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A 22 de abril, dez naus, três caravelas e 1200 homens, liderados por Pedro Álvares Cabral, chegaram ao sul da Bahia (hoje Porto Seguro). Durante 322 anos, o Brasil viveu sob as ordens de Portugal, até que os brasileiros conquistaram a independência, em setembro de 1822, mas os marcos da presença portuguesa no Brasil são ainda bem visíveis.
Numa análise simplista, alguns dirão que portugueses e brasileiros são povos muito distintos mas é possível que estejam muito longe da verdade. Portugal e Brasil foram – e, atrevemo-nos a dizer, são cada vez mais – dois países irmãos , hoje ainda ligados por um passado cada vez mais presente, assente na língua, na gastronomia e na cultura. Na verdade, como diria Rui Veloso, muito mais é o que nos une, do que aquilo que nos separa.
7 marcos da presença portuguesa no Brasil
Os portugueses foram o segundo povo que mais povoou o Brasil, logo depois dos africanos negros (de países como Angola, Moçambique, Nigéria, Madagascar, Camarões, Guiné Equatorial ou Gabão, entre outros), por isso, não é de estranhar a nossa influência nas tradições e costumes brasileiros. Até porque, a Independência do Brasil não travou a imigração portuguesa, aliás, até meados do século XX, os portugueses foram uns dos principais imigrantes no Brasil – atualmente, há 10,8 milhões de portugueses e luso-descendentes no Brasil.
As pessoas
Fonte da imagem: Atores portugueses no Brasil/SIC
Muitos brasileiros descendem de portugueses, ainda que numa linha de parentesco já muito remota. Lília Cabral, Daniela Mercury ou Fernanda Montenegro são algumas das figuras públicas com sangue lusitano. Como resultado desta presença, não faltam instituições com ligações à terrinha, como o Liceu Literário Português (Rio de Janeiro), Real Hospital Português de Beneficência (Recife), a Sociedade Portuguesa de Beneficência do Rio de Janeiro, a Associação Atlética Portuguesa (Santos) ou os Gabinete Português de Leitura em várias cidades.
Quanto aos portugueses, hoje em dia, parece que é o Brasil que, aos poucos, está a descobrir Portugal. Em terras de Vera Cruz, Ricardo Pereira é protagonista nas novelas da Globo, Maria Vieira, Paulo Rocha, Joana Solnado, Marina Mota ou Joaquim Monchique também marcam ou marcaram presença nas televisões brasileiras.
Ricardo Araújo Pereira e César Mourão são dois dos humoristas que, habitualmente, fazem ponte aérea entre os dois países. E, claro, a fadista Carminho que já faz parte do panorama musical brasileiro.
Língua portuguesa
Mas é a língua a mais rica e importante herança que os portugueses deixaram ao povo brasileiro. Recentemente, num encontro no Brasil, Ricardo Araújo Pereira brincava ao perguntar pausadamente “Toda a gente entende o que estou a dizer neste idioma estranho?”. Sendo uma graça, a verdade é que, ainda que se trate de um dos marcos da presença portuguesa no Brasil, a língua que os dois países falam é muito parecida mas não é a mesma.
Apesar disto, ambos os países ficam a ganhar com as semelhanças e diferenças entre o português europeu e o português do Brasil. Atores, cantores, poetas ou humoristas, estudantes, médicos ou esteticistas, professores ou mecânicos, saltam, com frequência, de um lado para o outro do Atlântico há procura de oportunidades de trabalho, de uma nova vida ou apenas para uma temporada de férias. O que facilita este intercâmbio? A mesma língua.
Religião católica
Apenas quatro dias depois da chegada dos portugueses a terras de Vera Cruz, foi rezada a primeira missa no território. Os marcos dessa benção duram até hoje, sendo o Brasil considerado o maior país do mundo em número de católicos nominais. Os missionários que acompanhavam as armadas portuguesas, começaram a evangelização dos indígenas e, mais tarde, os Frades Franciscanos e os Padres Jesuítas levaram a fé cristã ao povo.
Como em Portugal, o calendário é muito influenciado pelo catolicismo, alguns feriados são religiosos e os dias comemorativos dizem respeito, na maioria das vezes, a festas de santos, como o Dia de São Sebastião ou o Dia de São Salvador do Mundo. As celebrações mais importantes do país também dizem respeito a festas religiosas, como as peregrinações à Nossa Senhora Aparecida, o Círio de Nazaré (Belém do Pará), a Festa do Divino Pai Eterno (Goiás), o Carnaval ou as Festas Juninas (Bahia).
Entre tachos e panelas
Muitos dos pratos brasileiros são o resultado da adaptação das receitas portuguesas ao que a terra e o mar brasileiros oferecia. A feijoada brasileira é uma interpretação do cozido português e a cachaça é a irmã mas nova do bagaço. Não podemos ainda esquecer o caldo verde, o quindim e os muitos pratos à base de bacalhau, como é o caso da bacalhoada (uma espécie de bacalhau à espanhola no forno).
No que à agricultura diz respeito, várias frutas e legumes agora apreciados pelos brasileiros, foram levados pelos portugueses como as frutas jaca, a fruta-do-conde (anona), o coco, a manga ou os legumes, como a cebola, a alface, o pepino, o alho e, claro, as especiarias levadas das índias.
Festas Populares
Diz-se à boca pequenos que os brasileiros são mais alegres do que os portugueses mas quem lhes levou as festas populares fomos nós. As festas populares brasileiras são um traço muito importante do povo e um dos marcos da presença portuguesa no Brasil.
Exemplo disto são as festas de homenagem a santos, mas também o Carnaval, a Festa do Divino Espírito Santo (uma devoção instituída pela Rainha D. Isabel de Aragão e levada ao mundo pelos emigrantes açorianos), a Farra do Boi (hoje ilegal mas ainda mantida, foi levada para o Brasil também pelos açorianos) e a Folia de Reis (uma espécie de cantares das Janeiras mas à moda brasileira).
Folclore, cantigas e danças de roda
Lado a lado com as festas populares, está o folclore brasileiro, muito influenciado pelas tradições lusas. Dele fazem parte muitas crenças portuguesas como o bicho-papão, a cuca e o lobisomem. O maracatu, o fandango e a caninha-verde são hoje danças brasileiras que cruzaram o oceano levadas pelos portugueses.
Na altura dos descobrimentos, as cantigas e danças de roda eram muito populares, de tal forma que ainda hoje vivem nos dois lados do Atlântico. São exemplos disso as músicas como Escravos de Jó, Sapo Cururu, Roda Pião, a Atirei o Pau no Gato, Papagaio Loiro e Ciranda-Cirandinha.
Também a viola, instrumento essencial da música brasileira, foi levada pelos portugueses, assim como, o berimbau (verdade!), o piano, a flauta, o clarinete, o contrabaixo, o violoncelo, o violino, a sanfona (acordeão), o violão, o cavaquinho e a viola caipira (que deriva da viola portuguesa).
Jogos e brincadeiras
Lançar pipa (papagaio), jogar ao botão, à amarelinha (macaca), com bolinha de gude (berlinde) ou ao pião, entre muitos outros, são apenas mais alguns marcos da presença portuguesa no Brasil, alguns dos quais, muito provavelmente, nem os nossos irmãos de voz açucarada sabem que a origem está neste lado do Atlântico.
Muito mais aproxima portugueses e brasileiros: faça como Pedro Álvares Cabral e parta à descoberta.
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