Miguel Pinto
Miguel Pinto
25 Out, 2024 - 13:00

MILTON: o algoritmo que pode identificar (a tempo) 1000 doenças

Miguel Pinto

Chama-se MILTON e é um algoritmo de inteligência artificial que consegue detetar precocemente cerca de 1000 doenças. Como o Alzheimer.

Algoritmo Milton

A tecnologia de inteligência artificial (IA) avançada está a transformar a medicina ao permitir a deteção precoce de mais de 1.000 doenças, muito antes de os sintomas se manifestarem.

Segundo novas investigações, um algoritmo chamado MILTON analisa resultados de testes clínicos rotineiros para identificar padrões que podem prever diagnósticos de doenças com alta precisão, anos antes de se tornarem evidentes.

Desenvolvida pela AstraZeneca, esta ferramenta de IA acelera o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e direcionados. Além disso, a empresa disponibiliza os dados para outros investigadores, promovendo o desenvolvimento de testes diagnósticos que podem permitir tratamentos preventivos em estágios iniciais da doença.

Slave Petrovski, responsável pela pesquisa, explicou à Sky News que muitas doenças, como o Alzheimer ou a doença renal, têm um processo inicial silencioso. O MILTON é capaz de identificar assinaturas nos exames de sangue que são altamente preditivas do desenvolvimento dessas doenças.

O algoritmo analisou dados de 500.000 pessoas da Biobank, no Reino Unido, considerando 67 biomarcadores clínicos, incluindo testes de sangue e urina, além de fatores como idade e sexo.

A análise de 3.000 proteínas plasmáticas também aumentou a precisão das previsões. Segundo o estudo publicado na revista Nature Genetics, a ferramenta apresentou um desempenho preditivo “excecional” para 121 doenças.

MILTON: ferramenta promissora

No entanto, apesar de promissora, o MILTON é atualmente uma ferramenta de investigação e ainda necessita de mais testes antes de ser utilizada clinicamente.

A precisão preditiva da IA abre caminho para intervenções mais precoces e tratamentos personalizados, mas também levanta preocupações éticas.

É que existe o risco de a IA ser mal utilizada por seguradoras ou empregadores, alertando para a necessidade de regulamentações rigorosas para proteger a privacidade e evitar discriminação.

IA e a medicina

Como se pode ver a utilização da Inteligência Artificial (IA) na medicina está a transformar a forma como são diagnosticadas, tratadas e prevenidas diversas doenças. E uma das áreas mais promissoras da IA na medicina é o diagnóstico precoce.

Os algoritmos de aprendizagem automática conseguem analisar grandes quantidades de dados médicos, como imagens de ressonância magnética, radiografias e exames de sangue, identificando padrões que podem passar despercebidos aos olhos humanos. As análises permitem detetar doenças numa fase inicial, antes mesmo de os sintomas se manifestarem.

Este tipo de deteção precoce pode permitir a intervenção médica antes que a doença progrida, melhorando significativamente as chances de tratamento bem-sucedido.

Radiologia na frente

Outra área que tem visto grandes avanços com a IA é a radiologia. Há novas ferramentas a ser integradas na análise de exames de imagem, como mamografias e tomografias computorizadas, para identificar anomalias com maior precisão e velocidade.

A IA consegue destacar padrões que indicam a presença de tumores ou outras condições, permitindo aos radiologistas focarem-se em casos mais complexos e reduzindo a possibilidade de erro humano.

cirurgia

Cirurgia assistida

A IA também tem aplicações promissoras na sala de operações. Os sistemas de cirurgia robótica assistida por IA, como o Da Vinci, estão a tornar as cirurgias mais precisas e menos invasivas.

Estes robôs ajudam os cirurgiões a executar movimentos extremamente detalhados com maior precisão, resultando em menor tempo de recuperação e em melhores resultados para os pacientes.

Medicina personalizada

A medicina personalizada, ou medicina de precisão, é outra área que está a beneficiar do uso da IA. Com a análise de dados genéticos, a IA pode ajudar a criar tratamentos individualizados para pacientes com base no seu perfil genético único.

Por exemplo, no tratamento de cancro, algoritmos de IA estão a ser usados para identificar quais os medicamentos que terão maior probabilidade de sucesso em função das mutações genéticas do tumor de um paciente. Isto não só melhora a eficácia do tratamento como também minimiza os efeitos secundários.

Questões éticas

Apesar dos benefícios, a utilização da IA na medicina não está isenta de desafios. Um dos maiores obstáculos é a ética, nomeadamente no que diz respeito à privacidade e segurança dos dados dos pacientes.

O acesso a dados de saúde pessoais levanta questões sobre a proteção da informação e o risco de discriminação, como no caso de seguradoras utilizarem dados preditivos para ajustar prémios de seguros. Para mitigar estes riscos, é fundamental desenvolver regulamentações claras e políticas de proteção de dados robustas.

Outro desafio é a necessidade de treinar profissionais de saúde para trabalharem com estas novas tecnologias e interpretarem corretamente os resultados gerados pela IA.

A falta de transparência em alguns algoritmos, o chamado “black box” da IA, também levanta preocupações sobre a confiança e a responsabilidade em decisões médicas baseadas em IA.

Mas a verdade é que a IA tem o potencial de transformar a prática médica de forma profunda, levando a uma nova era de cuidados de saúde mais eficazes e acessíveis.

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