Todos os motores têm o propósito de serem duráveis e de ao longo do seu “tempo de vida” cumprirem sem apresentarem problemas. E entre as várias nações que se propõe a cumprir este lema, os motores alemães e japoneses têm uma reputação quase intocável.
É verdade que por vezes, alguns blocos não cumprem a tarefa com mestria e acabam por revelar alguns problemas crónicos fruto de falhas na sua concepção.
Muitas vezes, a utilização diária influi também na resposta do motor a longo prazo. Ter alguns cuidados e tratar o motor com “respeito” são aspetos que contribuem para uma maior longevidade.
No entanto, há motores que nascem com um propósito definido: equipar um topo de gama, um superdesportivo ou evoluir na competição. Nesta faixa de utilização, os cuidados são também necessários, mas os blocos mecânicos, nestes casos, são pensados para “sofrerem” agruras e exigências ao longo de vários anos, mostrando todo o seu charme sonoro e potência permitindo andamentos fantásticos.
Sem qualquer desprimor para as restantes nações, japoneses e alemães destacam-se neste capítulo, rivalizando uma luta eterna entre os dois. Mas neste artigo, debruçaremo-nos sobre 10 dos melhores motores alemães da história, ou pelo menos, 10 motores que são sinónimo de grande prestígio para qualquer petrolhead.
A escolha não é fácil, e muitos motores ficam por abordar. Como é o caso do mítico 1.9 TDI do grupo VAG ou até mesmo o Mercedes OM617 que tantos milhões de quilómetros soma. Mas neste caso, a escolha tendeu para motores a gasolina mais performantes, mas igualmente fiáveis e duradouros.
Mais prestigiados motores alemães da história
Nesta viagem veremos que uma parte destes motores brilhou em competição, mas também foram usados em automóveis de produção, e que mesmo apesar dos anos, continuam a poder enfrentar os mais recentes blocos sem medo.
A lista surge de forma alfabética por questão de equidade perante as marcas.
Audi 3B 20VT
Parte da grandiosa história de motores Audi faz-se pelos blocos de 5 cilindros, caso deste 3B 20VT que ajudou a marca e brilhar nas provas desportivas em que participou.
Não sendo a primeira incursão por este tipo de motor realizada pela Audi, constituiu no entanto o primeiro bloco de produção com 20 válvulas e turbo. Trata-se ainda do motor que a Audi associa ao modelo RS2 e cuja expressão máxima de performance é conseguida através das “mãos” da Porsche, que eleva a potência deste bloco até aos 315 cv.
As mãos experientes dos técnicos podem ainda “arrancar” a este bloco um valor mais expressivo: 360 cv de potência, conservando toda a fiabilidade que lhe é conhecida.
Audi BUH 5.0 FTSI
Mantendo a raiz da performance obtida com o RS2, um salto qualitativo e expressivo em potência, e prazer de condução, para a RS6, na sua geração C6. É neste Audi que se encontrava o motor BUH 5.0 FTSI.
Um bloco em alumínio, com sistema de injeção duplo, bi-turbo (1.6 bar), que disponibilizava 580 cv de potência. Uma peça de relojoaria que poderia ser trabalhada, até atingir expressivos 800 cv. Um portento na estrada.
Audi CEPA 2.5 TFSI
O bloco CEPA 2.5 TFSI da Audi é o último de uma linhagem de motores de cinco cilindros que fizeram parte da brilhante história da marca dos anéis, nomeadamente, no mundial de ralis.
Também neste motor, e à semelhança do BUH 5.0 FTSI, a Audi colocou todo o seu saber na sua conceção. Isso fez com que este bloco chegasse a debitar 400 cv e equipasse o Audi RS3.
BMW M88
O motor BMW M88, a gasolina, é um bloco de seis cilindros em linha que a marca alemã produziu entre 1978 e 1989. Na génese equipou o BMW M1 e também a berlina 735i.
No entanto, a sua expressão máxima – M88/2 –, fez-se sentir na competição ao ser utilizado nos automóveis do grupo 5. Nesta variante debitavam qualquer coisa como 900 cv de potência.
Nos anos 1983 a 1989 este bloco sofreu nova intervenção que o tornou mais dócil. Tratava-se do M88/3 que foi utilizado nos BMW E24, M635 Csi e E28 M5, aqui atingindo 282 cv de potência.
BMW S50 e variante S70/2
Este é outro motor brilhante produzido pela BMW entre 1992 e 2000. Trata-se tão só da versão de alto desempenho do motor M50 que a marca alemã utilizou no E36 M3, substituindo o então BMWS14 de quatro cilindros usado no E30 M3.
O S50 é um V6 em linha que possui bloco em ferro e cabeça forjada em alumínio com quatro válvulas por cilindro. A variante deste motor designada S50B30 animou a edição limitada do BMW M3 GT de 1995, e produzia 295 cv. O bloco S70/2 é uma peça de engenharia requintada.
Resulta da junção de dois motores S50 tornando-se um V12 que tem como principais caraterísticas o peso, 265 kg, e equipar o McLaren F1. Fabricado entre 1993 e 1996 disponibiliza 627 cv e é, tão só, o motor atmosférico mais rápido da história.
O design é baseado, como referimos no motor S50, mas tem quatro válvulas por cilindro e tempo de válvula variável, designado BMW VANOS duplo, e válvulas borboleta individuais. Utiliza ainda um sistema de lubrificação por cárter seco.
BMW S85
O motor S85 traduz-se num bloco 5.0 litros que disponibiliza 500 cv às 7.750 rpm. O binário máximo é de 520 Nm/6.100 rpm. Motor a gasolina que a marca alemã não relacionou à produção regular, tem características ímpares.
É um portento no que toca a performance. V10 de aspiração natural foi produzido entre 2005 e 2010 e substituiu o motor BMW S62 V8 no modelo M5. É ainda o primeiro e único motor V10 produzido pela BMW a estar disponível num automóvel de produção.
É ainda detentor de um conjunto de prémios no International Engine of the Year:
- Motor internacional do ano de 2005, melhor desempenho, melhor acima de 4,0 litros, melhor novo motor;
- Motor Internacional do Ano de 2006, Melhor Motor de Desempenho, Melhor Acima de 4,0 Litros;
- Melhor motor de desempenho de 2007, melhor acima de 4,0 litros; 2008 Melhor Acima de 4,0 litros.
Mercedes-Benz M120
O que podemos dizer do motor M120 da Mercedes-Benz? É um bloco bem nascido, de linhagem nobre, que equipa os modelos S600 e desportivos. Mas, também o podemos encontrar noutra marca que soube elevar a sua competência para outro patamar.Trata-se da Pagani que o monta no Zonda S, mas a debitar potência de mais de 700 cv. A Mercedes-Benz produziu este bloco V12 entre os anos de 1990 e 2000.
Construído em alumínio forjado é utilizado no Mercedes-Benz S600 mas, casa muito bem também com o arrojado Mercedes-Benz CLK GTR que competiu no Campeonato FIA GT.
Mercedes-Benz M139
O motor Mercedes-Benz AMG designado M139 é um bloco de 4 cilindros que sucedeu ao motor M133 e que a marca produz desde 2019. É um motor de quatro cilindros em linha, 2.0 litros, turbo que na sua versão base debita 382 cv ou 416 cv na versão S.
É utilizado pela marca alemã nos modelos A45 AMG e A45 S AMG. É ainda o primeiro motor de quatro cilindros da AMG a ter duas potências específicas e a ser montado manualmente seguindo a filosofia de “um homem um motor”, reforçando a marca, deste modo, a qualidade e fiabilidade do bloco.
Mercedes-Benz M176/177/178
Esta é uma linhagem de motores projetada pela Mercedes-AMG. Substituem os blocos M278 e a linha de motores M157. Este motor V8 surge do desenvolvimento do motor M133.
Dois blocos partilham uma única cambota e recebem turbocompressores duplos com turbocompressores BorgWarner posicionados entre as duas cabeças do cilindro numa configuração “hot-V”.
Os motores da versão M176 são usados, principalmente, nos modelos da Mercedes-Benz e montados pela Mercedes, enquanto as outras duas variantes M177 e M178 são usadas em automóveis Mercedes-AMG e montados pela AMG. Potências balizadas entre os 462 e os 650 cv.
Volkswagen VR
O motor VR da Volkswagen nasceu com um propósito de ser utilizado em modelos de tração dianteira, daí ser compacto, mas acabou por ser igualmente utilizado num modelo de topo de linha: o Bugatti Chiron.
Sim, na base do motor do hiperdesportivo está o motor do Golf. Para o Chiron a Volkswagen juntou 4 blocos VR6 e construiu o W16 associado a quatro turbos. Atinge assim potência na ordem dos 1.500 cv.
Nesta linha de motores a marca alemã desenhou ainda os blocos W8, W12. Recorde-se que o compacto VR6 nasceu nos anos 90 para equipar os Golf e debitava 200 cv. Mas, a vontade de andar depressa fazia com que uma afinação mais exigente permitisse extrair qualquer coisa como 400 cv deste compacto bloco.