Mafalda Lopes
Mafalda Lopes
31 Jul, 2024 - 15:49

Mesada para os filhos: a partir de quando e quanto dar?

Mafalda Lopes

A mesada é uma forma de ensinar aos filhos o valor do dinheiro e da poupança. Mas a partir de quando e quanto dar?

Mesada para os filhos

Quer começar a dar mesada ao seu filho, mas não sabe que estratégia usar?  

A falta de literacia financeira na infância reflete-se em dificuldades na gestão do dinheiro na idade adulta, o que representa um obstáculo real para a concretização de objetivos financeiros. 

Tudo se torna mais fácil de aprender e de absorver quando somos instruídos desde crianças. Portanto, porque não incutir nos seus filhos a responsabilidade e literacia financeiras? Como o pode fazer? Através de uma mesada.

A mesada é uma forma de ensinar o valor do dinheiro e da poupança. No entanto, a dificuldade começa quando é necessário definir qual a forma mais adequada de atribuir uma mesada. Nós damos uma ajuda.

Como definir a mesada para os filhos?

Quando?

A mesada é um valor acordado entre pais e filhos a ser entregue regularmente, para que os filhos aprendam a lidar com dinheiro com relativa independência. Contudo, note que não é independência total.

A verdade é que se a criança é demasiado jovem, pode ainda nem ter quaisquer noções sobre matemática básica. No entanto, quando mais cedo melhor, pelo que se acredita que com a entrada na escolha primária, aos 6 anos, deve-se começar a utilizar a mesada para educar a criança.

Quanto?

Existem muito fatores que devem ser considerados na hora de estabelecer o valor a ser entregue ao filho. Porém, o fator mais importante é compreender qual é o orçamento familiar, uma vez que a mesada irá representar mais uma despesa fixa no rendimento disponível.

Posteriormente, importa não esquecer que o valor da mesada irá progredir ao longo dos anos consoante o crescimento da criança, as suas necessidades e responsabilidades. Tenha ainda em consideração as despesas que tem habitualmente com o seu filho, como o cartão do bar da escola e carregamento do telemóvel. 

No mesmo sentido, o valor a receber deve contemplar as despesas gerais do seu agregado familiar e as despesas específicas do seu filho. 

Homem a colocar moedas no mealheiro

Definir o valor da mesada com fórmulas

Existem teorias que recomendam a atribuição de 1€ por cada ano de idade da criança. Assim, uma criança de 15 anos receberia 15€ por mês, por exemplo. 

Por outro lado, outras linhas de pensamento sugerem que se atribua 0,50€ semanais por cada ano da criança ou jovem. Assim, neste caso, um adolescente de 15 anos receberia 30€ por mês, enquanto que um jovem de 17 anos receberia 34€ mensais.

Contudo, a partir de certa idade, pode achar que este valor não é suficiente. Como tal, sugerimos que experimente dar 1€ por semana a partir dos 17 anos. Feitas as contas, um jovem de 17 anos receberia 68€ mensais. 

No entanto, existem mais teorias, por isso, deixamos aqui algumas das sugestões defendidas por alguns especialistas nesta matéria, particularmente direcionadas para crianças dos 6 aos 10 anos:

  • 6 anos: 1€ por semana (total mensal = 4€; total anual = 48€) ;
  • 7 anos: 2,60€ por semana (total mensal = 10,40€; total anual = 124,80€);
  • 8 anos: 3€ por semana (total mensal = 12€; total anual = 144€);
  • 9 anos: 4€ por semana (total mensal = 16€; total anual = 192€);
  • 10 anos: 4,50€ por semana (total mensal = 18€; total anual = 216€).

E se tiver mais do que um filho?

No caso de ter mais do que um filho, deve explicar aos filhos mais novos o porquê do filho mais velho receber mais, não porque é mais velho, mas porque tem mais despesas e responsabilidades. Deve ainda, neste caso, adequar a mesada aos encargos de cada filho. Palavra de ordem: transparência. 

Deve-se também esclarecer que a mesada provém dos rendimentos que os pais auferem e, como tal, se algum destes ficar desempregado ou se verifique uma mudança no orçamento, o valor será diminuído e será ajustado numa futura oportunidade. 

Pode ainda ensinar o valor do trabalho ao seu filho através da atribuição de um valor extra à mesada, consoante a realização de alguma tarefa extra, como lavar o carro.

Não se aconselha que sejam atribuídos valores a tarefas em que todos os elementos do agregado familiar devem participar, como arrumar o quarto ou ajudar a colocar a mesa, entre outros.  

Como gerir a mesada dos filhos?

O objetivo da mesada é que os seus filhos aprendam a gerir dinheiro e o façam de uma forma equilibrada. Como em tudo o resto, tem que lhes dar espaço e tempo para assimilarem esse conceito e, eventualmente, errar. Tente monitorizar em vez de punir.

O dinheiro acabou antes do fim do mês? E agora? Evite julgar e criticar. Tente perceber porque é que isso aconteceu e ajude o seu filho a fazer mudanças na forma como gastou o dinheiro para que o erro não se repita.

E não, não pode dar mais dinheiro a seguir. Faça-o compreender que terá de esperar até ao início do próximo mês. A ideia é que aprendam as consequências das suas escolhas e o sentido de responsabilidade. Enfatize a importância de não desperdiçar dinheiro com compras fúteis.

Ensinar o conceito de poupança é, de resto, crucial. Desde que começa a dar-lhes dinheiro, mesmo que seja só 1€ por semana, incentive-os a poupar uma parte do valor (20 a 30%), para comprar uma coisa que desejam muito ou, simplesmente, para ter algum dinheiro reservado para o futuro.

A literacia financeira nas crianças e jovens é fundamental para uma saúde financeira saudável em adulto. Aconselhamos a que comece desde cedo a abordar estes temas de forma séria, clara e transparente.

A mesada não deve ser esquecida e deve ser entregue no dia previamente estipulado. Estes hábitos vão ter consequências positivas na vida adulta, no que concerne a hábitos de poupança e de consumo.  

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