Share the post "Os melhores livros de não-ficção: 10 viagens obrigatórias pela leitura"
Esta lista de livros de não-ficção é para quem se interessa pelos temas fraturantes da atualidade ou tem curiosidade sobre os marcos do passado. Aí vai, com a nossa ajuda, vai ter acesso a títulos incríveis e de leitura obrigatória para quem quer saber mais sobre o mundo. Do mais antigo ao mais recente, com uma certeza pode contar: qualquer que seja a sua escolha, vai ser uma leitura transformadora.
Top 10 dos melhores livros de não-ficção
1. Os Dez Dias que Abalaram o Mundo, de John Reed (1919)
John Reed era um jornalista, ativista político e poeta de nacionalidade americana, que acompanhou de perto e documentou a Revolução Bolchevique em 1917, desde Petrogrado (atual São Petersburgo). Dessa circunstância, surgiu este grande livro de não-ficção, um dos mais importantes de sempre.
Em março desse ano, a Rússia imperial czarista já havia sido deposta, e à frente do país estava o governo provisório do socialista revolucionário Alexander Kerenski, que havia prometido paz, terra e pão. Tendo se aliado aos burgueses (tacitamente ligados à monarquia czarista), Kerenski servia-se do exército para reprimir a ocupação das terras dos latifundários por camponeses esfaimados, o que resultou num crescente mal-estar social, e que culminou na revolução bolchevique. Em novembro, Lenin encoraja as massas a expulsarem Kerenski do poder, e que o poder seja dado aos soviets (ou conselhos populares); eventualmente, é isso que acontece.
Ora, o relato de Reed é muito rico e um importante documento histórico. Ao ser escrito à medida que os acontecimentos se iam sucedendo – acrescentando ainda artigos de jornais, transcrições de discursos e entrevistas -, o autor pintou uma narrativa muito envolvente de um dos mais marcantes acontecimentos do século passado.
2.Um Quarto Só Para Si, de Virginia Wolf (1929)
“Um Quarto Só Para Si” é um ensaio, baseado em duas conferências sobre o tema “Mulheres e Ficção” e é um clássico do feminismo.
Aqui, Virgina Wolf faz uma reflexão sobre o papel da mulher na literatura. Ela alude a várias escritoras, como Jane Austen, as irmãs Charllotte e Emily Brontë, e expõe as dificuldades acrescidas que uma mulher vivenciava para que pudesse escrever “seriamente”.
Antes dessas autoras, a presença feminina na literatura era próxima da nulidade, reflexo duma sociedade profundamente patriarcal. Pois, se a mulher gozasse de independência económica, liberdade intelectual, da mesma educação que um homem e não fosse desdenhada por querer escrever, então o seu potencial poderia ser reconhecido e trabalhado.
É um livro curto e muito interessante, que nos lembra o caminho que se trilhou em direção à igualdade de género e o que ainda está por trilhar.
3. Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie (1936)
Dale Carnegie nasceu em 1888, num vilarejo do Missouri, numa família de agricultores. Muito trabalhador, com queda para a comunicação e experiência como comercial, ficou famoso pelos seus “treinos” na arte de falar em público.
E por que é que é importante saber comunicar em público, ou comunicar simplesmente? Porque muito do nosso sucesso depende das nossas soft skills, o conhecimento técnico não é tudo. É preciso saber conseguir fazer amigos, ouvir o outro, saber inspirar e liderar. E aqui são dadas dicas preciosas para desenvolvermos estas capacidades relacionais.
Este livro de não-ficção é uma leitura obrigatória para quem pretender melhorar a impressão que os outros têm de si, ou se quiser ser mais convincente e liderar sem criar tensões desnecessárias.
4. A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos, de Karl Popper (1945)
Esta obra de natureza filosófico-política foi concebida durante a Segunda Guerra Mundial e foi, para Popper, o seu esforço de guerra contra os totalitarismos nazi e comunista.
Neste livro, o filósofo desenvolve uma visão crítica do historicismo, atacando as visões de Platão, Hegel e Marx, que não seriam compatíveis com os seus ideiais de uma sociedade aberta, de uma responsabilização individual e de uma democracia liberal.
Volta e meia este ensaio é repescado, normalmente seguindo uma linha de pensamento de que a sociedade aberta e as democracias estão a ser sabotadas, ora por terroristas, ora pelo Presidente Trump, ora pelo regime russo. Por isso, quando puder, deve mesmo fazer esta leitura.
5. A Dupla Hélice, de James D. Watson (1968)
Em colaboração com Francis Crick, o biólogo James Watson descodificou a estrutura em dupla hélice da molécula do ADN, a molécula da vida e do património genético.
Neste livro de não-ficção e de cunho autobiográfico, olhamos o desenrolar dos acontecimentos desde a perspetiva de Watson; sentimos as impressões que ele tem dos seus colegas como nossas, e assistimos ao fervilhar de ideias entre eles como se fôssemos um deles!
Se divulgação científica é do seu agrado então esta é uma sugestão que deve considerar.
6. Orientalismo, de Edward W. Said (1978)
Edward Said nasceu no Mandato Britânico da Palestina em 1935, no seio de uma família de árabes cristãos, foi educado à inglesa no Cairo, e tinha passaporte americano porque o pai havia servido o exército dos EUA na Primeira Guerra. Não tinha uma identidade única – tinha várias!-, o que provavelmente teve impacto nas suas relações interpessoais e na escolha de carreira: um académico dedicado à Literatura Comparada. Ele tornou-se famoso quando publicou “Orientalismo”- uma obra sobre imperialismo cultural-, que foi recebido com muita controvérsia pela academia.
Nesta obra, Said tenta indicar o âmbito de pensamento e de acção abrangida pela palavra orientalismo, desde a sua origem – séc. II AC, por gregos e persas- até à altura em que escreveu o livro, tendo em conta, sobretudo, a erudição britânica e a francesa. Ao utilizar vários exemplos literários de contextos temporais diferentes, o autor procura defender a sua tese (discutível) que o oriental- o outro, o fraco, o irracional, o depravado, o inferior- não tinha controlo sobre a sua identidade; era o ocidental- o nós, o racional, o virtuoso, o forte, o superior- quem o definia, numa atitude paternalista e condescendente.
Apesar das críticas e o enviesamento das fontes, este é um dos livros de não-ficção mais marcantes do século passado, e que não deve deixar de ler.
7. Breve História do Tempo, de Stephen Hawkings (1988)
Este livro de não-ficção é um marco da divulgação científica e um verdadeiro sucesso de vendas, especialmente levando em conta o género.
Escrito em linguagem acessível e em tom divertido, o físico teórico Stephen Hawkings aborda vários conceitos da cosmologia física. Se gostaria de perceber os debates e descobertas à volta do tempo e do espaço, o efeito Doppler e o Big Bang, este livro é obrigatório.
8. No Logo – o Poder das Marcas, de Naomi Klein (1999)
Neste ensaio, Naomi Klein analisa a influência das marcas na sociedade atual. A sua tese é que, assim que as pessoas conhecem verdadeiramente as práticas empresariais (leia-se abusivas), a sua oposição em relação às marcas aumenta.
As grandes empresas, além do produto, vendem ideais e estilos de vida. Por isso, desde que a sua marca figure no produto, a sua produção pode ser em qualquer local, ao custo mais baixo possível. E se, para garantir isso, for preciso fechar os olhos a práticas menos éticas, então assim seja. Além de que colonizam o espaço público com a sua publicidade constante e omnipresente.
Não é de espantar que vários movimentos de reacção à globalização tenham surgido, desde manifestações contra condições de trabalho precárias até às preocupações ecológicas causadas pelo consumo desmedido a que as marcas incitam.
O livro de Klein caiu quase como uma bomba e, por causa dele, a autora foi alvo de críticas de muitas frentes. Pelos exemplos que dá e pela comoção que gerou, a leitura deste livro de não-ficção é, ainda hoje, obrigatória.
9. O Ano do Pensamento Mágico, de Joan Didion (2005)
Quando a filha estava em coma, Joan Didion perdeu o marido John inesperadamente. Era o jantar anterior à véspera do ano novo. Sentaram-se os dois à mesa para jantar, mas só ela é que se voltou a levantar. Da dor e do luto nasceu este ensaio, que descreve à lupa os seus sentimentos do ano que se seguiu.
A morte é irreversível. Racionalmente, toda a gente sabe isso… Mas, quando confrontada com a ausência do marido, Didion percebe que, inconscientemente, agia como se fosse sua missão trazê-lo de volta. Durante muito tempo foi incapaz de se desfazer das roupas de John, não fosse ele precisar… E é este o tal pensamento mágico: a observação de comportamentos e rituais na esperança de evitar o inevitável.
Este é, sem dúvida, um dos livros de não-ficção mais poderoso da nossa lista.
10. A Sexta Extinção, de Elizabeth Kolbert (2015)
Pensa-se que, desde que há vida na Terra, houve cinco períodos de extinção em massa de espécies. A última terá sido no final do Cretáceo, a que dizimou os dinossauros. Elizabeth Kolbert defende que a nossa era geológica- o Antropoceno- está a entrar numa espiral de decadência e que é a acção do Homem que está a conduzir a um novo período de extinções em massa.
A primeira evidência do nosso potencial destrutivo parece vir da caça até ao desaparecimento dos mastodontes há mais de 10 000 anos atrás. Mas desde a revolução industrial que a atividade antropogénica tem causado graves desequilíbrios no planeta: alteração dos níveis de CO2 na atmosfera, aumento da temperatura média, destruição de habitats e de espécies animais e vegetais.
Pela premência do tema e pela qualidade dos argumentos históricos e científicos, este é um livro de não-ficção que tem de ter na sua estante.
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