Elsa Santos
Elsa Santos
28 Fev, 2023 - 13:30

Medo de ir trabalhar: um problema real com solução

Elsa Santos

O medo de ir trabalhar é um problema sério e que exige tratamento. Saiba identificar os sintomas, conheça as soluções e entenda o que mudou com a pandemia.

mulher ao computador a sentir medo de ir trabalhar

O medo de ir trabalhar é um problema clinicamente diagnosticado que exige tratamento.

Se para uns o problema até pode ter sido minimizado pelo confinamento e trabalho à distância, para outros pode ter piorado, ou mesmo surgido, com a pandemia.

Dos casos mais leves, que se confundem com a simples desmotivação, aos mais graves que limitam seriamente o desempenho de funções, são muitas as pessoas que diariamente se confrontam com o medo de ir trabalhar.

Saiba mais sobre este tema.

Tudo sobre o medo de ir trabalhar

Ter medo de ir trabalhar não é sinónimo de não gostar da profissão, mas de uma incapacidade de lidar com vários fatores que lhe estão associados. Apesar de, para alguns, poder parecer estranho, a verdade é que a fobia ao trabalho é um problema real, reconhecido pela ciência.

De acordo com um artigo de 2009, da Psychology, Health and Medicine, esta condição, designada de ergofobia, é definida como uma

reação de ansiedade, com sintomas de pânico que ocorrem ao pensar na aproximação ao local de trabalho.

Trata-se, pois, de um distúrbio psicológico caracterizado por um temor irracional e excessivo relacionado ao trabalho.

Como muitas doenças mentais, a ergofobia é pouco compreendida por quem não a experimenta. Isso faz com que os portadores dessa fobia sejam tratados com desprezo ou preconceito, o que piora a situação.

Nos casos mais graves, o medo de ir trabalhar impede a progressão na carreira e pode mesmo levar ao desemprego e a quadros de doença mais graves.

mulher em burnout e teletrabalho

Sintomas

Quem tem medo de ir trabalhar, sofre de uma fobia séria. Tal condição pode apresentar vários sintomas. Um artigo do Journal of Anxiety Disorders, em 2007, apresenta 6 tipos diferentes de ansiedade relacionados com o trabalho:

  • Fobia situacional ao local de trabalho: está relacionada, como o nome indica, com uma situação concreta. Por exemplo, se o trabalhador é obrigado a fazer algo que o deixe extremamente desconfortável, como uma apresentação para muitas pessoas, por exemplo;
  • Pânico relacionado com o trabalho: só de pensar em ir trabalhar, a pessoa sente que pode não aguentar e sofrer um enfarte;
  • Fobia social indiscriminada relacionada com o trabalho: muitos aspetos diferentes do respetivo trabalho provocam grandes níveis de ansiedade ao profissional, como se estivesse a sofrer um enfarte;
  • Fobia social discriminada relacionada com o trabalho: alguns aspetos específicos das funções desempenhadas fazem o profissional sentir medo e até pânico;
  • Ansiedade generalizada relacionada com o trabalho: o colaborador sente que é como se estivesse a ter um enfarte no trabalho, mas não sabe porquê;
  • Stress pós traumático relacionado com o trabalho: o profissional sente-se angustiado após sofrer, de facto, um enfarte no trabalho. Essa angústia, ou ansiedade, manifesta-se, normalmente, numa sensação de estar a sofrer novo episódio.

A ansiedade relacionada com o trabalho é um problema tão sério que pode ser incapacitante. Os fatores que lhe estão associados levam a uma série de dificuldades que podem conduzir ao abandono do posto de trabalho.

Isso acontece, sobretudo, pela dificuldade em controlar o problema, ou por não reconhecimento do mesmo. O trabalhador não consegue focar-se ou terminar qualquer tarefa. O facto de ser uma situação pouco conhecida da generalidade e encarada com desprezo, a falta de compreensão ou apoio da entidade patronal acaba por ditar o fim da maioria dos casos, sobretudo os mais graves.

Diagnosticar a ergofobia

De uma forma resumida, o diagnóstico da ergofobia caracteriza-se, entre outros pontos, pela presença de:

  • Medo irracional ou ansiedade excessiva relacionada ao trabalho como um todo ou a alguma situação específica do trabalho;
  • Relação desproporcional entre o medo ou a ansiedade e a situação real;
  • Persistência do medo ou ansiedade por períodos longos, superiores a um semestre;
  • Efeitos prejudiciais à saúde mental e ao desenvolvimento pessoal e profissional do paciente.

Falamos de distúrbio mental quando falamos de ergofobia que, na verdade, é muito mais do que medo de ir trabalhar. É, portanto, a incapacidade de exercer as funções inerentes a uma profissão que até se pode gostar.

Ainda que o problema possa ser complexo, desistir de trabalhar não é solução para quem sofre desta fobia. Há que identificar o problema e procurar o melhor tratamento.

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Como tratar esta fobia

Quando falamos de medo de ir trabalhar, ou de ergofobia, falamos de um distúrbio mental. Oi seja, de uma fobia específica que não possui uma relação direta de causa e efeito.

Assim, não é possível, genericamente, apontar uma origem e muito menos um único tratamento.

Um bom psicólogo saberá identificar o acontecimento, trauma ou outro evento que possa ter originado a aversão a uma situação de trabalho. E, uma vez identificado, saberá orientar a melhor forma de vencer o problema.

O método mais habitual para controlar o medo de ir trabalhar é uma combinação de terapia (comportamental cognitiva ou equivalente) e medicação (cuidadosamente prescrita e, preferencialmente, leve) contra a ansiedade.

Várias empresas já implementaram novas práticas, como a meditação ou o ioga, proporcionando um ambiente menos tenso, atribuindo funções adaptadas a quem sofre de stress e ansidedade, tirando o melhor partido dos conhecimentos e competências de cada um.

Com os meios e ajuda adequados é possível vencer o medo de ir trabalhar e mudar a vida.

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