Share the post "Mercedes-Benz 600S: o restauro do carro da Presidência Portuguesa"
O Mercedes-Benz 600S (W100) que integra o parque automóvel da Presidência da República, foi adquirido pelo Estado Português, em 1966, e esteve ao serviço entre os anos de 1977 e meados de 1990.
O modelo, lançado pela Mercedes-Benz em 1963, tinha como destino chefes de Estado e outras individualidades. Estava equipado com motor V8 com 6,3 litros, a gasolina, transmissão automática e suspensão hidráulica.
Outro equipamento que recorria a sistema hidráulico era o sistema que regula a posição dos assentos, o vidro que separa motorista e passageiros, bem como portas e tampa da bagageira.
Mercedes-Benz 600S: comprado por 785 contos
O exemplar Mercedes-Benz 600S foi adquirido pelo Estado Português, em 1966, por 785 mil escudos (cerca de quatro mil euros) e adstrito ao Conselho de Ministros.
Em 1977 foi transferido para a Presidência da República, onde prestou serviço por 13 anos.
Apesar de ser um carro distinto, há alguns anos não se mostrava tão magnífico como agora. Para chegar ao estado atual foi alvo de profundo restauro executado por profissionais da Sociedade Comercial C. Santos.
Conheça a história deste restauro que teve lugar na viragem do século e cujo orçamento assustou os responsáveis do Ministério das Finanças.
Automóvel chegou desmontado em caixas
O restauro do Mercedes-Benz 600S constituiu o primeiro grande desafio de Agostinho Azevedo, responsável pela Colisão na Sociedade Comercial C. Santos. Com 28 anos tinha chegado à empresa há pouco tempo.
A intervenção no veículo foi muito exigente. De tal forma que o automóvel entrou nas instalações não da forma tradicional, mas sim desmontado em caixas.
O desafio começou naquele momento, em 1998, e terminou dois anos depois, com a entrega do automóvel imaculado, como se saísse do stand pela primeira vez.
“Sem dúvida que foi um grande desafio, pelas condições em que a viatura chegou. Mesmo para o melhor orçamentista, é sempre muito complicado fazer um orçamento quando as coisas nos chegam desmontadas. Foi dessa forma que se começou a fazer uma estimativa. O carro foi descarregado e começou-se a elaborar ao detalhe tudo o que a viatura precisava”, explicou, Agostinho Azevedo.
Equipa motivada colocou mãos à obra
A equipa de profissionais, perante o desafio que tinha entre mãos, não desanimou. O primeiro passo foi executar um orçamento. Após o detalhe de tudo o que seria preciso para fazer brilhar de novo o Mercedes-Benz 600S a conclusão foi um valor de 12 mil contos (cerca de 60 mil euros). O orçamento foi entregue ao Ministério das Finanças.
“Algumas pessoas não acharam muita piada, porque eram valores realmente excessivos e como eu estava há pouco tempo na empresa, tudo se ‘enquadrava’ para que alguma coisa não estivesse bem”, revela o responsável pela área de Colisão, que na altura desempenhava funções há pouco tempo na empresa.
Agostinho Azevedo acrescenta ainda que na altura, com 28 anos, embora tivesse conhecimentos e experiência, nunca tinha coordenado um restauro na empresa.
A responsabilidade da intervenção era imensa. “Ainda por cima numa viatura tão emblemática como esta”, sustenta.
Importância aos detalhes foi uma preocupação
O trabalho de restauro prolongou-se por três anos. A fatura foi emitida com o valor de 11.900 euros. “Portanto, a estimativa não andava muito longe da realidade”, acrescenta Agostinho Azevedo.
O responsável da Sociedade Comercial C. Santos refere ainda que neste tipo de intervenção “dá-se muita importância a todos os detalhes”, o que acaba por demorar o processo de restauro.
É o caso específico da pintura: “o carro foi pintado duas vezes, precisamente para dar este acabamento que estamos aqui a ver”.
No restauro do Mercedes-Benz 600S da Presidência da República intervieram diversos profissionais, desde estofadores a mecânicos, passando por chapeiros e pintores.
Todas as peças que tiveram de ser substituídas foram cedidas pela Mercedes-Benz.