Assunção Duarte
Assunção Duarte
20 Set, 2024 - 22:45

Máquinas fotográficas de rolo estão de volta e são um sucesso

Assunção Duarte

Lembra-se das máquinas fotográfica de rolo que registavam as férias e festas familiares? Pois estão de volta e com sucesso.

Máquinas fotográficas de rolo

As máquinas fotográficas de rolo atraem cada vez mais os fotógrafos amadores e profissionais que têm saudades dos tempos analógicos.

Se procura uma experiência de fotografia onde tudo pode ser manual e personalizado e onde as ajudas dos processamentos automáticos das máquinas digitais e dos smartphones não marcam presença, este é o caminho a seguir para criar imagens únicas e especiais. 

Esta nostalgia pelo manual fez renascer das cinzas as antigas máquinas fotográficas de rolo, inclusive os grandes clássicos como a Polaroid, a máquina que produz instantâneos, um misto entre a experiência analógica do rolo e a experiência digital que dá acesso imediato à imagem que foi fotografada.

Se tem vontade de experimentar como é que os seus pais e avós tiravam fotografias ou se quer recordar os seus tempos de jovem fotografo do século passado, descubra ou recorde as especificidades da fotografia analógica.

Máquinas fotográficas de rolo: como funcionam

As câmaras digitais utilizam sensores fotossensíveis para processar a luz recebida através de lentes. São capazes de codificar informaticamente e imediatamente essa informação luminosa para a tornar visível num ecrã.

Este processo cria um arquivo digital para cada clique, onde fica armazenada a imagem que mais tarde pode ser impressa se o utilizador assim o desejar. O número de cliques que o fotógrafo digital pode fazer só depende do espaço de arquivo que tenha disponível no seu dispositivo para o armazenamento (na câmara, smartphone, tablet, etc.).

Cada clique ocupará mais ou menos espaço de acordo com as predefinições de resolução que o dispositivo oferece para as fotografias que tira. Nas máquinas analógicas as coisas funcionam de forma bem diferente. 

Primeiro é necessário utilizar um rolo de filme negativo, que deve ser colocado no interior da máquina. Este rolo é como um substituto do arquivo digital para armazenar as imagens fotografadas. Ele está preparado para reter a impressão de luz que as lentes da máquina deixam entrar e tem um número de cliques possíveis pré-determinado.

Terá de os utilizar todos para finalizar o uso de cada rolo. Uma vez utilizados, os rolos são retirados da máquina e devem ser revelados. A revelação é feita num laboratório especializado ou em casa de quem possua o material necessário para o efeito (líquidos de revelação, quarto escuro, etc.).

Os negativos, as imagens invertidas (onde o claro é escuro e o escuro é claro) que aparecem no rolo depois de tratado na revelação, podem posteriormente ser impressos para que as fotografias possam ficar visíveis aos nosso olhos.

Máquina com rolos fotográficos
A limitação no número de imagens obriga a mais cuidados na hora de fotografar

Escolha do rolo faz toda a diferença

O rolo é um ingrediente tão importante quanto a máquina fotográfica na fotografia analógica, pelo que deverá adotar alguns cuidados na sua escolha. É constituído por um invólucro estanque à luz e deve ser armazenado, antes e depois de ter sido utilizado, em local seco e de temperatura amena, até que possa ser revelado.

Do rolo que escolher dependerá por exemplo se pode tirar fotografias a cores ou a preto e branco.

O mesmo acontece com o número de cliques que poderá fazer. Pode optar entre rolos com 24 ou 36 exposições, o número de  fotografias que consegue tirar com esse rolo, pelo que terá de ser mais seletivo e menos aleatório nos seus cliques do que no mundo digital. 

O formato do filme de cada o rolo e o seu ISO também contribuem para o resultado final. Os principais formatos incluem o de 35mm e de 120mm, sendo que este último permite uma maior profundidade de campo e uma qualidade superior nas fotografias finais.

Já no ISO, o parâmetro que demonstra qual é a sensibilidade do rolo quando exposto à luz, ele deverá apresentar um número mais elevado (por exemplo, o ISO 800) se for fotografar em ambientes muitos escuros ou noturnos.

Se, pelo contrário, o seu objetivo é fotografar com muita exposição de luz, a escolha deverá recair em rolos com o valor mais baixo (por exemplo, o ISO 100).

Lembre-se que esta definição terá de se aplicar a todas as fotografias que o rolo disponibiliza porque não é fácil mudar os rolos dentro da máquina antes que eles cheguem ao fim.

Corre o risco de estragar todas as imagens desse rolo. Os rolos com formato 120mm, que permitem fotografias a preto e branco e com ISOs superiores, estão frequentemente associados à fotografia analógica profissional, pelo que apresentam quase sempre preços mais elevados.

Máquina Polaroid
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Máquinas fotográficas de rolo: muita personalização

A escolha de compra ainda é reduzida para material em primeira mão, uma vez que só agora este tipo de máquinas está a emergir de novo no mercado, mas pode ser mais variada, especialmente se procurar no mercado em segunda mão (ebay, KEH, OLX ou Marketplace, etc).

Encontrará máquinas onde tudo vai ser manual, especialmente as velocidades de obturação e abertura do diafragma que permitem gerir e personalizar a exposição luminosa, e também máquinas que já permitem alguma automatização face às condições de luz detetadas. 

Tudo vai depender se já é um fotografo experiente, se quer aprender mais sobre os meandros fotográficos ou se quer experimentar o analógico, mas sem perder muito tempo a aprender fotografia.

Mas lembre-se que, parte do prazer da fotografia analógica está em conseguir observar e testar os mecanismos das máquinas mais manuais e em compreender um pouco melhor o “milagre da fotografia”, meta quase impossível de alcançar na observação dos algoritmos esquivos da fotografia digital. 

As principais marcas a procurar são as japonesas Canon, Minolta, Nikon, Olympus e Pentax, que começaram a inundar o mercado a partir dos anos 60 do século passado.

As marcas europeias mais valorizadas, que marcaram o mundo até à década de 1950, são as alemãs Zeiss Ikon, Ihagee, Exakta e Voigtländer, ou a sueca Hasselblad, sem esquecer a icónica Leica, cuja portabilidade a popularizou como um must na fotografia de rua.

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