com paixão, os romances de amor que, duas vezes por ano, lhe leva o dentista Rubicundo Loachamín, para ocupar as solitárias noites equatoriais da sua velhice anunciada. Com eles, procura alhear-se da fanfarronice estúpida desses “gringos” e garimpeiros que julgam dominar a selva porque chegam armados até aos dentes, mas que não sabem enfrentar uma fera a quem mataram as crias.