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Desde que foi declarada a pandemia da COVID-19, com ela instalou-se também a ansiedade, um fator que tem a capacidade de interferir com a capacidade de trabalho, mas, sobretudo, com o bem-estar mental, em especial para quem assume a responsabilidade de gerir uma equipa. Saber utilizar o mindfulness como forma de liderança pode ser a ferramenta certa para fazer a diferença, ajudando a manter a motivação, o foco e a produtividade.
Numa altura em que o medo e a incerteza superam a esperança, é fundamental, mais do que nunca, ter uma atitude leve perante os desafios, capaz de contagiar positivamente os que o rodeiam e dependem das suas orientações.
Perceba a importância do mindfulness como forma de liderança e como pode utilizar essa prática mesmo a distância.
TUDO SOBRE O MUNDFULNESS COMO FORMA DE LIDERANÇA
A história da Liderança Mindfulness remonta ao ano de 2001, quando Janice Marturano, vice-presidente da General Mills, se viu completamente sobrecarregada após um período particularmente difícil, tanto no trabalho como na vida pessoal, e decidiu fazer uma pequena pausa e refugiar-se num retiro de Mindfulness, com o professor Jon Kabat-Zinn do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
A profissional de renome entendeu esta fase da sua vida como uma revelação, pelo que mudou a sua perspetiva de carreira. Os anos seguintes foram passados a desenvolver a atenção plena aplicada à liderança, tendo publicado um livro que é uma referência mundial na matéria: “Mindfulness na Liderança: Como Criar Espaço Interior para Liderar com Excelência”. Além disso, Janice Marturano criou o Institute for Mindful Leadership.
O treino em Liderança Mindfulness leva tempo e exige a total dedicação de quem opta por esse caminho, porém os benefícios iniciais são relativamente rápidos e evidentes que tornam quase natural continuar, como se não fizesse sentido trabalhar, liderar e viver de outra forma. A realidade muda para sempre, assim como a perceção de cada um em relação à mesma.
Mindfulness: princípios
O mindfulness assenta no princípio de uma atenção profunda na respiração. É através desta atenção que se consegue uma maior concentração no momento. A partir daqui evolui para o foco em pensamentos, sentimentos e sensações associados ao presente, sem julgamentos.
Dessa forma, desenvolve-se uma maior capacidade de aceitação e gestão das emoções. Orienta-se para um comportamento mais assertivo e equilibrado, rejeitando um registo reativo, desadequado, em género “piloto automático”.
Benefícios
De um modo geral, ao trabalhar a consciência metacognitiva, o mindfulness permite alcançar um conjunto de estratégias que permite um maior equilíbrio físico e emocional. Os benefícios estão comprovados cientificamente e entre eles contam-se os seguintes:
- Torna o pensamento mais positivo e evita a depressão;
- Reduz o stress e a ansiedade;
- Reforça a capacidade de memória;
- Potencia o foco (atenção);
- Aumenta a ponderação (diminui a reatividade emocional);
- Contribui para fortalecer as relações;
- Protege o organismo.
Estes benefícios mostram, desde já, especiais vantagens para quem assume um papel de liderança, sobretudo no atual contexto.
A ansiedade em tempos de pandemia
A angústia e o isolamento impostos pela transição abrupta para o teletrabalho, assim como a incerteza face ao futuro, conduziram a um aumento muito significativo de casos relacionados com problemas de saúde mental, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma situação que a mesma entidade prevê que continuem a aumentar nos próximos meses.
É necessário que os líderes tenham a capacidade de gerir estas questões.
MINDFULNESS: UMA FERRAMENTA DE LIDERANÇA
O mindfulness no mundo empresarial
A prática de mindfulness há muito que tem vindo a ganhar adeptos, mas é no mundo do trabalho, em especial na crise atual que os seus benefícios mais se destacam, sobretudo para quem assume um papel de liderança.
Para empresas como Google e Apple, há muito tempo que o treino e aposta em métodos de Mindfulness são colocados em prática até como uma maneira de aumentar a colaboração e a criatividade dos colaboradores. Todavia, ainda muitos líderes empresariais que duvidam da sua eficiência, podendo levar ao preconceito. Felizmente esse tipo de comportamento é cada vez menos frequente.
São muitas as empresas na atualidade que promovem práticas conscientes para melhorar a saúde e a tomada de decisões dos líderes. Afinal, os pontos basilares da Liderança Mindfulness são seculares e derivam da prática da atenção plena com o objetivo de desenvolver a presença de liderança e excelência na mesma.
E tal é algo tangível sim, mas que requer atenção completa e sem julgamento no momento presente, para ser melhor no futuro. Tudo para deixar de ser frenético, stressado, confuso ou impulsivo. Trata-se, assim, de saber como enfrentar as dificuldades e lidar com a incerteza crónica, com o facto de não poder fazer planos para o ano todo com antecedência, não perder o controlo e manter-se firme, por si e pelos outros.
Mais do que exigir, gerir ou controlar, um líder deve apresentar-se como um modelo para a sua equipa. Isso significa reconhecer o impacto emocional do momento que vivemos, ter a sensibilidade de estar atento e promover a bem-estar e saúde mental na empresa.
Porém, para que o possa fazer com os outros, há que começar em si. O mindfulness como forma de liderança conta já com um longo caminho, apesar de ainda pouco expressivo, sendo uma prática comum entre grandes líderes de todo o mundo.
Esta é uma tendência empresarial que acompanha o lado social. São cada vez mais aqueles que procuram, através das mais variadas formas, o auto-conhecimento, o auto-controlo, o coaching, enfim, o equilibrio e o bem-estar, fisico e mental.
Só assim, e como defende Janice Martuano no seu livro sobre o tema, é possível
“liderar com excelência, cultivando as nossas capacidades inatas para nos concentrarmos no que é importante, para ver mais claramente o que está diante de nós, para estimular a criatividade e incorporar compaixão”.
Equilibrio e concentração
Ao contrário do se associa à realidade atual, o mindfulness como forma de liderança não implica estar permanentemente “ligado”, pelo contrário. Privilegia-se a concentração e a tomada de decisões de forma consciente.
O equilíbrio é a base. Para isso, a prática diária de meditação e exercício físico, como o ioga, assumem um papel determinante no desenvolvimento de um comportamento que é não benéfico, para si e para os outros, quanto necessário.
Usar o mindfulness como forma de liderança transforma qualquer líder numa melhor versão de si mesmo, torna-o melhor profissional, mais coerente, mais capaz e mais positivo para a sua equipa.
DICAS PARA UMA LIDERANÇA MINDFULNESS
Não alimentar o medo
Um dos maiores desafios numa sociedade tecnológica, que constantemente nos bombardeia com informação, é saber moderar o seu consumo.
Para um líder é importante estar atualizado, mas é fundamental não absorver tudo, sob pena de ser dominado pelo medo, o qual pode leva-lo a uma variedade de problemas de ansiedade que podem causar desconforto físico e mental. Incapaz por si, ficará incapaz de liderar.
Rotinas essenciais
Entre as rotinas diárias que podem promover a prática de mindfulness está a meditação, mas não só. Tenha também em conta:
- Pausas;
- Prática de exercício;
- Contacto social, mesmo que a distância;
- Prática de ioga;
- Respeitar o tempo para o lazer e para a família;
- Desligar as tecnologias, reservando tempo para descansar;
- Dormir.
Praticar mindfulness
Para quem está ou pensa iniciar-se nesta prática/filosofia, ficam algumas estratégias simples de exercício:
- Escolha um local calmo;
- Determine um tempo de exercício. Para começar não exceda os 5 ou 10 minutos;
- Observe seu corpo. Escolha uma posição que lhe seja confortável e observe-se;
- Sinta sua respiração. Deixe-se levar pela cadência da respiração durante os movimentos de expiração e inspiração;
- Deixe a sua mente fluir. Enquanto se deixa absorver pelos movimentos respiratórios, foque a sua atenção inteiramente em todo esse exercício. Enquanto isso acontece, deixe a mente fluir e concentre-se nos seus pensamentos sem qualquer tipo de autojulgamento. Lembre-se: aquilo que realmente interessa é (re)concentrar-se no momento presente.
O segredo do sucesso do mindfulness como forma de liderança está na disciplina e na dedicação, ou seja, requer treino e tempo. No entanto, esta é uma opção de que qualquer líder jamais se arrependerá.
Em tempos de pandemia, com todos os fatores inerentes a um quotidiano e gestão de trabalho atípicas, faz mais sentido do que nunca seguir este caminho.
Os benefícios iniciais não tardam a fazer-se notar. Usar o mindfulness como forma de liderança, em tempos de pandemia ou em qualquer outra circunstância, torna-se uma maneira melhor, não só de trabalhar, de viver.
A crescente importância do Mindfulness como forma de liderança
Cada vez mais, as empresas veem a aposta Mindfulness como uma vantagem competitiva no mundo contemporâneo. Tomemos como exemplo um estudo realizado no Estados Unidos da América e que teve por base de estudo uma parceria entre a Aetna, a terceira maior seguradora de saúde do país, com a Duke University para estudar meditação e yoga.
Os investigadores descobriram que essas práticas diminuíram os níveis de stress em 28%, melhoraram a qualidade do sono em 20%, reduziram a dor em 19% e melhoraram a produtividade em 62 minutos por funcionário por semana.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que os problemas derivados do stress custem às empresas americanas cerca de 300 mil milhões por ano.