O nome Maria Teresa de Filippis diz-lhe alguma coisa? Se não está reconhecer, estamos “apenas” a falar de uma das maiores pilotos femininas da história e que com 22 anos já dava cartas no campeonato italiano de velocidade.
Assim, ao longo deste artigo vamos dar a conhecer a história deste prodígio feminino do automobilismo mundial.
Maria Teresa de Filippis, a primeira mulher na F1
Maria Teresa de Filippis nasceu em Nápoles, em 1926, e decidiu entrar para o mundo da competição motorizada quase como um desafio. Este caminho surgiu devido a uma aposta com os seus irmãos e devido às suas habilidades de condução.
Esta audácia, que esteve sempre presente ao longo da sua carreira, fez com que Maria Teresa se distinguisse ainda mais enquanto piloto e pessoa. Isto porque, além do desafio, decidiu também fazer das suas capacidades uma inspiração para outras mulheres e quis provar ser capaz de conduzir carros de alta velocidade. E logo num mundo dominado por homens.
Contudo, este caminho nem sempre foi fácil. Após alguns obstáculos, a emancipação da mulher começou a dar frutos e Maria Teresa de Filippis foi um pequeno embrião nessa luta pela igualdade no automobilismo.
Aliás, foi uma das poucas mulheres a fazê-lo, contrariando os padrões da época. Para isso muito contaram as suas vitórias no início da sua carreira.
O começo de um ciclo vitorioso
Em 1498 participou na sua primeira corrida a sério. Então, com apenas 22 anos, atingiu o lugar mais alto do pódio nos 10 quilómetros de Salerno-Cava de ‘Tirreni, na classe 500cc da categoria de carros de turismo em que venceu os seus rivais masculinos. Esta primeira vitória, conseguida num Fiat 500, acendeu a sua paixão pelo automobilismo.
Nos anos seguintes triunfou em inúmeras competições na categoria 750cc.
De 1953 a 1954 conduziu um Osca de 1100cc, com o qual conquistou as 12 Horas de Pescara, o Trullo d’Oro, o Catania-Etna e os circuitos de Caserta e Syracuse.
Um ano depois, em 1955, Maria Teresa de Filippis faz a transição para um Maserati 2000 A6GCS. Este carro foi uma das suas grandes paixões. Num artigo pessoal escreveu:
(…)um automóvel potente, com o qual senti que podia vencer qualquer coisa… e venci. (…) Pobre automóvel! Tantos acidentes espetaculares, mas, também, tantas vitórias!
A melhor: a vitória na Catania-Etna em tempo recorde, que se manteria imbatível durante os três anos seguintes. Conquistaria o segundo lugar da classificação geral, na classe de 2000cc, no campeonato de 1955.
Desengane-se se pensou que esta conquista não teve importância. Na época, o campeonato italiano de velocidade era um dos mais disputados do mundo.
Por outras palavras, todas estas conquistas só mostraram e provaram a dimensão de Maria Teresa de Filippis, enquanto piloto e as grandes qualidades para fazer frente aos pilotos masculinos.
Contudo, Filippis queria mais.
A primeira mulher na Fórmula 1
Após ter assistido ao seu potencial e crescimento, a Maserati convidou-a para correr na Fórmula 1 aos comandos do 250F em 1958. Assim, disputou cinco Grandes Prémios: quatro pela Maserati e um pela Porsche.
A estreia ocorreu no GP de Syracuse e depois competiu no seu primeiro Grande Prémio do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 na Bélgica. Nessa prova começou em 19.º e terminou em 10º.
Depois participou nos GPs de Portugal e Itália nesse mesmo ano, embora em nenhum deles tenha conseguido cruzar a linha de chegada.
No entanto, a vida na Fórmula 1 nem sempre foi fácil. Chegou mesmo a ser proibida de correr por ser mulher.
Na época, o diretor de provas, Toto Roche, foi à conferência de imprensa, mostrou uma grande fotografia da Maria Teresa e, apontando para a fotografia, disse:
uma jovem tão bonita como aquela não deveria usar nenhum capacete a não ser o secador do cabeleireiro.
Quando soube, Maria ficou furiosa e disse que se o visse à frente a conversa teria outro rumo.
Contudo, tal como referido em cima, nunca deixou que estas críticas a abalassem. Maria Teresa, apesar das dificuldades conquistou o respeito e a estima dos seus rivais.
Desde então, um bom número de mulheres já competiu no automobilismo, mas só ela tem o único recorde que nunca pode ser batido ou igualado: ser a primeira mulher a competir na Fórmula 1.
A título de curiosidade, Maria é uma das cinco mulheres na história da Fórmula 1.
O pós velocidades
Recordando a sua carreira, dizia Maria Teresa de Filippis,
Eu corria apenas por prazer. Naquela época, em cada dez pilotos nove eram meus amigos. Havia, digamos, um ambiente familiar. Saímos à noite, ouvíamos música e dançávamos.
A piloto acrescentava, ainda,
Era totalmente diferente do que os pilotos hoje fazem, em que se tornaram máquinas, robôs e estão dependentes dos patrocinadores. Agora não há amigos na Fórmula 1.
Ela nunca se arrependeu de se retirar em 1959, ano em que o seu amigo Jean Behra construiu um carro com motor Porsche para ela correr na corrida da Avus, em Berlim. Contudo, esta última corrida não se chegou a realizar. A sua missão estava cumprida.
Após isso, ainda regressou aos circuitos, em 1979, quando ingressou no Clube Internacional de Ex-Pilotos de Fórmula 1, do qual foi eleita vice-presidente em 1997 e depois presidente honorária.
Maria Teresa de Filippis faleceu em 2016, com 89 anos. Para história deixou o seu legado e a força do poder feminino no mundo do automobilismo.
Até hoje, a força e a importância dos feitos alcançados por Maria Teresa de Filippis continuam a definir os valores da Maserati, e, também, a inspirar todas as mulheres que hoje trabalham para a marca.