A experiência de luto é uma das mais dolorosas e intensas que podemos viver. Apesar de a dor ser inevitável, quando mais conscientes estivermos sobre a intensidade e a forma como cada um vive o luto, mais facilmente conseguiremos lidar com este processo tão difícil.
O que é o luto?
O luto é, claro está, uma parte natural da vida. É a resposta natural que tem lugar devido à perda de uma pessoa ou algo importante para nós. Não é desencadeado apenas pela morte de alguém significativo, mas também por outras perdas, como divórcio, perda de um emprego, a doença de alguém próximo, pela morte do animal de estimação e, até, pelo casamento de um filho.
É quase um consenso que a perda por morte constitui a mais difícil de todas estas experiências, pois remete para um sentimento de impossibilidade de reverter a mesma, ou seja, de reaver o ente querido.
O processo de luto pode durar muito tempo e é acompanhado por sofrimento físico e psicológico. Pode complicar-se quando os sintomas duram tempo exagerado ou quando são demasiado intensos e interferem de forma significativa nas atividades do dia a dia.
Muitas vezes, o luto pode ser acompanhado de quadros de depressão, ansiedade e abuso de substâncias. Noutras vezes, acontece o oposto: a pessoa vive um luto ausente – ou seja, os sintomas típicos do processo de luto não acontecem e a pessoa mantém-se em choque ou nega a morte. Nestes casos, de luto complicado e patológico, é essencial pedir ajuda.
As 5 fases do luto
Para resolver um luto é necessário passar por ele e experimentar todas as emoções associadas à perda – isso para que, depois, exista espaço para novas emoções, como a saudade.
Este processo desenvolve-se em 5 fases, pelas quais a pessoa enlutada precisa passar para resolver o seu luto de forma saudável. Estas fases não são vividas de igual forma por todas as pessoas. Entenda mais sobre estes períodos após uma perda.
1. Fase da negação e choque
- Fase da descrença;
- Momento em que a perda não parece possível.
2. Fase da raiva
- Pensamentos do tipo “ porquê a mim?”.
3. Fase da negociação
- Tentativa de fazer a vida voltar ao que era antes.
4. Fase da depressão
- Quando se toma consciência que a perda é inevitável e incontornável;
- Podem surgir alterações do sono e apetite;
- Pode ocorrer um tempo depois da perda e não imediatamente a seguir.
5. Fase da aceitação da perda
- Quando se aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero nem negação;
- O espaço vazio deixado pela perda é preenchido;
- É natural sentir tristeza e saudade, mas a paz vai sendo recuperada.
Fonte: Pexels/sameel-hassen
Sintomas característicos
Diversos sintomas são característicos do processo de luto. Fique atento aos mais comuns.
Sintomas físicos
- Hiperatividade ou baixa atividade;
- Alterações no apetite;
- Flutuações de peso;
- Cansaço;
- Falta de ar;
- Aperto na garganta;
- Vazio no estômago;
- Aperto no peito;
- Alterações do sono;
- Falta de energia.
Sintomas emocionais
- Tristeza;
- Raiva;
- Alívio;
- Medo;
- Irritabilidade;
- Culpa;
- Solidão;
- Saudade;
- Ansiedade;
- Abandono;
- Vulnerabilidade;
- Hostilidade;
- Desamparo;
- Apatia;
- Dependência dos outros ou evitamento dos outros.
Sintomas comportamentais
- Comportamentos de procura pela pessoa falecida;
- Vaguear sem objetivo;
- Sentir necessidade de contar a história da morte da pessoa querida;
- Evitar coisas que lembrem a pessoa que faleceu;
- Inquietação.
Sintomas cognitivos
- Confusão;
- Esquecimentos;
- Dificuldades de concentração;
- Pensamentos obssessivos.
15 conselhos para lidar com a perda
Se está a atravessar um processo de luto, tente alcançar o equilíbrio que lhe permita aprender a viver com a perda. Algumas destas dicas podem ajudar:
1. Aceite que a perda é definitiva;
2. Fale com família e amigos;
3. Estabeleça novas relações;
4. Procure ajuda psicoterapêutica se sentir essa necessidade;
5. Participe em grupos de apoio, religiosos ou não;
6. Participe em atividades sociais;
7. Leia livros sobre o assunto;
8. Descanse e relaxe;
9. Restabeleça os padrões de sono, alimentação e exercício físico;
10. Dê-se o direito de se divertir sem se sentir culpado;
11. Recorde como lidou com situações anteriores de perda e sofrimento – a forma como se lidou com sucesso com situações semelhantes no passado pode ajudar;
12. Evoque memórias positivas e negativas com a pessoa que se perdeu;
13. Regresse às velhas tradições (Natal, Páscoa, aniversários…) de forma gradual, ou crie novas formas de viver as festas;
14. Procure coisas positivas na sua vida;
15. Não esqueça que é natural que demore muito tempo a “cicatrizar” a dor e que haverá uns dias melhores que outros.
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