Share the post "Ciência: machismo pode estar relacionado com problemas mentais"
Ainda é tão comum observar (ou viver) comportamentos machistas. Um namorado ciumento, um marido que não deixa a esposa falar, um companheiro que espera que a mulher faça todas as tarefas, um chefe controlador, um rapaz que insiste em pisar riscos. São muitas as possíveis manifestações de machismo e, hoje, a ciência afirma que, podem estar associadas a outros problemas mais graves.
Talvez não saiba, mas um estudo científico já afirmou que o machismo está relacionado com problemas mentais, mesmo que o comportamento não se manifeste de forma violenta.
O machismo, de facto, não está relacionado apenas com agressões físicas. Na verdade, é tão abrangente que pode mesmo significar alterações no estado de saúde intelectual e psíquica dos homens.
O levantamento de dados para o estudo foi realizado na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e publicado no periódico Journal of Counseling Psychology.
Os resultados mostram que homens com comportamentos machistas estão mais sujeitos a problemas de saúde mental, apontando ainda que estes raramente procuram ajuda especializada.
Estudo sobre masculinidade e machismo
Os investigadores envolvidos analisaram mais de 80 estudos, todos eles realizados durante os últimos 11 anos. Os dados, que são referentes a mais de 19 mil pessoas, abordam a saúde mental dos homens e os comportamentos que identificam determinados padrões.
O estudo considerou que alguns aspetos comportamentais e sociais comprovam os resultados. E quais seriam esses comportamentos? Vejamos, de seguida.
A necessidade que os homens têm de ganhar numa disputa, correr riscos, controlar emocionalmente as pessoas à sua volta, mostrar mais poder do que as mulheres, dominar indivíduos e situações, ter status, colocar o trabalho no topo das prioridades e confiar apenas em si, para além de praticar a infidelidade com algum orgulho.
Um problema de educação
A análise dos cientistas deu origem a uma resposta importante: os estudiosos acabaram por descobrir que, entre os comportamentos descritos acima, três tipos estão intimamente relacionados com uma pior saúde mental. São eles: ser infiel, procurar controlar as mulheres e confiar apenas em si mesmo.
Os cientistas acreditam que a origem do problema está na educação familiar. Quando um rapaz é ensinado a não chorar para preservar a sua masculinidade e esconder vulnerabilidades que deveriam ser vistas como naturais, passa a ter mais dificuldade em desistir de algo, mesmo que seja apenas de um ponto de vista sem grande importância. Isso explica a dificuldade em assumir culpas, perdas e falhas, mas acima de tudo, em procurar ajuda psicológica profissional.
O resultado pede mudanças
Michael Flood, professor de sociologia da Universidade de Wollongong, na Austrália, disse que o estudo norte-americano veio mostrar que é preciso intervir a partir de alterações socioculturais.
“Esse estudo mostra que precisamos de soluções socioculturais para a saúde dos homens e que temos que expandir a noção que temos de masculinidade”, afirmou o especialista, em entrevista ao IFLove Science.