Existem muitas seleções dos melhores filmes de Natal, mas a maior parte não tem a preocupação de agrupar géneros e tipos, criando uma enorme amálgama indistinta para quem pretende escolher em função da forma como o tema é abordado. Trata-se de enormes listas com os mais diversos tipos de obras cinematográficas, muitas vezes verdadeiramente incomparáveis entre si.
Não que a questão seja grave, mas nós gostamos de facilitar o trabalho de quem nos lê. Assim, decidimos fazer um levantamento daqueles que são considerados os melhores filmes de Natal de sempre, selecionando-os e agrupando-os depois em função dos gostos e preferências dos cinéfilos ou apreciadores da sétima arte. Esperamos que goste.
Os melhores filmes de Natal para quem não abdica dos clássicos
Do céu caiu uma estrela (1946)
Provavelmente a mais bela história de Natal alguma vez feita em cinema, este incrível hino à vida e ao amor resulta numa mistura entre uma deliciosa fábula e uma parábola sobre a generosidade da América. Usufruindo da mais marcante interpretação de James Stewart, o realizador Frank Capra conta a história de George Bailey, um homem verdadeiramente bom, honesto e solidário, que coloca constantemente os interesses da sua comunidade à frente dos seus.
Não conseguindo lidar com as constantes desilusões e fracassos da sua própria vida, que só por milagre poderia resolver-se, George decide suicidar-se, atirando-se de uma ponte. É salvo pelo desconhecido Clarence que, sendo na verdade um anjo que tenta ganhar as suas asas, vai mostrar-lhe o pesadelo que seria a sua cidade caso George nunca tivesse existido. Convencido, o protagonista regressa a casa, apenas para descobrir que todos aqueles que ajudou se uniram para o ajudar agora a ele. Dá-se o milagre e, assim, o anjo ganha as suas asas.
Milagre na Rua 34 (1947)
Mais uma encantadora história que nos deixa absolutamente rendidos. Este filme, que é um dos mais queridos e apreciados bombons desta altura, apresenta a história de um simpático e bondoso velhinho que, durante a época das Festas, é contratado para trabalhar numa famosa loja de departamentos, encarnando o Pai Natal. O problema é que, com a sua enorme barriga e barbas brancas, Kris Kringle afirma ser o verdadeiro Pai Natal e, quando é levado a tribunal para o provar, a fé de uma menina, juntamente com a de todos nós, passa por uma dura prova.
Existem duas versões adoráveis desta obra escrita em 1934 por Valentine Davies. No entanto, temos de dar a nossa preferência àquela que consideramos ser a melhor, a original, que apresenta Edmund Gwenn como Kris Kringle e Natalie Wood como a menina que havia perdido a sua fé no espírito do Natal.
Para quem se derrete com as comédias românticas
O diário de Bridget Jones (2001)
Com algumas das suas cenas mais pivotais a desenrolarem-se durante as Festas e a incluírem hediondas camisolas natalícias, esta brilhante adaptação do famoso livro de Helen Fielding sobre uma rapariga que nada deve à elegância e à astúcia é uma verdadeira pérola, que pode e deve ser vista ou revista, sobretudo na época que se avizinha.
Muito devido às fantásticas interpretações do triângulo amoroso, a cargo de Renée Zellweger, Hugh Grant e Collin Firth, a história cola-se ao nosso coração, enquanto nos provoca as mais sinceras gargalhadas. Porque aqui não há milagres: ela mantém-se gorducha, desastrada e incrivelmente apelativa durante todo o filme, o príncipe encantado que parece bom demais para ser verdade, é mesmo, e o rapaz que afinal até tem boa índole, vai ter de lutar bastante para se fazer apreciar.
O amor acontece (2003)
Com um enorme elenco e várias histórias a decorrer em paralelo, este filme é um dos mais inquestionáveis sucessos natalícios de sempre. De facto, apesar de ter vingado de forma absolutamente inacreditável, a fita agrupa um conjunto de inegáveis problemas, entre os quais: Keira Knightley, recém-casada, a braços com um admirador muito pouco secreto e demasiado próximo do marido; Colin Firth a tentar comunicar com um inexplicável amor à primeira vista, de nacionalidade portuguesa; e Hugh Grant como um primeiro-ministro cujo interesse se desvia mais para uma roliça ajudante do que para os problemas do país…
Bom, então, porquê que “O amor acontece” se encontra na nossa lista dos melhores filmes de Natal? Bem, sobretudo devido às interpretações infalíveis de Emma Thompson, que enfrenta de forma invejável o seu marido traidor, Alan Rickman; e de Bill Nighy, a hilariante velha glória do rock que regressa para interpretar um single de Natal bem foleiro…
Para quem delira com universos fantásticos e alternativos
Edward Mãos-de-Tesoura (1990)
Verdadeira extravaganza visual de Tim Burton, este filme apresenta uns subúrbios em tons pastel, decorados com arbustos surreais e povoados de pessoas com coloridas indumentárias, mas completamente desprovidos de alma ou conteúdo. Neles habita a família da “Senhora da Avon”, uma brilhante Dianne Weist, que resgata um estranho ser criado pelo inesquecível Vincent Price e interpretado pelo versátil Johnny Depp: Edward Mãos-de-tesoura.
Apesar do seu aspeto gótico, cabelo desgrenhado, vestuário de couro negro revestido a correntes e letais tesouras em vez de mãos, o que impressiona é que a criatura, incompleta devido à morte extemporânea do seu “pai”, é mais respeitável e admirável do que aqueles que, depois de usufruírem do seu talento como cabeleireiro e topiário, passam a temê-lo e o tentam destruir. Neste filme, com a ajuda da banda sonora de Danny Elfman, o Natal assume-se como uma altura mágica, mas de emoções agridoces, em que a alegria se conjuga com o medo.
O Grinch (2000)
Versão cinematográfica de uma das obras infantis de referência nos EUA (“O Grinch que roubou o Natal”, de Dr. Seuss), este filme é uma verdadeira montanha russa de cor, exuberância e personagens completamente loucas. Ao comando? Jim Carrey, claro, no papel do monstrinho pouco simpático que, um belo dia, decide “roubar” o Natal à cidade consumista de Whoville, levando todos os presentes para o seu tenebroso covil.
Este é um filme delicioso para se ver em família, torcendo todos juntos para que, no fim, a adorável e inocente Cindy-Lou consiga mesmo conquistar o coração empedernido do Grinch, levando a que tudo se resolva e a que este acabe por se render ao alegre e envolvente espírito natalício.
Para quem encara o Natal com um toque de cinismo
O Anti-Pai Natal (2003)
Ora bem, anda à procura de uma comédia negra que se afaste da doçura algo enjoativa dos clássicos da época natalícia? Acaba de a encontrar! Apesar de assegurar alguma emoção e sentimento por trás do humor e do crime que percorrem todo o filme, o Pai Natal de loja interpretado por Billy Bob Thornton é a antítese de todos os clichés natalícios da estação. Cínico, egocêntrico e alcoólico, Willie T Stokes tem uma atração por mulheres avantajadas e um profundo desprezo por crianças.
A única razão porque aceita interpretar um Pai Natal nas lojas durante as Festas é para conseguir cometer alguns roubos com o seu cúmplice, o “duende” Marcus. Isto, até se cruzar com 2 pessoas que vão mudar a sua vida: a groupie Sue e um órfão de 8 anos, gorducho, muito pouco astuto e com uma mansão que agrada bastante a Wilie. Atenção que este filme se destina apenas a pessoas com muito sentido de humor: avareza, luxúria, incontinência, nanismo e pontapés nos testículos, tudo é abordado de forma hilariante, mas com bastante malícia e desencanto.
Os fantasmas contra-atacam (1988)
Não podíamos fazer uma lista sobre os melhores filmes de Natal sem incluir uma das imensas versões de “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens. A história é semelhante: um indivíduo rezingão e mal-encarado, que despreza o Natal e espalha infelicidade por onde quer que passe, é visitado por 3 fantasmas na noite de Consoada: Passado, Presente e Futuro tratam de lhe dar uma lição que nunca esquecerá, fazendo-o regressar à humanidade.
A diferença aqui é que o famoso Scrooge é trazido à vida pelo incomparável Bill Murray que, com uma interpretação verdadeiramente hilariante e assumidamente cínica, consegue transformar este verdadeiro espelho de moralidade vitoriana numa inesquecível comédia negra. Dignas de atenção são também as várias estrelas que vão aparecendo ao longo do filme, bem como a direção arrojada e pouco subtil do mesmo.
Para quem gosta de terror, independentemente da época do ano
O pesadelo antes do Natal (1993)
Quem melhor do que Tim Burton, novamente acompanhado por Danny Elfman, para pintar com um tom bem negro a festiva época natalícia? Assustadoramente divertido, este filme de animação stop-motion conta a história de Jack Skellington, o Rei Abóbora, que, depois de um verdadeiro triunfo no Halloween, decide que o que quer mesmo é substituir o Pai Natal!
Da autoria do excêntrico realizador, este conto de fadas original apresenta-nos o verdadeiro anti-herói e os seus aterrorizadores amigos, assegurando momentos da mais pura e deliciosa diversão a todos os adultos com uma pontinha de humor negro.
Gremlins (1984)
Verdadeiramente subversivo no que respeita a combater as forças da moral e do bom gosto que parecem dominar Hollywood em todas as épocas natalícias, este filme algo lunático conseguiu escapar à “censura” em… 1984! Divertido, animado e assustador, “Gremlins” parece satirizar praticamente todos os clichés natalícios, levando-nos a questionar de que lado estamos: dos monstrinhos destruidores ou da comunidade pseudo-perfeita e moralista em que se inseriram?
A história é simples, ainda que relativamente inovadora para a época: Gizmo, o simpático mogwai, é um pequeno animalzinho peludo e fofo, de grandes olhos melancólicos, que todas as crianças desejariam encontrar no sapatinho; mas, esconde um terrível segredo: nas condições certas, dá origem a uma série de monstrinhos verdes, absolutamente assustadores e incontroláveis…
Sabemos que, no que trata aos melhores filmes de Natal de todos os tempos, ficam ainda a faltar alguns clássicos relativos, por exemplo, à área da ação – vem à mente “Assalto ao arranha-céus… -, mas a lista iria tornar-se demasiado extensa, pelo que estes e outros terão de ficar para segundas núpcias. Entretanto, esperamos que tenha encontrado aqui algum que lhe agrade. Boas festas e muitas pipocas!
Veja também: